Por: Pedro Dulci
Talvez a velocidade do cancelamento do Maurício Souza tenha assustado você. Um dia a notícia da polêmica, no outro a reportagem do afastamento e depois é desligado do time.
Nossa timeline está repleta de editoriais discutindo direito à liberdade de expressão, conservadorismo, cristianismo, homofobia… e a sensação para muitos é de vertigem!
Mas ser cancelado hoje em dia, saber reagir a uma exposição pública dessa dimensão, responder nessa velocidade tornou-se um trabalho — inclusive um meio de ganhar notoriedade e muito dinheiro.
É um trabalho muito técnico, diga-se de passagem. Tem pixel, tem remarketing… Inclusive, tudo o que algumas pessoas mais querem na internet é serem canceladas!
Quantos de nós não conhecem algumas figuras que correm atrás de uma confusão no ciberespaço? Que conseguiram sua fama e notoriedade na base do grito e da confusão? Técnica!
Suspenda o seu juízo por alguns minutos e seja o mais generoso possível em um exercício que eu gostaria de te convidar a fazer nessa leitura. Deixe de se distrai com todas essas imagens em movimento das técnicas de cancelamento e olhe para a janela da sua casa.
Queria que você olhasse lá fora e considerasse por alguns minutos o fato de que é ali que o mundo da vida acontece — e não na janela de nossos dispositivos digitais.
Nas casas, nas igrejas, nas ruas, nas lojas que pessoas desenvolvem suas relações intersubjetivas, que aprendem sobre o que é certo e errado, que cultivam ou gastam capital moral … é ali que será decidido o campo de valor inclusive daqueles que operaram a parte técnica de um cancelamento.
Quando a gente deixa de agir ali — dedicando longos períodos de trabalho na formação de pessoas — e passa a acreditar que toda a nossa responsabilidade cristã se reduz a reagir às noticias de cancelamento, a sensação de vertigem é certa!
Com isso, não estou minimizando o ocorrido com o Mauricio. É que hoje foi com ele, mas amanhã será com o Mauricio de Sousa, p. ex., que já está com um personagem lgbt na manga. E aí? Continuaremos reagindo? Novos editoriais? E as iniciativas de longa duração na formação de cartunistas cristãos? Isso é só lá fora!
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