Oi oi!

Sabemos que há tempo para todas as coisas debaixo do céu (Eclesiastes 3). No entanto algumas vezes esquecemos que também há um jeito certo e um lugar certo para viver cada uma dessas coisas.

“…o coração sábio saberá a hora e a maneira certa de agir. Pois há uma hora certa e também uma maneira certa de agir para cada situação…” (Eclesiastes 8:5-6).

Dia desses estava ouvindo uma ministração do Pr. Gilberto Araújo e ele relatou uma experiência vivenciada por sua mãe que me marcou muito. O Gilberto, além de pastor, é professor universitário, tem diversas especializações e é uma referência em sua área de atuação. Ele, porém, teria tudo pra se vitimizar. Nasceu numa região pobre do país, seu pai morreu, quando o Gil completou 3 anos, em virtude do envolvimento no crime organizado e sua mãe também cometeu diversos delitos que fizeram com que ela ficasse presa durante a maior parte da vida dele.

Sua mãe se converteu durante o período em que esteve presa e foi usada como instrumento de Deus pra alcançar muitas vidas naquele lugar. Mais tarde, já na fase adulta do Gilberto, ela precisou ser presa novamente em virtude da condenação em outro processo antigo que, apesar de arrependida, ela ainda precisava quitar sua dívida com a justiça dos homens. Numa das visitas dele, ela relatou um incidente em que detentas de sua cela se envolveram numa briga com outras de outra cela e durante um acerto de contas, ela que não havia participado de nenhuma das situações e estava orando próximo a sua cama, foi confundida com a agressora e sofreu uma agressão sem merecer.

[Enquanto eu ouvia o relato dele, meu coração já se encheu de raiva e um desejo de fazer justiça do meu jeito, mas respirei fundo e continuei ouvindo a ministração. Fico imaginando o coração dele como filho ouvindo o testemunho de sua mãe.]

Na ministração ele contou que na mesma hora quis saber quem eram as agressoras e sua mãe calmamente indicou. Ele, no entanto, parou pra pensar e percebeu que se ele fizesse algo contra aquelas pessoas, sua mãe certamente seria morta naquele lugar, pois outras pessoas se levantariam para vingar a atitude dele. Frustrado, ele chorou no colo dela e confessou que se sentia impotente diante da situação. Ela então sorriu e disse: “filho, não quero que você faça nada. Não preciso disso”. Ele ficou pensativo tentando entender o que ela estava dizendo e ela prosseguiu: “filho, você sabe por que Jesus pode mostrar suas feridas para Tomé? Porque elas não estavam inflamadas. Ele não mostrou para dizer o quanto ele havia sofrido, mas para testemunhar o que Deus havia feito nele…e é isso que estou fazendo agora. Não estou te contando isso porque meu coração está inflamado e dolorido. Conto pra te dizer o quanto  o Senhor tem sido bom comigo e como Ele tem me ajudado a lidar com cada situação.”

Uau! Como ela conseguia mostrar tanta serenidade? Eu polpei no texto os detalhes sobre a agressão, mas aquela mulher demonstrou mais que uma atitude de perdão, ela demonstrou uma sabedoria e uma paz que apenas o Espírito de Deus é capaz de promover em nós.

Eu ouvi essa mensagem em dias bem difíceis pra mim, mas que nem de perto se comparavam a história dessa família. O Senhor ministrou então ao meu coração que apesar de aquele ser um “tempo de chorar” em minha vida, havia um lugar certo, uma forma certa e pessoas certas com as quais eu poderia vivenciar isso.

É comum que em dias difíceis desejemos contar pras pessoas a respeito das nossas dores. Queremos ser acolhidos, consolados, e por vezes ouvir outros clamando por justiça em nosso lugar. Mas há uma lição importante na história que contamos aqui:

Não permita que suas feridas inflamem outras pessoas. Permita que elas, após o processo de cura, sejam o megafone de Deus pra manifestar a graça e o amor Dele.

Eu já havia entendido que era “tempo de calar”, mas essa lição deu reforço ao meu coração. É claro que eu precisava colocar pra fora o que estava sentindo, mas existe um lugar no secreto com Deus em que posso dizer exatamente tudo que sinto e penso. Chorar o que preciso, gritar se necessário for, pra sair dali renovada e de cabeça erguida. Há um lugar também diante da minha liderança e de pessoas que me afiam e tem maturidade para não inflamar mais o meu coração, em que posso receber consolo físico, palavras de correção e ânimo.

É importante um destaque aqui. Você pode e deve ter vários amigos, mas entenda que nem todos serão bons ouvidos em momentos difíceis. Nem todos terão maturidade pra te afiar. Muitos deles só farão com que você se sinta mais injustiçado, etc. E eu sei que nós, por vezes, inconscientemente cultivamos pessoas que ficam “lambendo” nossas feridas, mas se desejamos crescer, passar e sair desses processos, precisamos de pessoas que nos empurrem pro alvo. Aproveite para quando estiver curado mostrar pra estes amigos como o Senhor pode ser glorificado quando permitimos que Ele seja a resposta.

Não estou dizendo pra fingir ser forte e parecer que nada na vida te abala, mas pra diante dEle admitir suas fragilidades e receber dEle o renovo e cura que precisa. As pessoas que te amam vão perceber quando você precisa de apoio e orarão por você. Aos poucos, no tempo, do jeito e com as pessoas certas você poderá se abrir e a glória de Deus será manifesta.

Deus abençoe vocês!

#Atéterça

😉

 

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