Em 2 Reis 13 nos é contada a história de Jeoás. Jeoás foi um dos reis de Israel na época do profeta Eliseu (quando os reinos já estavam divididos). No seu reinado, Israel estava em conflito com os Siros. Jeoás procura o já enfermo profeta Eliseu pedindo ajuda com muitas lágrimas.

A direção do profeta pra Ele é tanto peculiar. “E disse: Abre a janela para o oriente. E abriu-a. Então, disse Eliseu: Atira. E atirou; e disse: A flecha do livramento do SENHOR é a flecha do livramento contra os siros; porque ferirás os siros em Afeca, até os consumir” 2 Re 13.17. As flechas que ele atirasse seriam sua vitória.

Jeoás atira as flechas. Contudo, ele dispara somente três flechas. O profeta então o censura: “Então, o homem de Deus se indignou muito contra ele e disse: Cinco ou seis vezes a deverias ter ferido; então, feririas os siros até os consumir; porém agora só três vezes ferirás os siros” (2 Re 13.19).

A aplicação óbvia dessa passagem é que faltou fé no coração de Jeoás. Faltou intensidade, faltou desejo em seu clamor. O profeta nada tinha falado sobre o número de flechas que ele deveria lançar, mas era esperado que o ardor do seu coração e o desejo pela vitória do povo de Israel o levasse a atirar inúmeras flechas. O profeta aponta depois que o ideal 5 ou 6 flechas (mesmo doente, Eliseu tinha um coração mais intenso espiritualmente que Jeoás). Talvez no seu coração, o desejo pela vitória do povo de Israel e pelo avanço do seu reino não eram muito grandes. Ou então, sua fé naquele ato indicado por Eliseu (em concordância com a vontade de Deus) era pequena. Talvez tenha pensado “será que isso de lançar flechas faz mesmo sentido?”.

Muitas são as suposições sobre o motivo de sua tão pálida motivação. Mas de qualquer forma, a verdade é que Jeoás foi achado em falta. Ele teve uma oportunidade dada pelo Senhor e não aproveitou. Isso fala sobre seu coração que também era um coração pecaminoso, pois sob sua regência o reino de Israel andou sob os mesmos pecados dos reis passados (2 Re 13.11).

Creio que podemos fazer um mesmo paralelo entre esse episódio e nossa vida de oração. Na oração de petição e súplicas lançamos flechas contra os inimigos que nos impedem de prosseguir com o Senhor. Clamamos ao nosso Pai celestial por socorro nas lutas contra os Siros. Oramos por pessoas, por vitórias contra pecados, para resoluções de situações, por conversões, desejos íntimos e por nossa comunhão com Deus. Quantas flechas temos lançado? Temos desistido brevemente como o rei Jeoás? Ou temos prevalecido devido a insistência em lançar flechas? Que o nosso número de flechas seja grande! Que perseveremos em oração e confiança. Que nossa oração seja acompanhada de um se afastar do pecado, diferentemente de Jeoás, que andou nos pecados dos seus antepassados (2 Re 13.11). Quando tudo parecer contrário, continuemos a lançar flechas em oração!

Gostaria de concluir esse texto com uma citação maravilhosa do puritano Richard Sibbes que resume perfeitamente esse assunto: “Devemos vigiar diariamente, continuar insistindo em oração; fortalecer nossas orações com argumentos da palavra de Deus e promessas; e anotar os resultados de nossas orações. Quando atiramos uma flecha, olhamos para ver onde caiu; quando enviamos um navio ao mar, esperamos seu retorno; quando semeamos, esperamos pela colheita… é ateísmo orar e não esperar com esperança. Um cristão sincero irá orar, esperar, fortalecer seu coração com promessas e nunca deixará de orar e de olhar para cima até que Deus lhe dê uma graciosa resposta”.

 

 

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