Ser árbitro de futebol não deve ser nada fácil. O seu juízo sempre estará passível de contestação pois as suas bases são uma mera questão de interpretação. Por essas e outras é que a FIFA decidiu implantar o sistema de vídeo arbitragem “VAR”, cujo objetivo precípuo é “auxiliar ao juiz na sua interpretação dos lances contestados”. Concluímos, portanto, que a arbitragem humana é passível de erros, pois nem sempre podemos confiar em nossa interpretação dos fatos. Porém o mesmo não acontece com o Senhor.

A Bíblia diz que Deus é o Juiz de toda a terra (Gn 18.25; Sl 94.2), o Juiz dos juízes (Jz 2.18), justo Juiz (Sl 7.11), e que Ele constituiu a Jesus como Juiz de vivos e mortos (At 10.42), o reto Juiz (2Tm 4.8). Deus não se engana e não precisa de nenhum “VAR”. Isaías pergunta: “Quem guiou o Espírito do SENHOR? Ou, como seu conselheiro, o ensinou?” (40.13). Paulo também pergunta: “Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?” (Rm 11.34). Nos escritos de Isaías, encontramos o relato de uma sentença de Deus contra Sebna. Quem foi Sebna? Segundo CHAMPLIN, Sebna foi um homem que “ocupava posição extremamente alta na nação de Judá, sendo o principal ministro de Estado, a mão direita do rei, o mordomo-mor (cf. I Rs 4.6). Ele estava envolvido em negociações com Senaqueribe, quando este cercou Jerusalém, conforme vemos em II Rs 18.18,26,37; 19.2; Is 36.3,11,22; 37.2” (A.T. – HAGNOS, vol 5).

Sebna era uma pessoa extremamente egocêntrica. Tinha ânsia pelo reconhecimento, pelo louvor e pela honra. Ele desejava ser lembrado perpetuamente e por isso intentou fazer um memorial em seu nome. Mandou escavar no alto das colinas uma sepultura entre as rochas, com o objetivo de ser admirada por todos. A vaidade e a soberba desse homem poderiam ter passado despercebidas dos seus contemporâneos, como um lance que um juiz de futebol não teria visto ou interpretado como algo inofensivo, mas não diante dos olhos do Juiz da terra. Ele viu claramente a “jogada” de Sebna e, imediatamente, parou a “jogada” e o expulsou do campo (v 17). Como um juiz que chuta uma bola defeituosa para longe, a fim de ser substituída por outra bola em boas condições, Deus “chuta” Sebna para além do campo e põe no seu lugar a Hilquias.

Isso nos faz lembrar de que não há nada que se possa esconder de Deus. Em toda a criação, tudo está descoberto e aberto diante dos seus olhos, e é a Ele que todos nós teremos de prestar contas (Hb 4.13). Já entramos nessa vida “pendurados com o cartão amarelo do pecado”, por isso precisamos tomar cuidado redobrado com as faltas que podemos cometer, lembrando-nos sempre de que Deus não precisa do “VAR” e que estamos todos na presença do SENHOR, que julga o mundo com justiça e os povos, com igualdade (Sl 98.9).

Rev. Evan Gouveia

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