Em Marcos 5 lemos três histórias maravilhosas sobre Jesus. Primeiro vemos Jesus cruzar o mar da Galiléia para curar um endemoninhado gadareno. Depois, Jesus cura uma mulher que sofria de uma hemorragia terrível a 12 anos e que já tinha gastado todos suas economias. Por fim, vemos Jesus ressuscitando uma mocinha de 12 anos.

São três milagres marcantes e três histórias muito conhecidas. Jesus se revela como Soberano sobre os demônios, sobre as doenças e, por fim, sobre a morte.

Recomendo ao leitor que leia Marcos 5 e mergulhe na beleza dos detalhes dessas passagens. Contudo, nesse texto, não quero entrar nos detalhes dessas histórias. O meu objetivo aqui é só um, meditar brevemente sobre a gentileza e compaixão de Cristo.

A compaixão de Cristo é como um fio de ouro que atravessa une essas três passagens. Ele tem compaixão do endemoninhado, que andava nu, gritando e se machucando, isolado pelos cemitérios, e atravessa o mar da Galiléia para alcança-lo. Lemos em Marcos 5.19 “O Senhor…teve compaixão de ti”. Esse foi o motivo da ação de Jesus: sua compaixão.

Se compadecer nada mais é que padecer junto a miséria de outra pessoa. Ao me compadecer, “padeço com alguém”. Jesus padeceu as dores de um endemoninhado. Um ser humano em estado desprezível, sofrendo terríveis dores. Esse sujeito invoca na minha mente a figura de Smeagol, um dos personagens do Senhor dos anéis, tamanha sua miséria. O senhor sofreu com Ele! Como já disse um pregador, é como se o senhor tivesse ouvido o choro do gadareno do outro lado do mar e tivesse corrido para socorre-lo.

Na sequência da história a compaixão de Jesus se manifesta mais uma vez com aquela mulher do fluxo de sangue, excluída da vida religiosa, social e econômica de Israel por causa de sua doença, dos gastos e da impureza cerimonial que dela resultavam. Jesus chama essa mulher de “Filha” (Mc 5.34). Ninguém queria contato com essa mulher, mas Jesus a chama de filha, um termo gentil e carinhoso. Que compaixão!

Por fim, temos a filha de Jairo. Ela já estava morta, mas Jesus carinhosamente segura sua mão e lança a ordem mais doce já proferida na história. Ele diz, “Talita Cumi”, que traduzido significa “Menina, levanta-te”. Contudo há mais nessa expressão. “Talita” pode, para alguns autores, ser traduzido como filhinha, Amorzinho ou Cordeirinha. É uma expressão de carinho, usada para falar com a filhinha da família. Nos atos e palavras, Jesus foi gentil e compassivo com aquela menina.

Esse é o nosso Senhor. Gentil, compassivo, manso, humilde, brando, terno, amoroso e cuidadoso com o seu povo. O mundo, nossa carne e o inimigo de nossas almas tenta nos enganar e apresentar outro Cristo para nós. Mas o Senhor é gentil e compassivo. Nas magníficas palavras do grande puritano Richard Sibbes: “Ele é um rei meigo” para com sua igreja. Você crê que Cristo é seu rei? Que bom. Mas vá além. Creia também que ele é um rei meigo. Creia que ele é gentil para com você. É assim que as escrituras o apresentam. John Bunyan completa e diz que “Ele está cheio do céu, cheio de doçura e cheio de bondade” para conosco.

Eu comecei esse texto dizendo que a compaixão de Cristo é o fio de ouro que liga as três histórias de Marcos 5. Contudo, creio que possamos ousar um pouco mais e dizer que a compaixão de Cristo é fio de ouro que transpassa toda a bíblia. O surpreendente na bíblia não são os episódios de juízo (eles já são esperados em face do nosso pecado), mas sim os pesadíssimos episódios de compaixão. Para terminar, a compaixão de Cristo é o fio de ouro que passa por toda a história de cada um dos seus crentes, incluindo eu e você. Se cremos nEle, ele é todo compaixão para conosco. Louvado seja Ele.

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