Imagine um abraço. Você provavelmente pensou em duas ou mais pessoas em contato uns aos braços das outras. Embora possa retrucar que esse também poderia ser feito de maneira individual (o que seria muito inusitado), por exemplo, fica claro que uma demonstração de afeto ou carinho depende da reciprocidade. Será que temos sido recíprocos com tamanha graça que Deus tem nos concedido dia após dia?

            Essa foi a melhor ilustração que consegui trazer para compartilhar um pouco sobre os perigos de receber a graça como algo barato e sem efeito algum. O apóstolo Paulo ao escrever sua segunda epístola aos coríntios menciona:

            “Como cooperadores de Deus, insistimos com vocês para não receberem em vão a graça de Deus.” 2 Co 6:1

            Na primeira vez que li confesso que não entendi quase nada. Entretanto, após uma cautelosa avaliação do contexto em que esse trecho se insere, pude entender melhor que Paulo estava preocupado com a maneira de viver dos seus irmãos em Corinto. Isso porque a autoridade dele estava sendo questionada por opositores que a si mesmos denominavam como apóstolos verdadeiros (2 Co 11:13,22).

            Nesse sentido, para fortalecer a fé dos destinatários originais e edificar nossos corações, Paulo inicia o versículo em destaque fazendo uma ligação com o principal propósito do seu ministério que compreendia proclamar a reconciliação em Cristo (2 Co 5:20) e ensina a não receber ou abraçar a graça de Deus em vão. E como isso seria possível?

            Se analisarmos os originais, a correspondência ao termo “vão” seria “κενος ou kenos” no grego que significa inútil ou sem efeito. Como somos salvos pela graça que nos possibilita a santificação (Ef 2:8-10), fica claro que precisamos permanecer em Deus pelos méritos de Cristo (Gl 2:21; Rm 4:25) e isso implica em uma maneira de viver diferente.

            Provavelmente os coríntios estavam sendo confundidos pelas mensagens dos falsos ensinos que estavam se infiltrando e por essa razão estavam deixando de lado a graça ao se distanciar da sua devoção com Deus. A minha oração, diante disso, tem sido para que não possamos ser iludidos com quaisquer fábulas, falsos profetas ou discípulos, mas que, ao contrário, possamos abraçar a graça e não nossos pressupostos falíveis para que em tudo Deus seja exaltado e engrandecido, pois só Ele poderia abraçar a si mesmo, pois é auto-suficiente. Nós precisamos dEle. Ele não precisa da gente, mas nos oportuniza a viver nos seus eternos braços.

Deus te abençoe,

Leonardo Gleygson!

 

 

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