A história de José em Gênesis é uma das porções mais belas das escrituras e nos traz maravilhosas lições sobre temas como perdão, soberania de Deus e sofrimento. Mas uma das lições mais me marcam na história desse personagem é sobre como lidar com o pecado.

Os irmãos de José, tomados de ciúme pecaminoso contra seu irmão, planejaram o mal contra ele quando este não fazia nada mais que servir ao pai que procurava por eles. “Chegando José, seus irmãos lhe arrancaram a túnica longa, agarraram-no e o jogaram no poço, que estava vazio e sem água” (Gn 37.23 e 24).

A cereja sobre esse bolo de iniquidade é revelada no versículo 25: “Ao se assentarem para comer, viram ao longe uma caravana de ismaelitas que vinha de Gileade”. Eles não sentiram nenhuma contrição por terem atacado seu irmão. Nenhuma pena, nenhuma compaixão e nenhum remorso. Nem mesmo do pai eles se lembraram. Não tiveram nenhuma contrição com relação as dores que o velho Jacó, homem de tantos sofrimentos, teria. Muito pelo contrário: se assentaram para comer. Só se preocuparam com sua satisfação pessoal, suas paixões e seu apetite. Assim, demonstram uma consciência completamente cauterizada para a lei de Deus e para os propósitos divinos.

Ao estarem assentados comendo, eles ainda planejam o próximo passo do pecado. Ao verem a caravana dos ismaelitas, pensaram no ganho pessoal e decidiram vender o irmão. Vemos aqui a progressão da ação do pecado: uma vez manifestado, ele sempre expande seu domínio e faz o homem ficar cada vez mais preocupado com seu ‘eu’. Por essa razão o pecado é tão destrutivo! Quantos anos os irmãos de José ficaram sem se arrependerem deste pecado? Se não fossem confrontados pelo próprio José, dezenas de anos depois, talvez nunca teriam admitido seu erro e Jacó nunca mais teria visto seu amado filho. Que coração impenitente!

Quão diferente dos seus irmãos foi José, em uma ocasião bem mais difícil, quando tinha muito a perder, decidiu não ceder à tentação que continuamente se apresentava a ele. A mulher de Potifar diariamente tentava seduzi-lo: “dia após dia, ele se recusava a deitar-se com ela e evitava ficar perto dela” (Gn 39.10). E a cada dia aumentava a intensidade das investidas dela: “vamos, deite-se comigo!” (Gn 39.12). Apesar da provável beleza da mulher de Potifar, dos seus sofrimentos, solidão e carência: “ele fugiu da casa, deixando o manto na mão dela” (Gn 39.12).

As palavras de José revelam seu coração em face da tentação: “como, pois, faria eu tamanha maldade, e pecaria contra Deus?” (Gn 39.9). Sua preocupação maior era em não pecar contra o Senhor. José amava a Deus e sabia que essa maldade, além de trair a confiança de Potifar, representaria uma ofensa a santidade absoluta de Deus.

Quão diferente é o coração de José com relação ao dos seus irmãos. Seus irmãos mostraram ódio, planejamento para mal e uma consciência cauterizada, uma mente que só se preocupava com a satisfação própria deles. José pensava nos outros e em Deus, e pouco em si mesmo. Com isso aprendemos que uma das armas para vencer contra o pecado é ter o foco em Deus e pensar pouco em nós mesmos e na nossa satisfação.

Examinemos a nós mesmos: Com quem nós nos parecemos mais? Com José ou com seus irmãos? Zelamos pela santidade de Deus? Quando cometemos algum pecado, somos rápidos a nos arrepender ou somos como os irmãos de José, comendo, conversando e fazendo coisas para nossa própria satisfação? Nossa consciência está sensível ao pecado ou já nos acostumamos com ele? Agora que já nos examinamos, oremos pedindo auxilio do Espírito Santo para transformar o nosso coração e nos fazer como José, ou melhor, como Jesus, nosso mestre e salvador, o qual José prefigura.

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