No domingo passado, estávamos falando na nossa EBD sobre os obstáculos à prática da piedade na vida do cristão. O que nos impede de viver em santidade? Tratamos, então, de um aspecto, que é a ignorância dos homens acerca de passagens bíblicas e doutrinas basilares da fé cristã. De maneira geral, discutimos que alguns entendimentos equivocados, ainda que não pareçam tão centrais, podem ser bastante destrutivos. Um deles é a ignorância acerca da doutrina da depravação total, que nada mais é do que a sistematização de uma ideia bíblica que encontramos, por exemplo, nesta fala de Cristo:

Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias.
Mateus 15:19

O ponto aqui é que o homem, em sua natureza pecaminosa, não tem de si mesmo qualquer capacidade de praticar um único ato de bondade sequer, porque o seu coração é mau. Disso decorre logicamente que a nossa salvação só pode ser pela fé em Cristo Jesus, que se entregou por nós na nossa incapacidade de buscarmos a Deus de nós mesmos. Deus age em nosso favor e nos transforma para que nós possamos nos achegar a Ele. Não há nada, nem um pensamento sequer, que simultaneamente procede do coração do homem e é bom.

Acontece que, mal entendendo esta ideia, muitos cristãos se acomodam em seus pecados já que não podem fazer o bem. Acham que o esforço pela prática da piedade é vão, porque são reféns de seu próprio pecado. Daí, diante de uma tentação, não chegam a dar o sangue para suportá-la (Hb 12.2), mas cedem com facilidade ao mal e se confortam em pensar que “errar é humano”. Com aparência de santidade, replicam Isaías 64.6:

Somos como o impuro — todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo. Murchamos como folhas, e como o vento as nossas iniqüidades nos levam para longe.

Só que não entendem que Isaías trata aqui de um povo que estava afundado na idolatria e na imoralidade. É claro que, em última instância, comparativamente com Cristo, nossas obras não passam de um trapo de imundícia mesmo. Porém, as nossas boas obras SÃO, de fato, obras do próprio Deus, que em nós habita e que nos capacita para que façamos o que é bom, e agrademos o Seu coração. Em Apocalipse 19:8, as boas obras dos justos são tratadas como vestes puras:

Foi-lhe dado para vestir-se linho fino, brilhante e puro”. O linho fino são os atos justos dos santos.

Irmãos, Cristo nos retribuirá segundo as nossas obras (Ap 22.12). Não como que uma recompensa, porque não o demos nada primeiramente para que sejamos recompensados (Rm 11.35). Mas a ideia é que o que verdadeiramente foi salvo, por ter natureza de salvo, fará boas obras. É como uma macieira que, por natureza, dá maçãs. Não é forçado, não é antinatural; pelo contrário, não se espera outra coisa dela. Portanto, irmãos, não nos acomodemos com a ideia de que somos pecadores mesmo e não há nada que possamos fazer. De fato, não há nada que NÓS possamos fazer, mas Cristo já fez por nós o necessário e estamos mortos para o pecado. Como, pois, viveremos para ele (Rm 6.2)?

Prefiro completar o dito que compõe o título do post com o que se diz na minha terra: “Errar é humano… mas permanecer no erro é burrice.

Produza frutos.

Em Cristo,
Lucas

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