Uma pessoa que pratica a gratidão constante é uma pessoa satisfeita. É uma pessoa com a capacidade de ver além de si e das circunstâncias que a rodeiam; uma pessoa que compreende e vive a certeza de que o eterno é mais importante que o temporário e escolhe a esperança que tem no futuro. Contudo, fixar os olhos na eternidade também é poder reconhecer a importância do presente. É no presente que temos de escolher ser alegres. É no presente que escolhemos amar. E, portanto, o presente é o momento que temos para sermos gratas pelo que Deus colocou à nossa frente. Isso implica abrir os olhos e ver pormenorizadamente a bondade de Deus, aqui e agora. Como diz em Colossenses 4.2: “Perseverai na oração, vigiando com ações de graças”. A alegria tem a sua raiz na gratidão. Não é possível ter um coração alegre sem ter um coração grato. Os que louvam a Deus sentirão alegria. Os que são alegres, agradecerão a Deus. Alegria e gratidão caminham lado a lado. Já C. S. Lewis dizia que temos a tendência de rejeitar o bem que Deus nos oferece, pois naquele momento esperávamos outro tipo de bem. Em vez de nos enchermos da gratidão pela bondade de Deus, vivemos cegos pelas nossas necessidades não atendidas. E a alegria não pode crescer se no nosso interior existir ingratidão. Precisamos focar-nos mais no que temos e não no que ainda não temos.
No Velho Testamento vemos isso muito bem. Em Josué 4.6-7, por exemplo, Deus diz a Josué para escolher doze homens, um de cada tribo de Israel, apanhar doze pedras no rio Jordão, uma por cada tribo de Israel, e disse-lhes: “Para que isto seja por sinal entre vós; e, quando vossos filhos, no futuro, perguntarem, dizendo: Que vos significam estas pedras?, então, lhes direis que as águas do Jordão foram cortadas diante da arca da Aliança do Senhor; em passando ela, foram as águas do Jordão cortadas. Estas pedras serão, para sempre, por memorial aos filhos de Israel.”
Durante gerações, pessoas passaram por aquele altar construído com aquelas pedras. Deus sabia que os israelitas eram um povo esquecido e usou este meio para relembrar aquela geração e às seguintes acerca da Sua bondade. Talvez precisemos construir memoriais, formas que nos ajudem a lembrar da bondade de Deus. Uma pedra, um símbolo, uma frase na parede, um bloco de notas. Essa lembrança poderá produzir no nosso coração um sentimento de gratidão. Então, poderemos louvar Deus, como fez David, no Salmo 126.3: “Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por nós; por isso, estamos alegres.”
Viver o momento ajuda-nos a reconhecer que Deus pode ser encontrado naquele instante, haja alegria ou tristeza. É por isso que na Bíblia lemos que devemos aproveitar toda e qualquer ocasião para fazer o bem. Aproveitando ao máximo o momento, podemos experimentar melhor alegria.
O problema é a nossa ganância. Não queremos o momento. Um segundo. Queremos dias, semanas, meses, anos. Queremos toda uma vida. E se não podemos ter momentos dilatados de deslumbre e tranquilidade, então é como se assinássemos um contrato de escolha: não vou ser alegre.
Uma frase que li em algum lugar: “A decisão de nos alegrarmos no presente altera não apenas o instante do momento, mas também a nossa visão do passado e enche o futuro de esperança”.
Vivemos, tantas vezes, insatisfeitos. Gastamos tempo a lamentar o passado que não volta ou o passado como ele foi. Gastamos energias com o futuro que não se pronuncia. Na prática, o hoje é minimizado. Mas como escreveu o salmista: “Este é o dia que fez o Senhor, regozijemo-nos e alegremo-nos nele”. Para aumentar a alegria nos nossos corações, precisamos reconhecer que este dia foi feito pelo Senhor. Tenha ou não sofrimento, Deus pode ser sempre encontrado. Ele está conosco.
A capacidade de achar bênçãos no meio do caos é um reflexo de Romanos 8:28: “Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus.” Isto significa que mesmo no meio de muita coisa má, há sempre algo digno de ser louvado. Encher a mente de coisas boas não significa viver em negação. Antes significa que é sempre possível encontrar algo bom. A alegria andará sempre a par com a tristeza e com as dificuldades, pelo menos nesta vida. Quando encontrarmos Cristo, aí sim: tudo será alegre. Até lá, devemos procurar o que é certo, as bênçãos. E achando as bênçãos mesmo no meio de um cenário triste, vamos encontrar a alegria. Aquela alegria que invade o nosso coração de paz. A paz de Cristo.
Autora: Ana Rute Cavaco
Fonte: Voltemos ao Evangelho
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