Talvez você tenha clicado neste texto imaginando que leria algo sobre como as pessoas odeiam a Deus. Mas, na realidade, quero falar sobre o ódio que está contido no ser de Deus, o ódio que Deus sente. Daí você pode até ficar sobressaltado: “Como assim o ódio que Deus sente?” Deus é puro amor. Er… mais ou menos. É claro que o amor de Deus pela humanidade é inquestionável, porém Deus não é feito somente de amor. Ele possui muitos atributos que são facilmente esquecidos, talvez por provocarem inquietudes no coração dos homens.

Há seis coisas que o Senhor odeia, sete coisas que ele detesta: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que traça planos perversos, pés que se apressam para fazer o mal, a testemunha falsa que espalha mentiras e aquele que provoca discórdia entre irmãos.
Provérbios 6:16-19

É mais do que esperado que Deus também nutra ódio, pois é uma consequência do amor. Oras, se nós amamos nossa família, sentiremos ódio por tudo aquilo que provoca mal a ela. Se nós amamos crianças, é natural que sintamos ódio da pedofilia. O que não faz sentido é você dizer, por exemplo: “Bom, eu não me incomodo tanto com a pedofilia. Ela acontece, cada um tem seus desejos.” Isso seria mais do que uma prova do quão falso e superficial é o seu amor pelas crianças. Percebe? Tudo o que é vinculado ao amor anda junto com o ódio por aquilo que é contrário ao objeto amado.

Mas a respeito do Filho, diz: “O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre; cetro de eqüidade é o cetro do teu Reino. Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre os teus companheiros, ungindo-te com óleo de alegria”.
Hebreus 1:8,9

É claro que você pode observar que os textos que eu citei tratam do ódio que Deus sente do mal em si, e concluit: “Sim, tudo bem, Deus odeia o pecado, mas ama o pecador.” Er… mais ou menos. Mais uma vez, digo, o amor de Deus é inquestionável. As Escrituras estão repletas de textos sobre ele e a encarnação, morte e ressurreição de Cristo é a maior prova deste amor. A questão é que quando nós afirmamos esta frase clichê acima, nós não costumamos ter em mente o que ela de fato significa. Nós nos esquecemos da face irada de Deus, e ela é essencial, porque, sem ela, você mascara a grandeza do amor e da graça de Deus. Paul Washer costuma dizer que você não consegue contemplar o brilho das estrelas na luz do dia, apenas na negridão da noite. Similarmente, você não pode apreciar corretamente a salvação pela graça se você não entender do que você foi salvo, isto é, a ira de Deus.

Deus odeia não somente aquilo que é mal, mas AQUELE que PRATICA o mal. Como diz Davi no Salmo 5:

Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os que praticam o mal.
Salmos 5:5

Não esteja confortável no amor de Deus, se você pratica a iniquidade como quem bebe água. Não pense “Que nada, Deus é amor puro! Ele não faria algo para minha infelicidade.” Vai nessa, não!

Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.
Efésios 5:6

O Senhor prova o justo, mas o ímpio e a quem ama a injustiça, a sua alma odeia.
Sobre os ímpios ele fará chover brasas ardentes e enxofre incandescente; vento ressecante é o que terão. Pois o Senhor é justo, e ama a justiça; os retos verão a sua face.
Salmos 11:5-7

O ódio de Deus sobre todos os ímpios chegará, pois a sua justiça demanda isso. Então, como estarmos livres dela, se, por sermos pecadores, somos ímpios? Há salvação em Cristo Jesus, que nos livra da ira de Deus e nos tira da prática da iniquidade, de maneira que não mais somos objetos do ódio de Deus, mas somos filhos por adoção em Cristo Jesus (Gálatas 4.6-7).

Se você ainda não foi regenerado e não serve a Cristo, perceba sob quão terrível coisa você está e corra para os braços do Filho, que padeceu substituindo todos os que virão a crer. Se já foi regenerado, entenda que já foi alvo do ódio de Deus e aprecie o sabor mais intenso da maravilhosa graça.
Produza frutos.

No amor de Cristo,
Lucas.