Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Romanos 12:2

Frequentemente me vejo preocupado com o curso das coisas do mundo. Ideologias estranhas sendo pregadas e bem recebidas, práticas moralmente reprováveis, outrora abomináveis, amplamente aceitas em nome da paz e do amor, relativismo bíblico e outras coisas mais/más.

Eu não estaria surpreso ou tão preocupado se esta fosse uma condição apenas do mundo alheio ao Cristianismo, mas fato é que os próprios cristãos e, consequentemente, as igrejas, têm se tornado adeptos de muitos ramos dessa cultura predominante no mundo, e aí reside o problema.

No verso em questão, o apóstolo Paulo inicia com uma ordem negativa, ou seja, um comando para NÃO FAZERMOS algo. Ele diz que não devemos nos “amoldar” ao padrão deste mundo. O que significa “amoldar”? Significa “ajustar-se ao molde”, ou, em outras palavras, “tomar a forma de algo”. No caso, esse “algo” é o mundo. O apóstolo nos adverte para que não tomemos a forma ou nos assemelhemos ao mundo. E qual o padrão do mundo, que devemos evitar? Ora, é uma cosmovisão que não considera Deus, Seus preceitos e Sua vontade. É uma disposição mental reprovável (Romanos 1.28), libertina e orgulhosa. É um desprezo da Palavra de Deus, porque o homem mundano busca seu conhecimento em outras fontes, julgando ter bom discernimento.

Há muitos espalhados por aí que deturpam a Palavra de Deus para fazer nela caber as suas ideologias mundanas. Um exemplo disso é a teologia inclusiva, que torce todo tipo de texto bíblico para fazer com que não sejam consideradas mais como pecado muitas práticas que Deus rejeita mas que muitos não querem deixar de fazer. Paulo nos diz para que nos afastemos disso, não devemos tomar a forma do mundo, mas dar forma a ele.

Na sequência do texto, o apóstolo dá uma ordem positiva, ou seja, algo que devemos FAZER. Não apenas devemos nos abster de tomar a forma desse mundo, mas devemos ser transformados pela renovação do nosso entendimento. Não devemos apenas deixar de praticar o mal, mas praticar o bem (Tiago 4.17). Paulo quer dizer aqui o seguinte:

Quando recebemos a Cristo como nosso Senhor e Salvador por entendermos que somos pecadores e que não podemos merecer a salvação por nossos próprios méritos, essa verdade toma o centro do nosso coração, de maneira que todos os nossos pensamentos, sentimentos e ações devem ser norteadas a partir desse conhecimento. Como nascidos de novo em Deus, não podemos manter mais os mesmos pensamentos mundanos de antes, porque eles não condizem com a nossa verdade primordial do Evangelho de Cristo. Precisamos reconstruir os nossos conceitos. Muitas vezes deixamos de fazer isso sem nem percebermos, e colocamos vinho novo em odres velhos (Mateus 9.17). Às vezes mantemos discursos que não casam com a Escritura e sequer notamos! Isso é um grande prejuízo à nossa vida espiritual, pois mistura o santo com o profano (Ezequiel 44.23).

A verdade do Evangelho, como o apóstolo Paulo propõe nesta passagem, deve ser o nosso norte. A nossa mente é renovada por Deus quando recebemos de coração o Seu Filho. A forma como pensamos, vivemos e interpretamos o mundo ao nosso redor passa a ser diferente, DEVE ser diferente. É dessa transformação que o apóstolo fala. Devemos jogar no lixo tudo o que é contrário à Palavra de Deus (daí a necessidade de a conhecermos) e também nos posicionarmos a favor do que ela diz, agirmos como ela diz. Somos agentes ativos para que ela seja conhecida por todo o mundo.

Ainda, Paulo nos explica com que finalidade devemos transformar-nos pela renovação do nosso entendimento: para que experimentemos e comprovemos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Quando diminuímos a nós mesmos para que exaltemos a Cristo, encontramos aí o real sentido da nossa vida. Parece contraditório: “encontro sentido na minha vida quando me esvazio de mim”. Mas é isso mesmo. Nós fomos criados à imagem de Deus (Gênesis 1.27). Depois do pecado, essa imagem é turva, como que embaçada, porque não a honramos. Porém, em Cristo Jesus, somos redimidos e aprendemos que Ele é o nosso molde verdadeiro. É à forma dele que devemos nos ajustar (Romanos 8.29). Quando fazemos isso, vivemos aquilo que Deus tem para nós, e conhecemos, por experiência, que a vontade de Deus é boa, porque maior alegria não há do que obedecer aos preceitos do Senhor (Salmos 1.2).

Busque entender a Palavra de Deus, mas não busque interpretá-la tendenciosamente para que você possa manter convicções que, claramente, são por ela condenáveis. Não adianta esconder a verdade, ou tapar o sol com a peneira. Se você tem uma ferida no corpo, não é por ignorá-la que ela sumirá. Você precisa enxergá-la e tratá-la para que fique bem. Da mesma forma, trate biblicamente a sua mente. Deixe para trás quem você era ou aquilo que pensava, pois nada disso tem valor diante de Deus (Filipenses 3.8-9). Deus é a fonte de todo real conhecimento. Então, não pense estar evoluindo quando abraça doutrinas estranhas às da Bíblia. Você está se distanciando da Verdade (João 14.6). Seja transformado pelo Evangelho (Filipenses 1.27).

Em Cristo,
Lucas

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