Isaias 32 fala de restauração do povo de Israel. Uma das promessas ali apresentadas dizem que nesse tempo de restauração “O coração dos imprudentes entenderá o conhecimento” (Is 32:4). Uma outra versão diz que “O coração dos temerários saberá compreender”. Em outras palavras, o povo teria capacidade de aprender os mandamentos do Senhor. Eles teriam, portanto, um coração ensinável. Estar disposto a aprender, a ser ensinado, é o oposto do orgulho.

Muitos de nós queremos ser notados por nosso conhecimento. Queremos que os outros aceitem nossas opiniões. Queremos vencer os debates e parecer conhecedores do maior número de assuntos possível. Se olharmos para os debates políticos e teológicos nas redes sociais, veremos essa verdade por todos os lados. Quantas vezes, queremos também parecer maduros espiritualmente? Queremos que nossas experiências com o Senhor sejam levadas em alta conta, acima das dos nossos irmãos. Algumas vezes também, queremos oportunidades na igreja, ou que nosso ministério seja reconhecido. Queremos também que o tempo de Deus seja o nosso tempo, que chegue logo o tempo de sermos exaltados e usados pelo Senhor, sem pensar no quanto temos que aprender antes de isso acontecer.

Um coração ensinável vai contra a todos esses desejos. Um coração ensinável está disposto a aprender, a “crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 3.18). É o que o Salmista expressa nessa linda oração: “Faze-me saber os teus caminhos, Senhor; ensina-me as tuas veredas” (Sl 25.4). Ou quando diz que aprendia e ouvia atentamente as lições do Senhor “uma coisa disse Deus, duas vezes a ouvi” (Sl 62.11). É um coração que ouve o que os irmãos dizem, considera e avalia antes de desprezar qualquer opinião alheia. Ele sabe que precisa dos pais, dos irmãos, das pregações e dos livros para aprender. É o espirito de quem não se importa em dizer “não tenho opinião formada sobre isso” e de quem diz “não me exercito em grandes matérias, nem em coisas muito elevadas para mim” (Sl 131.1).

Moisés teve de ficar 40 anos no deserto de Midiã, antes de estar apto a ser usado para libertar o povo de Israel. Ele teve que aprender muito, e adquirir um coração ensinável! Samuel (um dos meus personagens favoritos de toda bíblia) no templo, ouviu a voz do Senhor e foi correndo para Eli. Ele estava pronto a aprender de seu líder espiritual. Eli o explica então que a voz era do Senhor. E Samuel aprende a lição. Ele responde ao Senhor “Então veio o Senhor, e pôs-se ali, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve” (1 Sm 3:10). Ele aprende do Senhor e continua aprendendo, caminhando com Ele por toda sua vida, desde os tempos de menino. Que belo exemplo!

O Salmo 32.9 nos adverte para “não ser como o cavalo ou a mula, que não possuem compreensão, mas precisam ser controlados com o uso de freios e rédeas”. Destaco a palavra ‘compreensão’. Quando não a temos, quando não temos um coração ensinável, o Senhor tem de usar a disciplina para apreendermos suas lições. Misericórdia, Senhor!

É interessante o fato de o Espírito Santo associar, no versículo de Isaias no primeiro parágrafo desse texto, o coração disposto a aprender com a restauração do povo de Israel. Se precisamos de restauração, precisamos ter essa capacidade de sermos aprendizes. Ter um coração ensinável está, na mente do Espírito Santo, intimamente ligado com a restauração de Deus em nossas vidas. Que Deus me ajude a ser assim! O Senhor está disposto a ensinar. Estamos dispostos a aprender?

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