Sempre gostei de admirar coisas simples, no entanto, quando criança, tinha certa ambição por aquilo que mais me parecia agradável aos olhos. Como em uma brincadeira de caça ao tesouro, minha motivação se baseava naquilo que desejava encontrar, seja guloseimas ou até mesmo brinquedos. Hoje, percebo que as coisas não mudaram tanto: vivemos num mundo materialista e ambicioso que desde cedo foca seus esforços naquilo que se pode ter, negligenciando muitas vezes o que se deve ser; ao passo que somos tentados a acumular riquezas para satisfazer vontades, na maioria das vezes egoístas. Entretanto, cabe perguntar – onde está o seu tesouro?

Porque onde estiver o vosso tesouro aí estará também o vosso coração”. Mateus 6:21

            O versículo em destaque me fez refletir profundamente ao estudar o Sermão do Monte durante a escola bíblica dominical. Primeiro porque a mensagem central é direcionada tanto para as multidões que seguiam a Cristo como também para os seus discípulos (Mt 5:1) e, segundo, porque traz orientações incríveis a respeito de práticas e condutas na vida cristã no tocante ao reconhecimento da fragilidade humana para alcançar, por seus méritos próprios e legalismos, o padrão de Deus.

            Pois bem. É interessante considerar tesouro aqui como tudo aquilo que é valorizado por nós, isto é, não diz respeito apenas ao dinheiro, mas pode envolver uma vida acadêmica exaustiva, relacionamentos amorosos ou até mesmo um emprego. Ou seja, tudo que ocupa nossa mente e tempo. Quanto ao coração, nesse contexto, não se refere necessariamente ao sentido romântico ou emotivo, antes, se apresenta como centro que impulsiona o ser. Em outras palavras, ambos se entrelaçam!

            Para entendermos melhor o que Jesus quis transmitir é necessário compreender o contexto, e, a melhor forma de realiza-lo, é analisando os versículos anteriores ou até mesmo o capítulo inteiro para não interpretar de forma equivocada (sugiro que leia o capitulo 5 e 6 de Mateus). Sob essa ótica, Jesus traz um contraste que vale muito a pena destacar:

Não ajunteis tesouros na terra onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.”. Mateus 6:19-20

            Em linhas gerais, Cristo não estava proibindo seus discípulos de possuir bens materiais, ao contrário, Ele combate de frente o acúmulo egoísta de tesouros humanos associados à dureza do coração e falta de confiança e dependência dEle. É legal ver esse contraste, pois muitos religiosos daquela época acreditavam que por seguir a lei Mosaica alcançariam a Salvação, porém Cristo eleva a exigência e estabelece o padrão do Reino que por sinal é inatingível pela capacidade humana, uma vez que tropeçamos em toda a Lei ao não conseguirmos cumpri-la totalmente (Tg 2:10).

            Nesse sentido, o acúmulo de bens materiais terrenos é passageiro, como aponta o verso em destaque, porém os tesouros celestiais são eternos. Mas, será que o seu coração sabe disso? Muitas vezes, ele pode ser tentado a esquecer-se de Deus e a colocá-Lo em segundo plano e isso é um problema, pois reflete prioridades e o que se valoriza como tesouro que remonta as próprias escolhas do coração.

            De fato, como filhos do Rei, Deus é nosso tesouro e a sua graça nos basta (2 Co 12:9).  Portanto, reveja suas ocupações e prioridades e a partir daí olhe para Cristo e para as coisas que são do alto, uma vez que, se Ele for realmente o seu tesouro, terás a convicção de que nada te fará falta, pois Ele é suficiente! Amém?

 

Deus te abençoe,

Leonardo Gleygson 🙂