Mais importante do que ter fé é exercitá-la em toda e qualquer obra, na convicção de que Deus é exaltado e glorificado em nossas vidas, apesar de nós mesmos. Não adianta possuir um celular com vários recursos se não o utilizar, por exemplo. Da mesma forma podemos olhar para a fé: não adianta obtê-la através do conhecimento da Palavra de Deus, que aponta para quem Ele é, se não a colocarmos em prática.

            O livro de Romanos vai dizer que alcançamos a justificação unicamente pela fé. O mais interessante nisso tudo é que até a nossa fé vem dEle. Logo, não temos motivos para nos gloriar, pelo contrário, encontramos muitos mais motivos para buscá-lo constantemente e nos submetermos à sua dependência. Mas, qual o resultado da fé ou sua implicação na salvação e porque ela é crucial na vida do cristão?

            Tenho pensando bastante sobre isso, principalmente porque estou enfrentando os últimos dias da graduação e tenho sido desafiado a colocar minha fé em prática em diversos sentidos. Espero que esse post possa lhe edificar, a começar primeiramente por mim.

Portanto, que diremos do nosso antepassado Abraão? Se de fato Abraão foi justificado pelas obras, ele tem do que se gloriar, mas não diante de Deus. Que diz a Escritura? “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça”. Ora, o salário do homem que trabalha não é considerado como favor, mas como dívida. Todavia, àquele que não trabalha, mas confia em Deus que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça. Davi diz a mesma coisa, quando fala da felicidade do homem a quem Deus credita justiça independente de obras: “Como são felizes aqueles que têm suas transgressões perdoadas, cujos pecados são apagados”. Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa”. Romanos 4:1-8

         O capítulo 4 de Romanos apresenta alguns argumentos que defendem a justificação única e exclusivamente pela fé. Para tanto, o trecho em destaque especificamente confirma essa verdade ao mostrar que ela é atestada por Abraão e por Davi.  Sugiro que você leia o texto todo porque minha intenção é dar uma passeada por ele e não esgotá-lo.

            Paulo inicia o texto com uma pergunta que nos leva a refletir sobre como Abraão foi salvo no antigo testamento (v.1). Para responder essa questão, o apóstolo percorre num primeiro momento um caminho oposto dizendo que não foi pelas obras, porque se fosse teria motivo de vanglória (v.2), mas sim porque creu em Deus e foi lhe imputado justiça (v.3). Ou seja, Abraão ainda no antigo testamento foi legalmente declarado justo diante de Deus e salvo pela fé. É por conta dela que somos justificados também nos dias de hoje. Esse é o resultado da fé.

            Em seguida, é exemplificado porque a justificação não vem de obras através de uma ilustração que nos leva a imaginar um cenário de trabalho (v.4-5): O trabalhador recebe seu salário como forma de recompensa do que ele fez (v.4). Mas, e quanto ao ponto de vista de justificação ou salvação? Se fossemos receber o salário que merecemos, seria a morte (Rm 6:23). Porém, graças a Deus que não fazemos nada e recebemos a salvação porque ela não é fruto de merecimento (v.5). Pois ainda que trabalhássemos por ela seria impossível alcançá-la, pois somente a Deus pertence a salvação. Deus é o centro da nossa justificação como prova da sua graça em favor imerecido.

            A história de Davi, nesse sentido, é citada como exemplo pelo Salmo 32 para nossa humilhação, uma vez que, assim como ele, desobedecemos a Deus ao errar o alvo e pecarmos desde o inicio da criação. Contudo, ainda assim, nossa desobediência foi perdoada, nossos pecados foram cobertos, pois Deus não os leva mais em conta no sentido de que poderíamos ser afastados dEle para condenação eterna (v. 7-8). Por essa razão somos declarados justos e bem-aventurados. Somos aceitos por meio da fé. Eis aqui uma boa razão de porque a fé é crucial na vida do cristão.

            Uma questão importante que pode ser levantada ainda é qual a diferença entre Abraão e nós nesse quesito (justificação)? A justificação se dá pela fé ou pela lei? Podemos ver adiante que a justificação pela fé veio antes da circuncisão pela lei (Rm 4:9). Em outras palavras, assim como Abraão foi salvo pela fé nós também somos. A única diferença reside em que nós temos o privilegio de sermos consideramos justos pela fé em Cristo que já ressuscitou dos mortos (Rm 4:23) enquanto Abraão pela fé no Cristo que viria cumprir a promessa de Deus (Rm 4:20-21). Porém, ambos apontam para o mesmo resultado da fé, a justificação (Rm 4:23).

            Portanto, o pecador só é aceito por Deus quando tem sua fé arraigada nEle, pois a verdadeira bem-aventurança ou felicidade vai além das obras. É resultado da fé que revela a justiça, não como uma dívida da parte de Deus, mas um favor imerecido que nos convida a confiar na provisão divina que nos perdoa e lança fora toda culpa em dependência a Ele que nos justifica e traz vida para prosseguir.

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