Esta é um pequena ficção, continuação do Cap. 1 – A Princesa Plebéia, e Cap. 2 – Lírio dos Vales, baseado no segundo capítulo do livro de Cântico dos Cânticos.

Crônicas de Salomão

Capítulo 3 – O Banquete

Ela mal dormiu aquela noite. Despertou-se com o canto divino dos pássaros e foi caminhar no bosque, sentindo o aroma de flores silvestres e cantarolando sob o céu ensolarado. Suas mãos tocavam as folhas, ainda com o orvalho da noite, e sua alma se deliciava com a pureza da natureza.

A princesa plebéia mal sabia como iria ao palácio, como faria para entrar no banquete, como se encontraria com seu amado. Mas ela sabia que ele a amava, e isso era suficiente. Ele viria ao seu encontro.

Diana e Rania a acompanhavam mais atrás, enquanto adentraram o bosque sem rumo qualquer. Depois de uma longa caminhada, elas chegaram a um monte, e podiam ver abaixo as belas Colinas de Golã.

“Parece que vejo alguém vindo em nossa direção.” Disse Rania, apontando para o horizonte.

“Não vejo nada, é sua imaginação.”

“Tenho certeza que é alguém montado em um cavalo. E está vindo em nossa direção.”

Seu coração palpitou, e por um momento ela pensou que poderia ser seu amado.

“Quem será este homem montado neste lindo cavalo branco?” Diana olhou para sua amiga, sorrindo.

De longe, o cavaleiro acenou, e vinha com toda a velocidade ao encontro das moças.

“Vejam! É o meu amado! Aí vem ele, saltando pelos montes, pulando sobre as colinas. Ele vem ao meu encontro!”

O príncipe brilhava com sua armadura real. Sua aparição era como o nascer do sol, sua majestade era como o ouro puro refulgindo ao clarear do dia.

Ele chegou, e as três damas se ajoelharam.

“Levante-se, minha querida, minha bela, e venha comigo.”

Ela não hesitou e subiu no cavalo, segurando-se nas costas de seu príncipe. Ele a levou em meio às arvores da floresta, até que parou ao lado de uma bela macieira, e deu a mão para que ela descesse.

“Eu sabia que você viria por mim.” Ela disse, acariciando seu rosto. Ela sentou-se à sua sombra, sentindo sua mão em seus cabelos longos.

“Eu trouxe uma romã para você. A mais doce e fresca do jardim do palácio.” Ele a abraçou firmemente.

Ela se deliciou com o presente, sentindo a doçura do fruto em seu paladar. Eles conversaram sobre o amor, sobre a pureza da inocência, sobre as histórias de reis que deram metade de seu reino por suas amadas.

“Venha comigo, já é hora do banquete.”

Ele a levou para o mais fino lugar da cidade. O salão de banquetes do palácio real estava adornado com todos tipos de pedras preciosas e véus de linho branco. Todos os nobres do reino e a família real estavam lá. A plebéia caminhava ao lado do príncipe, e conhecia os mais importantes homens do reino.

“E quem será esta linda moça?” Disse um senhor forte, de barba ruiva e cabelo grisalho.

“Ela é minha princesa, meu pai.”

As pernas da plebéia tremeram diante do Rei, o grande Rei que havia unificado as tribos e conquistado mais que qualquer outro na história da nação.

O Rei se manteve sério por um breve momento, olhando para seu jovem filho. Ele então sorriu, e seu sorriso era como o som de uma cachoeira abraçando um lago.

“O Senhor tem prazer na sua alegria. Nunca o deixe, e ele jamais te deixará.” Ele disse, olhando para o príncipe.

“E você, princesa,” os olhos do Rei eram como um fogo ardente, “aprenda o que é o amor, e você sempre será feliz.”

Um som de trombetas soou, e dezenas de servos entraram com os mais diversos tipos de comida e bebidas. Após um certo tempo, iniciou-se a dança em que se esperava que todos os convidados participassem.

Ao iniciar os passos que a plebéia havia tão persistentemente treinado, ela subitamente parou, e olhou para baixo.

“Você está bem?” Disse o príncipe, olhando para sua amada.

“Me sinto um pouco fraca.”

A dança mal havia começado, quando a jovem plebéia caiu nos braços do príncipe, desmaiada.

Ele a carregou para seu próprio quarto, e chamou suas servas para cuidarem dela. Quando ela voltou para si, ouviu uma das servas dizendo para a outra:

“Tragam comida, ela precisa comer.”

A plebéia olhou para a senhora e disse, “por favor, sustentem-me com passas, revigorem-me com maçãs, pois estou doente de amor.”

“Coma e descanse, minha princesa. O amor é o veneno mais doce, a doença mais cruel, mas que te fará mais feliz que toda a humanidade.”

Ela descansou profundo, após muitas noites mal dormidas, e quando despertou, estava em seu quarto, sob o céu estrelado, como se tudo fora um sonho.

“Volte, amado meu, antes que rompa o dia e fujam as sombras…” Ela sentia uma profunda dor na alma, da saudade mais sincera. “Volte e seja meu para sempre…”

No banquete, ele declararia publicamente seu amor para ela. Ele a faria sua princesa. A plebéia mal podia crer no que havia acontecido. Assim que ela despertou, levantou-se de sua cama e saiu às ruas, em busca de seu amado, diante do perigo e o desconhecido da noite fria em Jerusalém.

 

to be continued…

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