Amizades virtuais podem ser perigosas.

Nossa capacidade de nos conectarmos instantaneamente com pessoas através da Web, independentemente da localização delas, tem mudado a maneira com que vemos e conduzimos os relacionamentos. E, devido a um avanço tecnológico conhecido como redes sociais, nós temos agora muitíssimas maneiras de nos comunicarmos com pessoas diferentes sem ter que sair de nossas casas ou convidar alguém para entrar.

Um meio popular para se conectar intimamente com estranhos pela internet é por grupos do Facebook. Eles podem ser um tipo de mundo subterrâneo secreto dentro da própria plataforma, e, se você não faz parte de um grupo, você pode nem saber que ele existe. Muitos grupos são bem leves, centrados em hobbies e interesses específicos. Outros são criados como grupos de apoio, nos quais os participantes são livres para compartilhar detalhes muito íntimos e privados com pessoas que eles podem nunca ter encontrado na vida real ou que provavelmente nunca irão encontrar. Até mesmo em um grupo de interesse específico comum, eu testemunhei um homem abrindo seu coração para o grupo, dizendo como ele os considerava como sua própria família, por causa da maneira com que o apoiaram enquanto seu pai estava doente.

Serei o primeiro a admitir que faço parte desse novo fenômeno de amizades virtuais. Eu nem consigo me lembrar de quantas vezes no passado, quando alguém me perguntava como eu tinha conhecido uma pessoa, surpreendente, eu respondi sem jeito: “Na verdade, nos conhecemos pelo Twitter.” O fato de irmãos cristãos que se conhecem pela internet e eventualmente se tornam grandes amigos após se encontrarem pessoalmente pode ser uma grande dádiva.

Então, por que eu pensaria que amizades virtuais podem ser perigosas? Porque elas podem facilmente parecer algo que não são. Embora amigos virtuais sejam, de fato, pessoas reais por quem nós temos afeição genuína, é essencialmente impossível que eles conheçam o seu eu verdadeiro. Isso não significa que essas amizades têm que ser cortadas, mas elas precisam, sim, ser controladas.

Amizades virtuais podem ser grandes bênçãos quando colocadas em suas perspectivas apropriadas, mas também podem ser perigosas quando elas substituem a comunidade e a igreja local.

Pessoas Reais, Projeções Incompletas

Você pode aprender muito sobre uma pessoa estudando a presença online dela. Não importa o quanto tentemos esconder nossas faltas ou projetar uma versão mais polida de nós mesmos, cedo ou tarde, postamos o bastante em nossa página para revelar aspectos de quem realmente somos. Por outro lado, mesmo quando tentamos ser autênticos na Internet, é difícil criar um retrato completo de nós mesmos.

Uma razão de nossos autorretratos virtuais serem tão incompletos é porque eles são feitos por nós mesmos. Tudo que projetamos sobre nós mesmos é manchado pela autopercepção. Somos finitos e caídos, e, entre nós, até mesmo os que mais se conhecem, se conhecem apenas parcialmente. Ao lado do espelho da Escritura, a comunidade tem o propósito de expor e ajudar a remover os argueiros e as traves que todos nós temos em nossos olhos.

Além disso, o seu verdadeiro ser foi feito para relacionamentos de mão dupla em tempo real. Fomos feitos não apenas para conhecer outros, mas também para sermos conhecidos por outros. A verdade é que você não pode conhecer verdadeiramente uma pessoa ou ser conhecido através do inevitável firewall das redes sociais.

Relacionamentos em Tempo Real

Para que sejamos verdadeiramente conhecidos, precisamos de relacionamentos em tempo e espaço real. A única maneira de buscarmos relacionamentos que são realmente autênticos é assumindo o risco de deixar que as pessoas vejam as versões sem filtro de quem realmente somos. Como? Nós acolhemos crentes locais em nossas vidas reais e deixamos que eles vejam, exponham e desafiem nossas vidas mais autênticas, bagunçadas e sem filtro. Crentes locais também nos restauram com amor que se manifesta em lágrimas, abraços, palavras de encorajamento e acompanhamento.

Se alguém me repreende pela Internet, eu posso me tornar passivo-agressivo, fornecer uma resposta polida que não revele meu coração e proteja minha imagem virtual, ou evitá-la completamente com pouca ou nenhuma consequência. Quando as coisas ficam difíceis com amizades virtuais, é muito fácil simplesmente deixá-las com apenas um clique.

Lá no fundo, nós tememos relacionamentos em tempo real porque eles podem se tornar bagunçados. Mas, como meu pastor frequentemente me lembrava, apesar de serem bagunçados, eles valem muito a pena. Uma vez que nós reconhecemos o valor dos relacionamentos locais, estamos mais dispostos a suportar a dor, a angústia e as lágrimas que eles trazem. Quando experimentamos a alegria de amizades em tempo real e em espaço real, os relacionamentos virtuais se acomodam, confortavelmente, em seus lugares secundários.

Suportando a Bagunça

A razão pela qual somos tentados a substituir relacionamentos da vida real com companheiros distantes e virtuais é porque esses relacionamentos podem ser bagunçados e extremamente exigentes, e até mesmo assustadores. Como podemos suportar o risco a fim de que possamos colher os benefícios? Nós lançamos nossas ansiedades sociais, medos e angústias sobre aquele que é capaz de cuidar de todos esses problemas – Cristo Jesus, nosso Senhor.

Muros têm dois propósitos – proteger e esconder. E é exatamente por isso que a nossa carne pode amar o muro das redes sociais. Protegemo-nos das pessoas e escondemos nossas identidades partidas. Mas, quando descansamos na retidão e no poder de Cristo, ele pode derrubar o muro e nos libertar para amarmos os outros e pensar menos em nós mesmos. Somos capazes de amar pecadores pois reconhecemos que somos os piores pecadores que conhecemos. Não nos encolhemos quando nosso quebrantamento é exposto porque nossa dívida foi paga e nossa alma está sendo restaurada. Nós, cristãos, não precisamos de tais muros, pois estamos cobertos e protegidos pelo sangue de Cristo.

A igreja local e a comunhão da aliança que recebemos dela é essencial para nossa saúde e crescimento cristão. A igreja é tão vital que deveria guiar os empregos que assumimos e os lugares nos quais escolhemos viver. Infelizmente, muitos cristãos que dependem de amizades virtuais para suporte emocional e espiritual fazem isso porque estão isolados de um corpo de crentes fiéis ao evangelho.

Devemos cuidadosamente tomar nota de qualquer coisa ou qualquer um que ameace a vitalidade dos relacionamentos da igreja local. Pelo bom projeto de Deus, nós não fomos feitos para crescer e prosperar à parte da comunidade. Priorize a igreja, e considere tudo que afasta seu coração ou atente para que você a substitua como uma ameaça à saúde da sua alma.

Autor: Phillip Holmes

Fonte: Voltemos ao Evangelho

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