Esta é um pequena ficção, continuação do Cap. 1 – A Princesa PlebéiaCap. 2 – Lírio dos Vales e Cap. 3 – O Banquete, baseado no livro de Cântico dos Cânticos (3:1-3 / 5:6-8 / 6:1-3)

Crônicas de Salomão

Capítulo 4 – Um Amor Que Não Se Apaga

Eu estava quase dormindo mas meu coração estava acordado. Eu quase desmaiei de tristeza! Procurei meu amado mas não podia o encontrar.”

As ruas estavam desertas e as estrelas acenavam no céu. Podia-se ouvir o som de corujas naquela noite fria, e um silvo agudo do vento soprando.

A princesa plebéia caminhava apressada, segurando a ponta de seu vestido e procurando pelo seu amado. Ela passava por becos e ruas estreitas, e pelas praças da cidade.

De repente, assustou-se ao trombar de frente com os sentinelas da cidade, que faziam suas rondas noturnas.

“O que você faz aqui, menina?” Disse um homem magro, alto, com uma lança pontuda na sua mão.

O outro homem, com uma barriga maior que sua cabeça, tocou a menina em seus ombros, e queria segurá-la.

“Me deixa em paz!” Ela exclamou, tirando sua mão.

“Nessa rua, nessa hora, com esse vestido e tão bonita assim, você não tem o direito de não me deixar te tocar.”

“Eu não sou uma prostituta!”

“Então o que você faz essa hora da noite, solta na rua como um cachorro procurando seu dono?”

“Eu estou procurando meu amado. Vocês viram aquele a quem meu coração ama?” Ela falou, esquecendo-se de dizer o nome de quem era seu amado.

Eles se olharam e riram alto da menina.

“Eis-me aqui, o seu príncipe encantado!” O sentinela gordo tocou sua face, e ela golpeou sua mão com força. Ele exclamou de dor, bufando como um touro.

“Você não devia ter feito isso.”

“Você que não deveria ter me tocado. Eu sou a princesa de Salomão, e mereço seu respeito.”

O magrelo alto segurou seu parceiro, e cochichou em seu ouvido. Eles pareciam decidir o futuro da princesa, e se deliciavam com esse poder em suas mãos.

“Por favor,” ela se recompôs e pediu gentilmente, “vocês podem me dizer como chego ao palácio?”

Ela segurava seus braços com o frio da brisa noturna, e seu vestido branco brilhava como uma jóia diante daqueles homens brutos, quase animais.

“Eu te levo ao palácio.” Disse o gordo, com um carinho incomum.

“Obrigada.”

“De nada. Mas como princesa – se você realmente é o que fala –você terá que me pagar por este trabalho.”

“Pagarei o que for, só me leve ao meu amado.”

“Então pague agora.” O magrelo a segurou e o homem gordo tentou agarrá-la novamente. Ela deu um tapa em sua cara, e ele devolveu o tapa. A menina caiu no chão, mas chutou com toda sua força a perna do magrelo. Eles bateram nela sem piedade, e ela devolveu os golpes com toda sua força. Os homens eram mais fortes, mas um apito distante e o som de cachorros se aproximando foi a oportunidade para a menina escapar.

Ela virou a esquina e reconheceu aquela rua, de sua amiga Rania. Imediatamente, a princesa bateu à porta e despertou sua amiga.

“Meu Deus!” Disse sua amiga, vendo o rosto avermelhado da princesa. “Entre logo!”

Elas conversaram bastante, e Rania ficou inconformada com a violência dos sentinelas. Mas sabia que sua amiga estaria disposta a tudo para encontrar seu amado, e que não desistiria nem que ela insistisse muito.

“Então me conte para onde foi o seu amado, menina mais linda que conheço! Diga-me para onde foi seu amado e procuraremos junto com você!”

“Não sei aonde ele está, mas sei que sou do meu amado e ele é meu.”

“Como pode existir um amor tão grande entre homem e mulher?” Rania a mirava, desacreditada. “Você desmaiou na festa, foi atacada por guardas, mal dormiu nas últimas noites, e ainda pensa em seu amado, em como encontrá-lo.”

“Rania, ele deu tudo que tinha por mim, e eu não sou nada, só uma plebéia de uma simples família. Ele poderia ter escolhido qualquer outra mulher mais bela, mais nobre, e poderia ter me desprezado quando primeiro me viu, desarrumada e com o rosto sujo, trabalhando no campo.” Os olhos da menina brilhavam, enquanto Rania tratava de suas feridas.

“Ele é como um selo em meu coração. Ele me ama como o sol aquece o mundo; nem muitas águas conseguem apagar o amor, e os rios não conseguem levá-lo na correnteza.”

“Eu queria poder sentir isso.”

“O amor não se compra, se vive. Se alguém oferecesse todas suas riquezas para adquirir o amor, seria totalmente desprezado.”

O príncipe estava em seu jardim, e colhia lírios enquanto pensava em sua amada. Seu escudeiro percebeu sua preocupação, e perguntou sem pensar:

“Você está pensando na mulher que ama?”

O príncipe sorriu, e continuou caminhando entre as flores. “Pode haver sessenta rainhas, e oitenta concubinas, e um numero sem fim de virgens, mas ela é única, linda, é minha princesa.”

Enquanto a noite tardava em se desfazer, aquelas duas almas sonhavam em se encontrarem e fazerem daquele amor algo que seria eterno. Mas nem o melhor dos sonhos poderia predizer o que viria no dia que estava por raiar no horizonte distante.

 

Semana que vem: o último capítulo desta série!

Você consegue perceber o amor de Jesus através de uma história de amor?