Se o machado está cego e sua lâmina não foi afiada, é preciso golpear com mais força; agir com sabedoria assegura o sucesso.
(Eclesiastes, 10.10)

Acho interessante que a palavra pode nos oferecer vários sentidos num texto para cada momento se assim o Espírito Santo nos oferecer. Estava então a ler Eclesiastes, um de meus livros prediletos, que diz que viver por nossos prazeres somente não tem sentido algum, o que me remete a uma vida de propósitos. No mesmo livro também o autor nos assegura de que podemos ter em prazeres terrenos a espécie de recompensa por nossa vida aqui — o que Deus nos permite desfrutar. A diferença, enxergo eu, está no prazer propriamente dito.
Podemos ter na terra dois tipos de prazeres: os que me permitem glorificar a Deus e os que me fazem ofendê-lo. O primeiro tipo diz quanto a coisas que Deus nos permite desfrutar de modo a sermos gratos a Ele e o glorificarmos por tudo o que nos oferece — tais prazeres (sob medida) como poder nos alimentar, respirar um ar fresco, observar a natureza, experimentar frutos de uma colheita, etc. Já o segundo tipo é aquele que nos afasta de Deus, o pecado. Ora, seria ótimo se o pecado não fosse prazeroso, mas devemos admitir que é. Seja para nosso orgulho, seja pela vontade incontrolável de falar de outros, seja por sentir-se bem ao menosprezar o próximo, pela própria libido ou a embriaguez, nos permitimos pecar por nossos próprios deleites, ainda que estes, no fim, nos tragam desgosto.
O que quero dizer então com tudo isso? Bem, voltemos ao versículo do começo

10. Se o machado está cego e sua lâmina não foi afiada, é preciso golpear com mais força; agir com sabedoria assegura o sucesso.
(Eclesiastes, 10)

O pecado pode criar raízes, é uma brincadeira perigosa entre satisfação e autodestruição, numa margem que às vezes nos é difícil perceber. Mas, se [o machado] nós não estamos [afiados] firmes na palavra, devemos nos esforçar ainda mais para o ser. Certo, então quer dizer que se estamos fracos na palavra vai ser mais difícil fortalecer? Também, mas além disso, para nos firmarmos, não adianta querer “cortar a lenha” na mesma intensidade que se eu utilizasse um machado afiado, quando na verdade eu tenho um machado cego. Se eu quero me desenvolver e está difícil, que haja mudança, uma mudança intensa até alcançar a lenha desejada.

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