Parece mentira, mas pouca gente sabe o que é o Evangelho. Não poucas vezes vi cristãos tentando evangelizar outras pessoas, mas com pouco ou nenhum conhecimento de causa. Na maioria das vezes a intenção era boa, mas isso não era suficiente.

Evangelho é boa notícia – a palavra significa exatamente isso na língua original. Poderíamos, com tranquilidade, traduzir “princípio do ευαγγελιον de Jesus Cristo”1 por “princípio da boa notícia de Jesus Cristo”. Mas aí mora nossa primeira dificuldade: “boa” por quê? Bom é um conceito relativo: só conseguimos discerni-lo se temos conhecimento suficiente do que é mau. Esse entendimento é o primeiro passo na compreensão do que é o Evangelho. 

Mas vamos desacelerar um pouco: você saberia responder à essa primeira pergunta? Talvez esse seja um bom começo para aprendermos uma forma fácil e rápida de entender o Evangelho: através dos quatro “C”.

1. Criação

Faça-se a luz2! Essa foi a primeira frase que Deus falou na Bíblia. O que aconteceu depois? A luz foi feita. Não precisou de nenhum outro comando, nenhum reparo e nenhuma atualização. A luz, de fato, foi feita e, seguindo esse mesmo modelo, Deus continuou falando3 e tudo foi acontecendo. 

Antes de terminar, Deus ainda preparou o grand finale: quebrando o processo de frases de comando, Deus decidiu, usando as próprias mãos, fazer a coroa de sua criação: o ser humano4, a única criatura detentora do título de imagem e semelhança do próprio Deus.

O livro de Gênesis, onde está narrado isso tudo, sempre adiciona uma nota de rodapé ao narrar um desses atos criadores: Deus sempre via que tudo que criava era bom5. Essa é uma informação importante e este é nosso primeiro “C”.

2. Corrupção

Mas a coroa da criação caiu, e com isso todos os seus descendentes.

Desobedecendo à única proibição direta de Deus6, os primeiros seres humanos acharam por bem sofrer as consequências e voltaram as costas ao Criador: entrou o pecado no mundo. Homem e mulher decidiram se corromper – e este é o nosso segundo “C”.

Como com qualquer lei, sua transgressão produz um custo. O custo do pecado era, entre várias maldições, a morte: o nome resumido para a separação final entre o ser humano e Deus.

Tudo que era bom se tornou mau e o homem passou a estar em dívida com Deus. A beleza se tornou em caos e toda a criação se tornou amaldiçoada e tomada pelo pecado.

3. Crucificação

Então estamos endividados, e nosso credor é o próprio Deus. Por ser justo, é certo que Ele cobrará essa dívida, mas por ser amor, não é seu desejo final destruir toda a sua criação. O que fazer para resolver a situação? Como apagar a dívida sem manchar sua justiça e ao mesmo tempo demonstrar seu amor por sua criação? 

Já era bastante conhecida a lei da substituição: apenas uma criatura sem pecados poderia servir de substituto para que os pecadores tivessem suas manchas removidas7 e foi através dessa lei que Deus resolveu o grande dilema. A solução que Ele encontrou foi vir pessoalmente resolver o problema8. Esse é nosso terceiro “C”: a crucificação. 

Ele, por ser o único capaz de satisfazer sua própria justiça, fez-se como um ser humano e levou sobre si todo o castigo que recairia sobre nós, sofrendo a morte (lembra da maldição do primeiro “C”?) mais degradante possível. Mas enquanto todos os homens, por terem cometido pecado, permanecem mortos, Ele, por ter sido inocente, não pôde sofrer a maldição inicial e portanto, ressuscitou9. Sua morte provou que havia pecado sobre Ele. Sua ressurreição provou que os pecados não eram, propriamente, Dele

Teologicamente, Deus em Cristo, reconciliou o mundo consigo mesmo10! Essa é a boa notícia! Esse é o Evangelho!

4. Consumação

Mas a história não terminou aí. 

A boa notícia é endereçada a todos os seres humanos, mas é eficaz somente sobre àqueles que creem nela. Em outras palavras, ainda haverá o grande dia da prestação de contas, em que o Senhor voltará para nos julgar. A grande diferença mora no fato de que apenas aqueles que creem, de fato, que não merecem o céu, se arrependem dos seus pecados e creem que Cristo os substituiu e pagou suas dívidas, estão aptos a compartilharem sua vida por toda a eternidade11.

Este é o último “C”: a consumação de todas as coisas. O retorno de Cristo para julgar vivos e mortos12.

Esses simples quatro pontos resumem o que é o Evangelho e nos dão uma boa forma de repassar aos outros a mensagem mais importante de todos os tempos. Agora talvez você consiga responder à pergunta inicial, mas terminamos esse texto com outras três: e você, conhecia o Evangelho? Já meditou e creu nele? Consegue passar adiante?


1.  Marcos 1.1
2.  Gênesis 1.3
3.  Gênesis 1.6-24
4. Salmos 8.4-8
5. Gênesis 1.31
6. Gênesis 2.16-17
7. Levítico 16.21 cf. João 1.29
8. I Pedro 2.24
9. Atos 2.24
10. II Coríntios 5.19
11. Romanos 10.9-10
12. João 3.18

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