Jan Huss nasceu por volta de 1372 em Husinec, cidade da atual República Checa. Em 1390, matriculou-se na Universidade de Praga com a intenção de treinar para o sacerdócio. Posteriormente, ele confessou que o ministério ordenado o atraiu pelas promessas de proporcionar uma vida confortável e estima mundana. Apesar de dedicar, por sua própria confissão, muito tempo para jogar xadrez, Huss se destacou em seus estudos e após receber o seu mestrado em 1396, vinculou-se à faculdade de filosofia daquela universidade.
Pouco depois de começar a ensinar, Huss experimentou uma mudança radical, resultando em um compromisso mais profundo com Cristo. Isso pode ter se originado da exposição ao pensamento de John Wycliffe, cujas ideias estavam começando a criar uma comoção em Praga. O programa de reforma de Wycliffe — que incluía críticas à imoralidade clerical, rejeição da doutrina medieval da transubstanciação e insistência sobre o acesso leigo à Escritura na língua vernácula — chegou à Boêmia graças aos estudantes tchecos que estudaram na Universidade de Oxford e voltaram para casa com as ideias e escritos do pré-reformador inglês.
Em 1402, Huss foi nomeado pregador da Capela de Belém, no centro de Praga. Seus sermões refletiam cada vez mais a preocupação de Wycliffe com a corrupção no interior da igreja. Ele estava desejoso de tornar as Escrituras e sua mensagem reformadora acessíveis ao povo. Ele não só pregou em tcheco, mas traduziu partes da liturgia, assim como vários hinos latinos para a língua nativa.
Em 1409, o papado, perturbado pela crescente fama de Huss, ordenou ao arcebispo de Praga que proibisse qualquer outra pregação na Capela de Belém. Huss se recusou a abandonar seu púlpito. No ano seguinte, o arcebispo excomungou o pré-reformador com base em heresia e logo depois fugiu da cidade por medo de represálias populares. Mesmo assim, Huss continuou pregando.
A fim de enfraquecer ainda mais o ministério do pregador, o rei tcheco mandou ao clero de Praga que cumprissem as ordens papais. Com isso, Huss saiu de Praga em 1412. Passou os dois anos seguintes em exílio no sul da Boêmia, escrevendo obras que aprofundaram seus ideais reformadores. Em 1414, foi intimado para comparecer perante o Concílio de Constança, para responder às acusações de heresia. Em 1414, foi preso, onde permaneceu até o seu julgamento e execução.
Em 6 de julho de 1415, Huss foi despojado das suas vestes clericais, enfeitado com um chapéu de burro com desenhos de demônios, amarrado a uma estaca, e queimado até a morte. Ele confiou a sua alma a Deus e cantou um hino a Cristo enquanto as chamas o envolviam. Uma vez morto, as autoridades trituraram seus restos mortais e os jogaram no rio Reno para impedir que fossem venerados por seus seguidores.
No próximo mês veremos como ocorreu o início da Reforma na Europa.
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