Durante o século II, o cristianismo enfrentou não somente o culto pagão do Império Romano, como também diferentes cosmovisões da filosofia grega que discutiam sobre o plano físico, a existência de Deus, a natureza da alma, a vida após a morte, entre outras questões existenciais.

Para combater esses pensamentos e fortalecer os cristãos que sofriam perseguição, levantaram-se pregadores da Palavra e escritores que tinham como missão de vida defender a fé em Jesus Cristo e zelar pelo evangelismo dos pagãos, os chamados Pais Apologistas.

A apologética é uma tentativa de tornar a fé cristã convincente a um não crente, através de anular os ataques contra ela e apresentar a credibilidade da verdade bíblica. Eles ensinavam que o poço da filosofia centrada no homem era vazio e incapaz de saciar a sede que só pode ser satisfeita com Cristo.

Entre os nomes que mais se destacam na apologética do início da Igreja está o de Justino Mártir. Nascido em família grega de cidadania romana, ele pôde ter acesso às melhores escolas da época, nas quais teve contato direto com as mais proeminentes correntes filosóficas pagãs (estoicismo, aristotelismo, epicurismo e platonismo). Contudo, essa busca por conhecimento só trouxe amargura de espírito a Justino, já que não o levava para a fé verdadeira. Ele converteu-se com cerca de 30 anos de idade.

Este pai da Igreja não escreveu tratados teológicos sobre as doutrinas da graça, mas forneceu uma defesa da fé cristã aos incrédulos, comunicando o reconhecimento da soberania de Deus na salvação do homem.

Afirmou sobre a morte vicária de Jesus: “Ele não consentiu nascer e ser crucificado porque tivesse a necessidade de nascimento ou crucifixão; Ele fez isso unicamente por causa do homem, o qual, desde o tempo de Adão, se tornou sujeito à morte e ao engano da serpente, cada um havendo pecado por sua própria culpa” (Romanos 3.23).

Comentando sobre a eleição incondicional, Justino escreveu que Deus “mostrou que aqueles de cada nacionalidade que foram escolhidos têm obedecido à Sua vontade através de Cristo” (Romanos 9.6-8). Também ensinou que os sofrimentos de Jesus e Sua morte substitutiva se destinavam exclusivamente àqueles que recebem o benefício da cruz – os eleitos (Hebreus 9.28).

Ele reconheceu ainda que todos os homens, estando mortos em pecado, não podem crer até que Deus os chame para Si: “Portanto, se alguém não for dotado com a grande graça de Deus para entender as palavras e feitos dos profetas, lhe seria complemente inútil relatar Suas palavras e ações, pois não pode fazer sentido delas”. Esta obra é a graça irresistível que o Senhor estende aos Seus eleitos (Romanos 10.21).

Justino foi condenado à morte por decapitação no ano de 165, após confrontar a crença pagã do imperador Marco Aurélio. Aprendemos com esse homem de Deus a defender a nossa fé a todo custo, sabendo que nossa recompensa será eterna.

Comente!