Na cultura atual, a mansidão não é uma das virtudes mais valorizadas. Uma das provas disso é que nem sabemos como definir tal virtude corretamente. Uma das definições do dicionário para essa qualidade é “brandura de gênio ou de índole; brandura na maneira de expressar-se; doçura, meiguice, suavidade”. Nas escrituras esse conceito é ainda mais profundo. Um dos grandes comentaristas bíblicos da história, John Gill do século 18, explica que, segundo a bíblia, os mansos são aqueles que:
“Que não são facilmente provocados à raiva; que suportam pacientemente injúrias e afrontas; conduzam-se com cortesia e afabilidade com todos; têm os menores pensamentos acerca de si mesmo e o melhor dos outros; não invejam os dons e graças de outros homens; estão dispostos a ser instruídos e admoestados pelo menor dos santos; submetem-se silenciosamente à vontade de Deus, em dispensações adversas da providência; e atribuem tudo o que têm e são à graça de Deus”.
Que bela descrição a de Gill, medite sobre ela. Nossa cultura atual valoriza exatamente o pensamento contrário. O narcisismo atual valoriza os pensamentos de que eu sou melhor e capaz, que eu posso conquistar tudo e que tenho todo potencial. A cultura do cancelamento diz que os outros são piores e não tem nada a me ensinar. Todos são professores e entendem de tudo em todos os assuntos. Somos ágeis para confrontar injurias e afrontas. É comum ser dito que somos mansos até que alguém pise no nosso calo. Ou seja, perdemos a mansidão exatamente quando precisamos usa-la. O manso é visto nos dias atuais como alguém bobo, ingênuo e fácil de se enganar.
Contudo, essa virtude é extremamente valorizada e muitas vezes ordenada nas escrituras. A bíblia diz que Moisés “era homem mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra” (Nm 12.3). No começo de sua vida Moisés era orgulhoso e arredio, mas após um longo tratamento do Senhor que durou mais de 40 anos, ele se tornou o homem mais manso da terra. Louvado seja o Senhor! Paulo ensina que “Ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser manso para com todos” (2 Tm 2.24) e também que “O fruto do Espírito é… mansidão” (Gl 5.22 e 23). Devemos ser mansos para com todos, independente de sua posição, posses ou conhecimento intelectual. Não existe uma área da vida na qual podemos ignorar essa qualidade (como no trânsito, nos negócios, nas redes sociais ou política). E só quem pode produzir essa característica em nós é o Santo Espírito de Deus.
Há muitas promessas na bíblia para o manso. Podemos achar que os fortes, poderosos, ricos e capazes são aqueles que deterão domínio sobre os homens para sempre, e que os mansos serão sempre oprimidos. Mas não é isso que a bíblia diz. Ela diz que não são os poderosos, mas sim os mansos e humildes que herdarão a terra no ultimo dia (Mt 5.5 e Sl 37.11), além de ter “abundância de paz” (Sl 37.11) e “regozijo sobre regozijo no Senhor” (Is 29.19), coisas que o dinheiro e poder não podem comprar.
Jesus atesta sobre si mesmo “Sou manso e humilde de coração” (Mt 11.29). Nosso amigo e salvador é manso. Que motivo além desse devemos ter para desejarmos essa virtude?
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