Há algumas semanas, assisti o filme “Coringa”, que está dando o que falar. No meio cristão, vi alguns debates sobre o roteiro do filme, e muitos são críticos a ele, com o argumento de que provoca a compaixão e a empatia para com o mal. Eu vejo sob outra ótica.
Entendo o filme como mais benéfico à reflexão cristã do que prejudicial.
Eu até faria um alerta de spoiler, mas como todos nós já conhecemos o personagem do Coringa, o que vou falar aqui não vai ser nada novo.
Quem é o Coringa?
Bom, o Coringa é um cara “bom”, que tenta ser feliz, apesar dos pesares, que cuida de sua mãe e trabalha dignamente como palhaço, até chegar ao ponto em que sua vida se torna tão penosa que ele chuta o pé da barraca e vira um assassino. Na cabeça dele, faz todo o sentido do mundo a sua transformação. Se as pessoas não o tratam com dignidade, nada mais justo do que matá-las. Mas quem tem a mente no lugar vai perceber que a atitude dele em reação às dificuldades da vida são completamente desproporcionais. Se ele se tornasse mau e sentisse remorso por isso, já seria ruim o suficiente, mas o Coringa ainda se diverte com o mal que pratica. Pra ele, o caos é um grande espetáculo, uma piada engraçada.
E o que isso tem a ver conosco?
Nós estamos acostumados a enxergar os vilões das histórias sempre como totalmente maus, sem levarmos em consideração qualquer circunstância.
“Ah, Lucas, então você vai dizer que a maldade dos vilões é justificada pelas circunstâncias?!” Calma, que eu vou chegar lá.
O problema de enxergarmos os vilões assim é que isso destoa muito da realidade. Nós temos que começar a entender que existe mal em cada um de nós, mesmo que sejamos “bonzinhos”, honestos, íntegros, respeitosos, trabalhadores, amorosos, altruístas e misericordiosos. Não é porque um vilão é vilão que ele possui todos os defeitos que você puder imaginar. Às vezes o vilão ama os pais, ou tem compaixão por crianças carentes. Só que essas coisas não o fazem menos vilão, e é esse o meu ponto! Não é porque o ser humano possui algumas virtudes que ele não é mau em sua natureza! Não é porque você pratica algumas boas ações que Deus tira o chapéu pra você.
Você que viu ao filme ficou com pena do Coringa? Achou que ele foi uma vítima da sociedade má? Não, cara! Situações externas apenas provocaram o personagem, que já guardava toda a sua maldade contida no seu coração e resolveu torná-la manifesta. A maldade não foi criada nele pelo mundo, ele já a portava, e se achou justificado em utilizá-la. Assim somos nós. Sem Deus, buscamos justificativas para praticar o mal. Sem Deus, quando somos injustiçados, queremos revidar, porque o nosso coração não gosta quando somos humilhados. Sem Deus, agimos por impulso e deixamos de ser racionais. Sem Deus, somos todos Coringa.
Precisamos nos lembrar do Cristo, que veio até nós em toda humilhação e, sendo igual a Deus, não se apegou a isto, mas fez-se pequeno, suportando todas as aflições como servo fiel e obediente (Fp 2.5-8). Por amor a mim e a você, que contra Ele pecamos diariamente, Ele se entregou na cruz e derramou o Seu sangue. Tudo isso para que nós não precisemos nos entregar ao mal do pecado que é de nossa natureza.
Coringa serve para nos dar uma imagem daquilo que poderíamos ser se Deus não usasse de sua graça para conosco. Medite nisso.
Como não nos maravilharmos com tamanha graça? Louvado seja o nosso Deus!
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