O período que antecedeu a Reforma propriamente dita foi marcado pelos pensamentos de inconformismo com as atitudes da Igreja Católica. Neste sentido, Wycliffe quis que a Igreja se limitasse às questões espirituais, deixando a política ao Estado. Já Huss se opôs à venda de indulgências e à riqueza do clero.

Os críticos atacavam a vida de riqueza e decadência dos líderes católicos e ficavam exasperados com a maneira como os altos cargos da hierarquia eclesiásticos viravam moeda de troca política. Mas o hábito que provavelmente mais escandalizava os intelectuais era a venda de indulgências. Com doações à Santa Sé, os cristãos mais abastados podiam, através de penitências por encomenda, reduzir o tempo no chamado purgatório e agilizar sua ida ao paraíso.

O movimento ganhou força nos âmbitos econômico e político porque o papado incomodou a nobreza: os senhores feudais tinham que pagar tributos que eram controlados pelo líder católico. A classe burguesa, por sua vez, também apoiava o movimento, pois ele defendia as ideias de prosperidade e acúmulo de capital, fatores importantes naquele período, marcado pela transição do feudalismo para o sistema mercantil. A mistura de intenções puras e objetivos interesseiros ajudou a Reforma a ir mais longe e redefiniu o mapa da Europa.

O movimento também foi apoiado por estudiosos da época. No Renascimento pesquisadores europeus estudaram os primórdios do cristianismo e tiveram acesso a textos bíblicos originais (escritos em grego e hebraico). Tendo em mãos este material, eles começaram a questionar as mudanças e as ações da Igreja Católica. Os textos antigos faziam seus leitores repensar as bases da própria fé e comparar o passado piedoso do cristianismo com seu presente mundano. O meio universitário europeu permitia uma certa liberdade para discutir esses temas.

A Reforma também foi apoiada por pensadores e religiosos – incluindo até os próprios católicos. Eles identificaram abusos de poder da Igreja Católica, que era fortalecida pelo seu poderio econômico e pela sua influência política e social. Começaram, assim, a questionar a moralidade da Igreja e a pedir mudanças em sua estrutura.

No próximo mês, estudaremos a vida de Martinho Lutero.

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