Olá galera. Hoje Vou deixar um texto de um cara que admiro muito, sigo seus escritos e sua ótimo teologia: René Padilha.  Que Deus nos ajude a ser uma Igreja cheia do Espírito Santo para cumprir nossa missão… não daqui a pouco ou daqui um tempo, mas hoje e agora!!!

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O Espírito de Deus na missão da Igreja. 

Sob a perspectiva do Novo Testamento, a missão da igreja é, antes de tudo, a missão do Espírito de Deus por meio dos discípulos de Jesus Cristo. Já no Antigo Testamento, há indícios de que o ministério do Espírito de Deus não se limitaria a um grupo seleto (o povo de Israel), mas que se estenderia a todo o povo de Deus sem distinções étnicas. Ezequiel 36:26-27 e Joel 2:18-32 merecem menção especial como duas passagens que estão no pano de fundo do ensino do Novo Testamento sobre este tema. O profeta Ezequiel vislumbra uma etapa na história da salvação na qual Israel receberá um coração inclinado a obedecer aos mandamentos de Deus- ‘um novo coração’, um ‘coração de carne’, no lugar de um ‘ coração de pedra’. O cumprimento dessa promessa, reiterada em Jeremias (cap. 31-33), será mediado pelo espírito (ruach) de Deus. Segundo o profeta Joel, o derramamento messiânico do ruach de Deus não se limitará a Israel, já que a promessa de Deus é inclusiva: “depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito” (Jl 2:28-29). A esfera de ação do ruach de Deus inclui homens e mulheres, jovens e velhos. Ninguém é excluído. Esta promessa é o clímax de uma série de elementos que, começando com o versículo 18, combinam-se para dar uma visão da salvação que Deus realizará a favor do povo. Joel destaca todos os elementos básicos da espiritualidade que resulta da ação de Deus na vida humana. É também a espiritualidade que a Igreja necessita para a sua vida e sua missão.

Esta promessa se reitera de maneira ainda mais clara na pregação de João Batista, que define o seu próprio ministério e o de Jesus nos seguintes termos: ” Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo( Lc 3:16; cf. Mt 3:11; Mc 1:8). No último capítulo de Lucas, o anúncio de João Batista é repetido nas palavras de Jesus aos seus discípulos imediatamente antes da sua ascensão: ” E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai” (Lc 24:49). A referência ao Espírito não é explicita, mas está claro que a promessa do Pai à qual estas palavras se referem é o derramamento do Espírito com o qual os discípulos seriam “revestidos de poder do alto” (Lc 24:49).

Esta mesma promessa é dirigida por Jesus aos seus discípulos no começo do livro de Atos: “Determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que, disse ele, de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o espírito Santo, não muito depois destes dias ” ( At 1:4b-5). As promessas do Pai são muitas, mas esta é a promessa por excelência. O pentecostes, portanto, marca o cumprimento da promessa fundamental para a vida e a missão da igreja, Como tal, está intimamente vinculada à extensão do evangelho a todas as nações. Isto se torna evidente em várias expressões que se repetem neste contexto e sugerem uma missiologia que toma o derramamento do Espírito como ponto de partida: “Testemunhos” (Lc 24:48 e At 1:8), “a todas as nações” (Lc 24:47 e At 1.8).

As palavras de Jesus em Atos 1.8 a respeito do papel do Espírito na missão da igreja são, de modo especial, importantes: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra”. Essa é a resposta de Jesus à pergunta dos seus discípulos: “Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” (At 1.6)-uma pergunta que mostra que os discípulos não superaram as suas aspirações messiânicas nacionalistas que aparentemente os animaram a seguir a Jesus desde o princípio. No entanto, o projeto de Jesus não é a restauração do reino de Israel como nação, mas a formação de uma nova humanidade em que se cumpra o propósito de Deus para a vida humana e para toda a criação. Os discípulos participarão desse projeto como “testemunhas” começando em Jerusalém e difundindo o evangelho do reino de Deus, até os confins da terra.

Portanto, Atos 1.8 não é estritamente um mandato missionário, mas a confirmação da promessa do Senhor ressucitado de enviar o seu espírito aos seus discípulos (cf. Lc 24:49; Jo 20.21) a fim de investi-los do poder necessário para estender o evangelho até os confins da terra. 

 

Texto encontrado em MIAF (www.miaf.org.br)