… faze primeiro um bolo para mim, depois farás para ti e para teu filho. (1 Reis 17:13)
Uma festa de aniversário é um verdadeiro espetáculo de homenagens. Primeiramente todos homenageiam o aniversariante, cantam em seu louvor, dizem-lhe palavras agradáveis e elogiosas, dão efusivos aplausos e abraçam-no incessantemente, após isso, o aniversariante, por sua vez, escolhe alguém e presta uma singela homenagem, dando-lhe o primeiro pedaço da principal guloseima da festa, o bolo. Confesso que em toda minha infância tive uma dificuldade imensa de escolher a quem dar o primeiro pedaço, uma vez que meu egoísmo infindo gritava (ainda grita, porém, não tão alto) em meus ouvidos que aquele pedaço deveria ser meu, afinal, eu era o grande homenageado… MEU aniversário, MEU bolo!
Afora minhas confissões egocêntricas, é sempre uma difícil decisão escolher a quem dar o primeiro pedaço de bolo, afinal, todas as atenções estão voltadas para o aniversariante, uma escolha impensada pode ser a válvula propulsora para uma briga de dimensões catastróficas! Você pensa em dar para a sua mãe, mas lembra que o seu pai é quem corta um dobrado para custear seus estudos, por outro lado, você vê que sua namorada suou bastante para arrumar toda a festa, porém, não dá para esquecer do seu irmão, que é um grande parceiro para todas as horas e sempre esteve ao seu lado… Enfim, uma situação simplória de homenagear alguém já demonstra a dificuldade que é priorizar uma pessoa em detrimento de outra.
O capítulo 17 do primeiro livro dos Reis conta uma situação muito mais complicada. Numa época de muita fome (há muito tempo não chovia uma gota d’água na região de Israel) uma viúva aguardava, sem qualquer pressa, junto ao seu filho o momento em que não lhe restaria mais nada o que comer e, fatalmente, a morte lhes visitaria, apenas havia sobrado um pouco de farinha na panela e um resto de azeite numa botija. Não havia mais sonhos, esperanças, almejos, apenas um último suspiro, só lhe restava colher uns pedaços de lenha, cozinhar um bolo para si e para seu filho, e, dolorosamente, aguardar a morte.
Entretanto, como se a situação não pudesse piorar, eis que surge um homem e lhe faz um pedido inescrupuloso: “Faze primeiro um bolo para mim”. Sim, você certamente pensou o mesmo que eu, nada soaria mais egoísta, o homem parece não se compadecer daquela viúva e do seu filho, ainda infante, como se aquele punhado de farinha e as contáveis gotas de azeite já não fossem quase nada para aquela família, um homem estranho se põe como prioridade e, sem qualquer vergonha, pede o primeiro bolo para si.
O mais gravoso é que o primeiro bolo seria, talvez, o último. Ainda assim, por razões um tanto obscuras, a benevolente viúva atendeu ao pedido do pobre homem, fez-lhe o primeiro bolo, e, só então preparou algo para sua família. De certo que aquela mulher tinha perdido as esperanças e, alimentando aquele homem, depositou suas expectativas no sentido de que ele pudesse ter forças para ajudar sua família a se manter viva.
Entretanto, o pedinte não era um homem qualquer, em verdade era um profeta do Deus altíssimo, era o homem de Deus, alguém sobre quem repousava o Espírito Santo, razão pela qual a Bíblia confirma que, de modo milagroso, os dias se passaram, mas não faltou farinha naquela panela e não acabou o azeite da botija, por muitos dias aquela humilde família foi sustentada pela provisão divina que foi fruto da oração daquele homem de Deus. Desta forma, o tempo revelou que aquele aparentemente absurdo pedido feito pelo profeta era, em verdade, muito pouco, se comparado ao benefício que a viúva obteve. O gesto de entrega foi determinante para o recebimento de um milagre!
A história é antiga, porém é atual, hoje a situação de um grande número de pessoas se assemelha à daquela família. Muitos sofrem de total ausência de esperança espiritual, pessoas que já rodaram por várias religiões e igrejas e só acumularam cicatrizes, mágoas, enganos, hoje agonizam, vivem sustentadas por migalhas de emoção, restos de felicidade, sobras de uma alegria que é fruto de uma experiência vivida em um longínquo tempo já vencido. Noutras casas a míngua é emocional, não há sequer um punhado de amor, um bocado de respeito mútuo, nem mais uma gota de fidelidade, tudo o que se tem é uma família destruída, sonhos que definham, planos sepultados.
Neste exato ponto incide o artigo 1º, parágrafo 5º, inciso III da famigerada Lei de Murphy, que dispõe que “Se você pensa que as coisas não podem piorar, é porque não tem criatividade”. Pois é, bate à sua porta um inusitado pedinte, e faz a pior das solicitações que se pode imaginar, um pedido simplório, ele pede, somente, A SUA VIDA, por inteiro, sem reservas, e ainda solicita coisas absurdas como adoração, dependência dele, santificação e vida de oração. Ocorre que esse indecoroso pedinte não é simplesmente um homem de Deus, mas, é o Deus do homem, é a sua última esperança de uma vida espiritual plena, de uma família estruturada, de planos e sonhos que se concretizam, é seu último suspiro!
De fato, pensando logicamente não há como entender o porquê de alguém se entregar a Jesus, muitos pensam em Deus como uma oportunidade de ganhar, receber, sair ganhando, tirar vantagem… Todavia, o raciocínio é inverso, a lógica do evangelho é entrega e renúncia. Jesus afirmou que aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor dEle, achá-la-á (Mateus 16:25).
Entretanto, o que foge da razão humana é o entendimento de que, semelhantemente ao que ocorreu com aquela viúva, ao ser trilhada uma vida ao lado de Cristo, vê-se que o primeiro pedaço de bolo que você um dia ofereceu a Ele é muito pouco, ou quase nada, perto de tudo o que lhe foi proporcionado!
Talvez, uma excelente forma de identificar o insucesso dos seus planos, o seu vazio espiritual e sua falta de esperança parta de uma simples pergunta: A quem você entrega todos os dias o primeiro pedaço de bolo? Aqui você pode substituir o “bolo” por diversas coisas, como o seu tempo, suas emoções, sua atenção, seus pensamentos… Sua vida. Quem você nomeou como prioridade da sua vida?
Não há como entregar a primeira porção do seu tempo aos prazeres do mundo, a uma vida desregrada e promíscua e, ainda assim, viver em elevo espiritual. O futuro daquela viúva foi definido pela sua escolha na destinação da primeira porção do que lhe restava, uma decisão simples, mas determinante. Deus não aceita a segunda porção, há uma antiga canção que diz que “se Ele não for o primeiro em seu coração, então já não é mais nada, não passa de uma ilusão!”, Ele pede o primeiro (e principal) pedaço por uma questão muito simples, só assim Ele terá liberdade para agir de modo pleno em sua vida, se ele não tiver a primeira porção, os planos divinos perderão espaço para os humanos, e será como se Deus não existisse em seu viver.
É possível que você esteja esperando testemunhar um grande MILAGRE para que tome a decisão de FÉ e entregue sua primeira porção a Deus. Porém, devo advertir, milagres não geram fé, ninguém viu mais milagres do que o povo de Israel em peregrinação à Terra Prometida (abertura do Mar Vermelho, abertura do Rio Jordão, uma rocha que brotava água, águas amargas que ficaram doce, alimento que caia do céu toda manhã…), todavia, é difícil lembrar de um povo mais incrédulo e murmurador do que esse. Repisando: Milagres não geram fé, porém, o inverso é o verdadeiro, FÉ GERA MILAGRES! O grande milagre foi gerado na família da viúva a partir de um ato de fé, algo que pareceu irracional, mas foi honrado por Deus, o primeiro e mais importante milagre que Jesus quer realizar em sua vida é o confiar, é crer que dar a Ele a primeira porção da sua vida será determinante para que ela dure por toda a eternidade.
Enfim, hoje há uma grande festa em sua homenagem, é a festa de sua vida, todos cantaram em seu louvor, ao seu redor estão seus amigos, sua família, a sexualidade, alguns deliciosos vícios, o seu time do coração, convites para as festas mais badaladas, uma carreira promissora, uma mala cheia de dinheiro, tem até uma imagem igualzinha a você, todos te olham e sorriem, estão ávidos pela grande homenagem que você prestará, mas, lá no canto da festa há Jesus, sem aquele sorriso falso, sem qualquer atrativo, apenas dizendo, “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nEle, e o mais Ele fará” (Salmo 37:5), e então, para quem será o primeiro pedaço do bolo?
Fonte: http://jesuscopy.com/o-primeiro-pedaco-do-bolo/
Fiquem com Deus, queridones!
Fe Luiz
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