Há algum tempo tenho colocado minha vida devocional em ordem. Não é muito, mas o que faço é basicamente orar ao acordar, ler um capítulo de algum livro bíblico que esteja estudando, bem como um salmo, e orar novamente. Disso, passo o dia meditando naquilo que li e cuidando de meus afazeres.

Deus tem falado de maneira bem peculiar ao meu coração através disso, e tenho reparado que as pequenas coisas do dia a dia hoje tem um peso bem diferente. Teologia tem encontrado vida diária, e isso me fascina aos poucos.

Nessas leituras e meditações, acabei me deparando com uma frase do Salmo 26 que se destacou bastante. É o começo do último versículo, onde Davi escreve que “o meu pé está firme em terreno plano; nas congregações, bendirei o Senhor.” (Sl 26.12).

O contexto deste salmo é relativamente simples de se notar. Seu escritor está angustiado por aflições causadas por injustiças da vida, temendo ser contado com aqueles que praticam a iniquidade, e clama por justiça. Pede que o Senhor o examine, prove seus atos e note que ele vive de maneira temente aos preceitos do Altíssimo.

Por reiteradas vezes Davi demonstra que seus atos estão de acordo com a Lei do Senhor, e que vive de maneira constante buscando a presença de seu Criador. E é nessa sina que o salmista descreve a sensação daquele que tem, com o Altíssimo, um firme relacionamento.

Aqui, peço espaço neste texto para algumas perguntas. Elas são sobre praia e carros, nada ousado. Não sei para quem escrevo, mas gostaria de imaginar que você, querido leitor, conseguirá me acompanhar nestes exemplos que darei.

Você já caminhou na areia da praia? Particularmente, espero que sim. Lembro de quando, há uns anos, estava com um grupo de amigos na casa de praia de um deles. Passamos o final de semana lá, e pela manhã do sábado decidimos que ao final de tarde sairíamos para dar uma volta na praia e ver o pôr do sol.

Dado o horário, eu e mais um ficamos para trás, ajeitando algumas coisas na casa. Por conta disso tivemos de correr até os outros, e aí é que está a experiência que gostaria de compartilhar. Correr na areia é puxado demais. Não foi nada bonito de ser ver, no estilo Baywatch, mas foi cansativo e ligeiramente perigoso – a areia fofa da praia é uma armadilha para quem tropeça com facilidade. Fique com isso em mente, por favor.

O outro ponto que gostaria de compartilhar é sobre cuidados com carro, como comentei. Se você tem um, sabe do que vou falar. Conhece sobre geometria e balanceamento?

São dois cuidados que precisam estar sempre em dia no veículo. Tratam-se basicamente de um ajuste da suspensão e direção, que procuram garantir algum conforto, segurança e estabilidade na condução do automóvel.

Acontece que apenas esses dois cuidados, se tomados à parte, ignorando uma direção defensiva, são (ou devem ser) realizados de maneira mais constante. Qualquer buraco, a bem dizer, tem a capacidade de prejudicar esse equilíbrio do carro. Hoje mesmo, enquanto dirigia, passei por uma “semi-cratera” que me fez sentir o solavanco na espinha.

Citei esses dois exemplos porque corroboram com a linha de pensamento que quero estabelecer aqui por um simples motivo: contrastam, inicialmente, com o versículo que citei mais acima.

O verso que copiei fala sobre os pés do salmista estarem em terreno plano, firmes. Davi está falando de como deve ser nosso relacionamento com Deus. Firme, plano, constante.

Nossa busca pelo Criador deve ser diária, sempre plana, entendendo que nosso caminhar nessa vida deve ser firmado na Palavra do Eterno. Pés sobre a rocha, lembra?

É certo que encontraremos caminhos tortuosos na vida. Sim, andaremos por lamaçais e charcos. Temos prazer nisso? As vezes sim, a nossa natureza pecaminosa nos leva a isso. Porém, não devemos gostar desses rumos, e isso pelo simples fato de que eles nos levam à morte (Pv 14.12).

O caminhar com o Senhor, no mesmo sentido e direção que fez Davi, é andar em retidão e justiça. Isso demanda esforço, demanda resiliência e persistência. Isso demanda uma luta diária.

É por isso que, creio eu, os exemplos cabem novamente aqui, porém sem contrastes dessa vez. Correr na areia fofa da praia e dirigir em ruas esburacadas demandam cuidado e atenção. Há o risco de se torcer o pé e cair. Há o lembrete do prejuízo ao descuidadamente passar por um buraco na estrada.

O Caminho nos grita os mesmos cuidados. Devemos ver por onde a Palavra nos guia, e entender que a luz das Escrituras nos apontará a direção e o norte – o que nos fará evitar acidentes maiores no percurso.

Querido leitor que me acompanhou até aqui. Meu desejo neste texto é relativamente simples: por favor, caminhe sempre em frente, sem recuar, com atenção às estradas da vida, tendo em mente que seus pés precisam (e devem) estar firmados no sólido relacionamento com Aquele que te chama para o eterno lar.

A Estrada é sim longa, há caminhos que realmente parecem nos dar mais adrenalina e emoção, há aparentes atalhos e desvios evidentes. É uma jornada, no final das contas. Mas, que seja uma jornada em direção ao Pai.

Creio ser seguro terminar o texto com uma citação de Lutero, quando diz “não sei por quais caminhos o Senhor me conduz, mas conheço bem meu Guia”. Tenhas seus pés em terreno plano, e siga!

Sob a Graça,

Daniel Kinchescki

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