Talvez você já esteja cansado de ouvir e ler sobre a cultura do cancelamento. E eu não te julgo, também estou.

Me dê apenas mais alguns poucos minutos, prometo, hoje trarei um olhar diferente sobre esse fenômeno cultura e como nós podemos lidar com ele segundo a bíblia.

Há quem faça posts, vídeos e comentários desnecessários na internet (rede sociais, fóruns e até em blogs) propositalmente, seja para chamar a atenção ou por querer manifestar seus pensamentos, e também há quem seja contra a ideia de desconstrução social ou de mudança sociais e tem dentro de si ideais enjaulados que parecem nunca ter acesso à modernização (aqui podemos encaixar o racismo e o machismo, ambos condenados biblicamente). Em ambos os casos, a internet se tornou uma grande justiceira e uma nova forma de justiça social surgiu: a cultura do cancelamento.

Cancelar uma pessoa virou uma prática usada por muitos, principalmente certos grupos, nas redes sociais nos últimos anos, e a expressão “cultura do cancelamento” foi eleito como o termo do ano em 2019 pelo Dicionário Macquarie. (Todos os anos, como instituição, eles selecionam as palavras e expressões que mais caracterizam o comportamento de um ser humano). 

Como ela funciona na prática?

Hoje, em redes sociais (principalmente o Twitter), vemos todos os dias diversos famosos ou influenciadores digitais serem “cancelados“, ou seja, sendo excluídos da sociedade para determinada pessoa ou grupos, deixando de existir na vida delas e não permitindo que elas sigam suas vidas sem a punição merecida. Algumas vezes é temporário, outras vezes a pessoa cancelada precisa mudar, pelo menos exteriormente, para ser aceita novamente.

Alguém ser cancelado significa que ela fez ou disse algo errado, que não é tolerado no mundo de hoje, em que muitas pessoas passaram por essa desconstrução social. Algumas pessoas, no entanto, possuem vivências diferentes e não conseguiam enxergar seus erros antes de terem sido rechaçadas na internet, sendo então essa punição uma maneira de “educar” encontrada pelo tribunal da internet. Esta forma de cancelamento pode gerar debates sobre racismo, preconceitos com determinadas classes sociais, xenofobia, homofobia, entre outras intolerâncias. Mas o ato de cancelar também pode acontecer com coisas banais, como falar mal de uma cantora pop muito famosa ou dizer que não gosta de algo muito popular. O tribunal da internet não costuma ser muito justo e acaba sendo bastante aleatório alguma vezes.

Como cristão, eu devo participar de um cancelamento?

É muito importante entendermos que, na prática, todos nós fomos “cancelados” por Deus. O terceiro capítulo de Romanos, principalmente o versículo nº 23, deixa isso MUITO claro. A diferença entre o tribunal divino e o tribunal da internet é que o Justo Juiz é Santo e Justo e possui reais e profundos motivos para nos “cancelar”. Meu ponto aqui é que, Ele podendos nos excluir e afastar, fez o caminho contrário e traçou um plano perfeito para nos trazer para perto.

O Senhor não quer simplesmente nos educar ou nos fazer aparentar alguma mudança exterior. Ele está pronto para nos receber e nos dar uma vida (Romanos 6:3-4) e corações (Ezequiel 36:26) novos! Ao meu ver, é hipocrisia participarmos do cancelamento de alguém, quando na verdade, sabemos que com a mesma exposição ou alcance nas redes sociais nós também seriamos cancelados.

Esse post aqui não é um incentivo para a “passação de pano” para marcas, influidores e anônimos falarem qualquer coisa na internet e não sofrerem consequências (as leis estão aí para serem cumpridas…) mas um oportunidade para refletirmos sobre o nosso juízo temerário (que é pecado!) e também a necessidade que temos de simplesmente participarmos de tudo que está acontecendo nas redes sociais. 2021 veio para mostrar que até os canceladores, quando não conseguem mascarar sua vidas, acabam também sendo cancelados.

Como lidar com tudo isso?

Toda vez que vejo um cancelamento me lembro de Jesus e da mulher adúltera. Uma multidão enfurecida vociferava aguardando a oportunidade de realizar mais um apedrejamento. Jesus era o único que tinha reais condições de justamente apedrejar aquela mulher… E ele simplesmente releva a condição de igualdade entre todos os pecadores que estavam ali. O pecado não foi diminuído ou ignorado, o que houve ali foi diferente do que todos esperavam. Houve a revelação de que todos ali estavam cancelados e que em Jesus, o único que poderia cancelar, há oportunidade de vivermos de maneira diferente e descancelados junto Dele.

Que a partir de hoje possamos ter consciência para não sair cancelando ninguém e sabermos que fomos descancelados por Deus.

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