“Pedro acorda para mais um dia de trabalho. Levanta-se, toma seu café, pega a chave do carro e vai. No carro, um louvor, que diz: “Cristo vive em mim”. Passa o dia a pensar em sua amada, Júlia, pois não esquecera que nesse dia, eles comemoram um ano de namoro. Enquanto abastece o carro, ele liga para ela, para dizer o quanto a ama e o quanto está feliz ao seu lado. Ela acabara de pegar o ônibus para a faculdade. Pedro trabalha em um escritório de advocacia famoso. Júlia estuda psicologia. Juntos, preparam-se para serem um casal usado por Deus. Pretendem casar em 1 ano, depois que ela se formar.
Se conheceram na igreja. No grupo de jovens. Pedro, sempre foi tão firme com as coisas de Deus. Nasceu em um lar cristão, sempre recebeu boa educação, mas o mais importante, sempre recebeu ensinamentos cristãos. Júlia aceitou a Cristo como seu Salvador há dois anos. Teve uma vida errada, amigos errados, escolhas erradas. Mas estava arrependida e liberta pelo sangue e perdão de Cristo. Era nova criatura. Nova vida, novos amigos, novos caminhos. Deus lhe deu tudo isso. E também, lhe deu um novo namorado. Não como aqueles babacas, que já tinham passado pelo seu caminho, mas sim, um homem de Deus, como ela pensava. Ele é tão certinho, tão dedicado às coisas de Deus. Pedro toca guitarra no louvor. Júlia, entrou para o ministério, depois que Pedro, ouvindo ela cantar, a convidou. Até então, eram só amigos. Júlia o via como irmão. Pedro, logo percebeu que já estava apaixonado por ela. Mas o tempo passou e hoje comemoram 1 ano de namoro. Pedro recorda-se de tudo isso. Pensamentos sobre ele e Júlia se casando, constituindo família, invadem sua mente e seu coração. Mas esses pensamentos, trazem outros pensamentos, não tão bem vindos assim. As coisas que tem visto na internet, de um tempo para cá, começam a tomar conta de seus pensamentos, e quando ele percebe, seus pensamentos já estão longe de Júlia. Ele lembra do que fez ontem à noite em seu quarto, olhando aquelas fotos no computador. Aliás, ele lembra que, isso, está se tornando cada vez mais freqüente. Quando uma ponta de arrependimento começa a entrar em seu coração, ele pensa: ah, não tem nada de mais. Não tem nada a ver. NINGUÉM TÁ VENDO.
Passa na floricultura e manda flores para Júlia. Rosas. Amarelas, suas preferidas. Pedro sobe as escadas correndo, já sabendo que estava atrasado. Começa a trabalhar e a planejar a comemoração do aniversário de namoro, com Júlia. Essa noite tem que ser perfeita, inesquecível.
Meio dia. Júlia volta para casa. Revisa a matéria. Senta no sofá e retoma a leitura do livro “Em seus passos, que faria Jesus?”, livro este, que ganhou de Pedro. Ele leu e disse ser tão bom e quis que ela lesse. Enquanto lia, percebia todas as mudanças que ela mesma já tinha vivido, como estava bem agora, como Deus a libertou de uma vida de pecados.
A tarde passa e Júlia nem percebe. Se arruma, faz escova, faz as unhas e senta, esperando Pedro. A campainha toca. 19:35. Pedro está 5 minutos atrasado, mas isso não importa. Ela abre a porta com um sorriso tão lindo, que Pedro sem pensar duas vezes, dá um demorado beijo em Júlia. “Ela está tão linda nessa noite”. “Ele está tão cheiroso”. Seus olhares se cruzam, assim como suas mãos. Uma leve brisa sopra lá fora. No carro, Pedro fala e fala sem parar, do quanto a ama. Ele escolhera o melhor restaurante da cidade. Boa música, boa comida. Bom ambiente, bom papo. Não falam do passado. Mas sim, do futuro. Seus planos de casarem, terem filhos. Trabalharem na obra de Deus. Serem líderes de algum ministério. Muitas risadas. Eles desejam que aquela noite não terminasse. Mas, precisam ir para casa. Afinal, é quinta-feira e a amanhã ambos precisam acordar cedo.
Levando Júlia para casa, Pedro para em sua casa, porque, naquela correria toda, tinha esquecido o presente de Júlia. Ela espera na sala, enquanto ele sobe ao quarto para pegar. “Cadê seus pais?” Júlia pergunta. Pedro responde: meu pai está viajando a trabalho e minha mãe foi dormir na casa da minha tia, pois está ajudando ela com a mudança. Júlia se senta naquele sofá confortável, enquanto tenta disfarçar sua curiosidade pelo presente.
Pedro lhe entrega o mais lindo colar que Júlia já vira. Nunca ninguém havia demonstrado tanto carinho por ela. Júlia beijo Pedro que beija Júlia. No calor do momento, ambos sabem o que querem, que aquele momento, aquela comemoração dure para sempre. Pedro apenas quer consumar aqueles pensamentos, aqueles atos em frente ao computador, e a cada respirada, enquanto beija Júlia, seus pensamentos vão mais longe, e suas mãos também. Júlia para e diz não. Diz que Deus já tinha libertado ela daquele pecado que cometera antes de se converter. Pedro, não para. Apenas sussurra em seu ouvido: – NINGUÉM TÁ VENDO. Entregam-se um ao outro. E o que eles queriam, aconteceu. A noite inesquecível durou para sempre. Em seus pensamentos. Naquela noite, eles abriram a porta para o pecado, aquele que estaria presente em quase todos os seus encontros.
A alguns quilômetros dali, mais precisamente, a algumas cidades dali, Davi dirige ansioso para voltar ao seu lar. Depois de uma semana longe de casa, reuniões, palestras, conferências. Com tanto sono, ele sabe que não chegará em casa até o amanhecer; sabe que precisa dormir. Continua ouvindo o hino que diz: “sim, Deus é fiel…” Ao seu lado, seu chefe, já está roncando, dormindo por vários quilômetros. Ele o acorda e pergunta se pararão em algum lugar para dormir. Filipe responde que sim e pede que ele dirija só mais alguns quilômetros, pois há um hotel em frente.
Enquanto dirige, Davi mergulha em seus pensamentos. Funcionário de uma grande empresa. Diácono em sua igreja. Casado e muito feliz, com sua esposa tão amorosa. Pai de dois filhos. Pedro que já está formado, trabalhando, pretende ficar noivoem breve. ERebeca, que está cursando medicina. Tem orgulho deles. Raquel, sua esposa, é líder do grupo de mulheres na igreja. Pedro toca no louvor; Rebeca está no ministério de teatro.
Minha esposa, ah.. que saudade dela. Saudade da comida dela, saudade do jeito como ela cuida de mim, saudade de abraçar ela, saudade de seu cheiro, seu jeito… ops, chegamos.
Entram no hotel. Filipe pega a chaves de um quarto e dá as chaves de outro a seu funcionário e diz: estou faminto e você também deve estar. Vamos ali comer no restaurante, por minha conta.
Vão ao restaurante, já quase vazio a essa hora. Bebidas? Uma cerveja, Filipe pede.
Davi reprova com o olhar, mas nada diz. Uma água com gás, por favor. Enquanto comem, Filipe observa duas lindas mulheres sentadas numa mesa próxima. Ao fundo, uma música calma e romântica. O perfume das jovens chega até ele. Davi nada percebe. Filipe vai até elas, fala qualquer coisa e elas dão risada. Davi só observa.
Filipe volta para a mesa e fala: vou passar a noite com uma delas. Você, pode ficar com a outra. Por minha conta.
Davi, muito ofendido, mas sem demonstrar, diz que não. Filipe insiste. Davi diz que não, que é casado, fiel e que respeita sua esposa. Filipe, já irritado responde:
– NINGUÉM TÁ VENDO! Sua esposa não vai ficar sabendo!
Davi respira fundo e responde:
Minha esposa pode não ficar sabendo, mas Deus saberá! Ninguém ta vendo, MAS DEUS TÁ VENDO.”
Duas pessoas, duas vidas. Davi e Pedro. O mesmo sangue correndo nas veias. Duas escolhas. Duas decisões. Duas consequências.
“O Deus Eterno vê o que acontece em toda parte; ele está observando todos, tanto os bons como os maus.” Provérbios 15:3
Deus tem vários nomes em hebraico, como por exemplo Jeová Rafa (o Deus que cura); Jeová Shalom (O Senhor é paz) e outros, mas nenhum deles se traduz por “Ninguém”. Então, por que O chamamos de “Ninguém” todos os dias??
ps. Qualquer semelhança com a sua vida é mera coincidência. Ou não.
“Íntegro é o que você é quando ninguém está olhando”. Charles R. Swindoll
Conto escrito por Pati Geiger em 06/08/11
Boa semana a todos 😉
@patigeiger
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