Lutero nasceu em 1483 na região alemã conhecida como Saxônia. Aos 14 anos foi enviado por sua família para estudar latim nas cidades de Mansfeld e Magdeberg com os Irmãos da Vida Comum. Aos 18 anos iniciou estudos na Universidade de Erfurt. Lá adquiriu interesse na teologia escolástica e no humanismo.

Em 1505 decidiu abdicar da vida comum após enfrentar uma tempestade quando ia de casa para a universidade. Ao perceber sua fragilidade diante da tormenta, questionou como seria salvo e tomou abrigo no convento dos Eremitas Agostinianos aos 22 anos. Em 1507 foi ordenado e, em seguida, incentivado pelo seu superior na ordem agostiniana, tornou-se doutor em Teologia em 1512.

A partir de então, deu início a uma série de preleções nas Escrituras na faculdade de teologia de Wittenberg. No processo, abandonou o método de interpretação alegórico da Bíblia (que era dominante no período medieval) e passou a enfatizar o método histórico-gramatical, usado por Agostinho.

Através do estudo das Escrituras, Lutero percebeu que a culpa pelo pecado não poderia ser retirada pelo aumento de práticas religiosas (penitências, orações direcionadas a santos, compra de indulgências, entre outras), mas sim através da fé em Jesus Cristo (Romanos 1.17).

Como crítica ao sistema católico romano, em 31 de outubro de 1517 Lutero afixou na porta da igreja do Castelo de Wittenberg um documento intitulado Debate para o esclarecimento do valor das indulgências, composto de 95 teses, e que haveria de marcar o princípio da Reforma.

A invenção da imprensa fez com que em poucas semanas os escritos do então monge agostiniano se espalhassem por toda Europa. Em 1518, Lutero recebeu apoio do príncipe Frederico da Saxônia. No ano seguinte, escreveu três obras que sacramentaram seu rompimento com o papado: À nobreza cristã da nação alemã, contra a hierarquia romana, Do cativeiro babilônico da igreja, contra o sistema sacramental de Roma, e Sobre a liberdade cristã, afirmando o sacerdócio de todos os crentes. Em 1520, queimou os livros de direito canônico e a bula papal que o ameaçava de excomunhão.

Em 1521, Lutero foi convocado para prestar contas de seu ensino perante o imperador Carlos V e os príncipes da Alemanha em Worms. Como recusou-se a sujeitar novamente às regras do catolicismo romano, foi excomungado no mesmo ano e considerado pelas autoridades alemãs como fora-da-lei.

Protegido pelo príncipe Frederico no Castelo de Wartburgo, deu início à tradução do Novo Testamento grego para o alemão fluente. Em 1524, Erasmo entrou no debate com Lutero sobre o livre-arbítrio, escrevendo um tratado sobre o tema – Da vontade cativa. Para ele, não podemos entender o mistério da predestinação porque qualquer objeção à ela seria originado da sabedoria da carne.

Em 1525, Lutero casou-se com Katharina von Bora, uma jovem freira que abandonou o convento de Nimbschen. Com ela teve seis filhos e adotou quatro órfãos.

Muitos livros e sermões continuaram sendo produzidos por Lutero, como o Catecismo menor e o Catecismo maior. Ele faleceu aos 62 anos de idade, em 1546, na sua cidade natal, Eisleben. Suas últimas palavras, escritas num pedaço de papel, foram: “Somos mendigos. Essa é a verdade”.

No próximo mês, estudaremos sobre a vida de Calvino.

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