Deus é soberano e sabe de todas as coisas. Ele sabe de cada uma das nossas necessidades e conhece cada palavra que sairá de nossa boca. “Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda” (Sl 139.4). Somente a sua vontade permanece.

Em face de tudo isso, podemos pensar que não precisamos orar. Já que ele já conhece tudo e já que Ele fará sua vontade, por que devemos suplicar ao Senhor? Contudo, Deus ordenou que orássemos. Em sua infinita sabedoria, Ele organizou todas as coisas de modo que a oração do seu povo é essencial no avanço do seu reino, da sua igreja e das suas próprias almas.

E não somente ordenou que orássemos, mas que perseverássemos em oração. Jesus contou duas parábolas sobre essa perseverança em orar. Em Lucas 18.1 a 8, Jesus “Contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca esmorecer”. Ele fala de uma viúva que insistentemente batia na porta de um juiz de sua cidade pedindo que julgasse a sua causa. Esse Juiz, no fim da parábola, atende a pobre viúva por causa da sua importunação. “Como esta viúva me importuna, hei de fazer-lhe justiça” (LC 18.5).

Em Lucas 11, em uma parábola semelhante, Jesus fala de um homem que bate à meia noite na porta de outro amigo para lhe pedir um favor. Ele faz tanto barulho e pede com tanta intensidade, que Jesus diz que o outro “levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que houver pedido” Lucas 11:8. Mais uma vez a palavra importunação aparece, e nos dá uma indicação da intensidade que o Senhor requer das nossas orações. Você já pensou na oração como importunação? Com que frequência nossa oração parece uma importunação diante do Senhor?

Há também exemplos dessa forma de oração no Antigo testamento. Vou citar apenas um. O exemplo de Ana. Ana “com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente” 1 Sm 1:10. O quanto temos chorado ao clamar ao Senhor? Ana orou abundantemente. Intensamente! E disso, nasceu Samuel, um dos maiores profetas da história. Penso que Samuel, antes de ser ungido sacerdote, foi ungido pelas lágrimas santas do coração de sua mãe.

Sabemos que nossos pedidos devem ser para a glória de Deus, pois Tiago nos diz que “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites” (Tg 4.3). Assim sendo, a oração intensa deve ser acompanhada de autoexame do nosso coração, meditação na palavra de Deus e de submissão a vontade de Deus, para corrigir as rotas do nosso pedido, se o Espírito Santo julgar necessário. Contudo, Tiago também diz “e nada tendes, porque não pedis” (Tg 4:2). Que versículo poderoso! Tem coisas que não temos pela simples razão de não pedirmos, de não perseverarmos, de desistirmos rápido.

David Mcintyre diz que “A oração…por um lado é glória e benção; por outro é labuta, trabalho e agonia. Mãos levantadas tremem bem antes que o campo de batalha seja conquistado; câimbra e respiração ofegante proclamam a exaustão do soldado celestial”. O quanto dessa experiência temos vivido? Nossa oração tem sido trabalho e agonia? Tem sido câimbra e respiração ofegante? Qual a última vez seu espírito sofreu câimbras em oração?

Uma pequena palavra sobre postura na hora da oração… dificilmente teremos câimbras em oração orando em posições  que estimulam a sonolência. Adote uma postura que lhe ajude no quebrantamento do seu coração.

Nos dias de Ezequiel, no meio da podridão moral, espiritual e da idolatria de Judá, Deus diz “E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei”. (Ez 22.30). Deus não achou um homem disposto a interceder. Hoje, o mundo e até mesmo a igreja vive dias de trevas morais e espirituais. Temos sido intercessores fiéis, que se colocam na brecha? Ou nossa oração é só sobre nós mesmos?

Há tanto para se falar desse assunto, e eu sei tão pouco. Mas tenho sido incomodado com essas questões ultimamente. Não coloquemos na soberania de Deus ou em sua vontade a culpa que se deve a nossa preguiça, letargia e frouxidão. Oremos mais! Mais em intensidade. Por mais pessoas e motivos. Por um maior período de tempo. Com maior frequência. Quanto tempo gastamos no celular e quão pouco tempo gastamos orando! Que o Senhor nos perdoe.

Que Deus possa reanimar nossos corações e nos confrontar. Que Deus restaure nossa vida de oração. Oremos “Restaura-nos mais uma vez, ó Deus, nosso Salvador” (Sl 85.4). Amém!

Comente!