Uma das belas histórias da bíblia é a história dos labores de Jacó para receber Raquel em casamento. Essa história faz os românticos suspirarem. Jacó, apaixonado por Raquel, trabalhou por sete anos para que seu pai, Labão, a entregasse em suas mãos. “Então Jacó trabalhou sete anos por Raquel, mas lhe pareceram poucos dias, pelo tanto que a amava” (Gn 29:20). Que lindo versículo! Mas depois disso, Labão o enganou e entregou-lhe Lia, a irmã mais velha. Labão promete: “lhe daremos também a mais nova, em troca de mais sete anos de trabalho” (Gn 29:27). E o amor de Jacó manteve-se firme e o levou a aceitar proposta, dando mais sete anos do seu esforço para ter em seus braços a sua amada.

É muito difícil imaginar algum homem trabalhar 14 anos por uma esposa em nossa cultura atual, marcada pela liquidez nos relacionamentos. Essa história nos parece incrível. Mas muito mais incrível que o esforço e sacrifício de Jacó, é o empenho do Senhor Jesus por sua Noiva.

O capítulo 53 do livro de Isaias apresenta o Senhor Jesus como o servo sofredor, que foi “transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades” (Is 53:5) e “oprimido e afligido” (Is 53:7). Seus sofrimentos foram imensuráveis. Mas no fim desse capítulo, Isaias nos diz que “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito” (Is 53:11).

Isaias descreve as aflições do Messias como um “penoso de trabalho de sua alma”. Quão duro foi esse trabalho! Quão grandes dores e sacrifícios ele acarretou para nosso Senhor. Primeiro ele teve de abrir mão de sua gloria e abraçar a humanidade e a fragilidade, nascendo em uma manjedoura. Depois disso, ele cresceu em submissão a pais humanos dedicando-se ao estudo da lei de Deus. Dos 12 aos 30 anos, anos dos quais temos pouca informação sobre suas ações, ele esteve oculto, servindo sua família, aprendendo uma profissão, vivendo uma vida comum, porém Santa, sendo preparado para seu ministério. Dos 30 anos em diante, ele serviu a humanidade com amor e zelo, curando enfermos, expulsando demônios e pregando o evangelho. Foi rejeitado por seu povo, menosprezado por seus familiares, abandonado por seus amigos, traído por Judas, negado por Pedro e crucificado como um transgressor. Sofreu dores físicas e psicológicas terríveis na cruz e foi separado da face do seu bendito Pai, o mesmo Pai com o qual vinha tendo comunhão por toda eternidade. Bradou “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?” (Mt 27.46), o brado mais triste e doloroso de um homem na história.

Esse foi o penoso trabalho que Cristo exerceu. E por causa desse trabalho, a graça é derramada sobre nós. Graça nada mais é que receber o salário sem precisar trabalhar. Nós não precisamos mais trabalhar para conquistar nada diante de Deus. Nossa posição é perfeita, como é a posição de Cristo, que trabalhou. A obra dele foi completa. Podemos descansar! Há graça para nós. Como diz um belíssimo hino cristão: “As bençãos que Ele merece são postas em minha alma indigna”. Isso é graça! Graça para o perdão dos pecados, para limpar nossa alma, para a santificação e para a preservação diária. Graça abundante em todas as áreas de nossa vida. “Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça”. (Jo 1.16).

Mas Isaias não para por aí, ele também nos diz que o Servo sofredor veria o fruto desse trabalho tão penoso e ficaria satisfeito. Isso significa que o Senhor Jesus se alegra naquilo que sua redenção conquistou. Ele se alegra na glória que essa redenção traz ao Pai. Ele se alegra na noiva comprada por seu sangue e na graça derramada sobre a igreja. Que maravilhoso Senhor nós temos!

Quão pequeno é o trabalho de Jacó por sua noiva se comparado com o penoso labor do Senhor Jesus. O amor de Jacó por Raquel é só uma pálida sombra do amor de Cristo por seus escolhidos. Cristo fez um esforço infinito para se unir a nós e nos salvar. Ele nos amou e se entregou por nós. Que nosso coração seja dEle, como o coração da esposa deve ser do seu esposo.

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