1 Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente?
2 De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?
3 Ou vocês não sabem que todos nós, que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados em sua morte?
4 Portanto, fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova.
5 Se dessa forma fomos unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição.
6 Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos escravos do pecado;
7 pois quem morreu, foi justificado do pecado.
8 Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos.
9 Pois sabemos que, tendo sido ressuscitado dos mortos, Cristo não pode morrer outra vez: a morte não tem mais domínio sobre ele.
10 Porque morrendo, ele morreu para o pecado uma vez por todas; mas vivendo, vive para Deus.
11 Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus.
Romanos 6:1-11

Sempre quando tratamos de soteriologia (a doutrina da salvação), é comum que haja dois extremos sobre como os homens compreendem que devem viver uma vez que professam Cristo como Salvador. Uns se apoiam na obediência à lei como um instrumento pelo qual eles cooperam com a sua própria salvação, enquanto outros tomam a graça como um tapete no qual se limpam os pés sujos, após o passeio diário pela lama. O segundo caso é o que quero tratar aqui hoje, pois é uma conclusão errada de um pressuposto correto. Como assim? Explico.

Sabemos que, quando nos convertemos a Cristo, devemos viver em novidade de vida, pois não somos mais nós que vivemos, mas Cristo vive em nós (Gálatas 2.20). Então, nos esforçamos (ou deveríamos) para obedecê-lo, só que, mediante a Sua lei, temos a certeza de que somos pecadores, pois não conseguimos cumprir todos os mandamentos em perfeição! Não dá pra utilizarmos a lei como instrumento de salvação, porque ela não foi dada para isso; pelo contrário, a lei foi dada por Deus para que compreendamos que NÃO conseguimos atender aos Seus padrões! E corremos pra Deus sabendo que somos réus de juízo justo, recebedores da Sua ira, pelo tanto de pecado que carregamos. E aí Ele nos faz olhar pra cruz de Cristo, e nos consola mostrando a Sua grandiosa graça perdoadora. Aí ficamos maravilhados. Pensamos: “Como um pecador como eu pode encontrar tamanha graça?! Grandiosa graça!” Isso é a melhor coisa que pode acontecer com um homem, o conhecer o seu pecado e o refugiar-se em Deus. Onde houve muito pecado, houve maior graça de Deus.

Mas aí entramos na outra questão, que é sobre o que Paulo está falando no texto acima. Sabendo que maior graça há quando o maior pecador é perdoado, devemos manter o pecado para que a graça de Deus seja ainda mais poderosa sobre nós? Paulo previu que este questionamento viria do seu ensinamento sobre a graça e responde: mas é claro que não! Afinal, não conhecemos que somos nova criatura?
Como filhos de Adão, carregamos a sua natureza pecaminosa, pois somos feitos à sua semelhança e conforme sua imagem. Adão foi representante de toda a humanidade, como nosso pai, de maneira que carregamos em nossa carne a natureza pecaminosa. Da mesma forma, Cristo, o segundo Adão, foi o representante da sua igreja em sua morte e em sua ressureição. Quando Cristo é crucificado, nós, que cremos nele como Salvador, também somos. E morre o nosso velho homem, o Adão que vive em nós. E, na semelhança de Sua ressureição, também nós recebemos nova vida. Agora somos escravos de Deus; não no sentido de que trabalhamos para Ele forçados, mas agora o temos como único Senhor a quem devemos obediência.

Releia o verso 9. Agora sabemos que a morte, que é o salário do pecado, não exerce mais domínio sobre nós. Por quê? Porque já morremos em Cristo! Quer dizer que nunca mais vamos morrer? Fisicamente, sim, vamos (a não ser que Cristo volte quando ainda estivermos em vida; não sabemos), mas, espiritualmente, não (se possuirmos fé verdadeira)! Porque o nosso salário pelo pecado foi pago não para nós, mas para Jesus. Assim como Ele morreu de uma vez por todas para o pecado (não por ter Ele mesmo pecado, mas carregando os nossos), como diz o verso 10, também nós morremos. Não há espaço para o pecado em nossas vidas, somos livres de nós. Embora saibamos que nunca seremos perfeitos em carne, não podemos utilizar este fato para justificar nossas ações pecaminosas. Pelo contrário! Fomos unidos com Cristo, de maneira que não vivemos para satisfazer nossos próprios desejos, mas os desejos dele. Usar a Sua graça como prerrogativa para continuar pecando tranquilamente achando que no final tudo será tranquilo e favorável é zombar de Deus. Não tente fazer Deus de besta. Ele não é manipulável, muito menos tolo pra elaborar um plano de salvação através do qual você, que se diz filho dele, continua rolando na lama como um porco. Lembre-se:

Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá.
Gálatas 6:7

Produza frutos! Grande abraço!

Comente!