Oi oi!
Minha gente, hoje compartilharei mais um testemunho de uma amiga. Nós éramos da mesma igreja quando éramos crianças e a irmã dela mais velha era uma das minhas melhores amigas. Eu acho até que já cuidei dela..rs e hoje é lindo ver a mulher incrível que ela se tornou.

A história da Maty tem alguns desafios e talvez o texto de hoje seja um pouco mais longo do que de costume, mas resolvi compartilhar porque, infelizmente, muitas moças se colocam em situações semelhantes sem perceber e, assim como ela, não tem coragem de pedir ajuda.

Parte 1

Sempre fui uma pessoa muito sonhadora. Sempre sonhei grande, muito grande! Sempre consegui me enxergar em lugares altos e arrisco dizer que me jogo em tudo pra fazer acontecer tanto na vida pessoal quanto na profissional, mas isso nunca aconteceu na vida emocional.

Quando entrei na adolescência eu ficava me perguntando como seria o dia em que apresentaria um namorado para os meus pais? Será que vou morrer de vergonha? Será que eles vão gostar da ideia? Como vai ser?

Quando eu tinha 16 anos tive meu primeiro namorado. Namoramos por aproximadamente dois anos. Ele era seis anos mais velho. No início foi um relacionamento bem complicado, pois os meus pais ainda me achavam muito nova e eu, com todo aquele jeito de adolescente que se acha dona da verdade e do mundo, questionava muito esse sentido e achava que talvez eu estivesse sim preparada para enfrentar um relacionamento.

Nessa época eu já dançava sempre foi a minha paixão, sempre foi o que eu mais sonhei e me dedicava horas, dias e meses a essa paixão. Eu tinha certeza que isso seria a minha profissão.

E meados de julho eu precisava me organizar para que eu pudesse realizar a minha inscrição nas universidades. O curso que eu queria era dança, na Faculdade de Artes do Paraná. Esse meu namorado sempre se mostrou ser um cara muito duro e de certa maneira um tanto controlador, mas eu não enxergava isso. Por ser mais velho, ele já tinha tido muitas experiências na vida e de certa maneira ele estava querendo me controlar e mais uma vez eu não percebia isso.

Ele monitorava tudo. Dizia que eu não precisava de tantas aulas. Vez ou outra tirava sarro da minha paixão pela dança e querer dançar. Por ele ser assim comigo, confesso que eu tinha medo de me abrir e dizer que eu queria viver disso. Depois de um ano de namoro fui dizer a ele que estava me preparando para fazer a inscrição no vestibular e foi quando ele me questionou o que eu iria fazer.

Naquela época ele já era formado em Publicidade e Propaganda. Quando eu comentei que faria dança ou educação física, ele surtou e tivemos uma briga horrível. Ele jogou coisas horríveis na minha cara dizendo que eu seria uma vagabunda que ficaria me esfregando no colo de outras pessoas. Quando eu ouvi aquilo, foi como se uma faca afiada cortasse meu peito de fora a fora. Eu não consegui entender o porquê ele via isso dessa maneira tão cruel.

Aí você me pergunta: o que eu fiz com toda essa situação? No ato da inscrição eu mudei o meu curso. Desisti instantaneamente de cursar aquilo que eu mais amava e coloquei o curso que ele queria que eu fizesse que era publicidade e propaganda.

Ah eu já ia me esquecendo! Nesse mesmo ano eu tinha uma prova do Enem para fazer. Eu trabalhava de manhã numa feira onde eu vendia pastéis. Trabalhava das 5h às 15h. Nesse dia eu havia pedido para o meu chefe para me liberar um pouco antes para que eu pudesse sair e fazer a prova do Enem. Combinei com meu namorado para ele me levar já que os meus pais não poderiam ir. Ele chegou depois do horário combinado. Quando chegamos ao local de prova os portões já haviam fechado e eu chorei muito.  Eu me culpava por ter perdido a prova.

Ali já mostrava sinais de que nosso relacionamento era abusivo e que ele me oprimia, me diminuía, não querendo que eu crescesse na vida. Ele queria me controlar.

Enfim perdi a prova, me inscrevi num outro tipo de curso e estava indo de mal a pior e não percebia isso.

Eu não compartilhava isso com ninguém! Eu tinha medo e, na verdade, não sei explicar o que acontecia.

Sabe aquele sonho de ser grande, destemida, que eu contei no início dessa conversa? Então parece que isso foi morrendo e eu fui me reprimindo e eu já não me enxergava mais. Eu já não sabia mais quem eu era e já não sabia mais aonde eu queria chegar.

O tempo passou e depois de dois anos esse namorado terminou o relacionamento comigo. Eu sofri demais… chorei, não queria mais ir pra escola (nesse período eu estava no último ano do ensino médio, pois eu fiz um curso técnico que te uma duração de quatro anos). Foi terrível! Eu não enxergava mais uma perspectiva. Uma adolescente cheia de sonhos e que se sentia tão pequena, tão inútil, tão insignificante.

Depois que a gente terminou, eu descobri que enquanto estava comigo ele já estava com outras namoradas, já tinha outro relacionamento. Na tentativa de provar pra ele que eu estava bem emocionalmente, postava coisas nas redes sociais que eu estava bem e por muitas vezes ele chegou a me mandar mensagens querendo me encontrar. Inclusive ele ia até o local onde eu trabalhava e passava na frente para me provocar. Aquilo me afetava de um jeito… me deixava ao mesmo tempo com sentimento de perda e um sentimento de ódio... eu não sei explicar.

Me formei no ensino médio, não passei no vestibular, fiquei completamente frustrada e fui trabalhar num lugar que não tinha nada a ver comigo. Tudo isso na tentativa de me enganar. De mostrar pra mim que eu poderia fazer diferente. Eu queria provar algo para alguém.

Um ano depois eu consegui retomar as minhas atividades fazer aquilo que eu mais gostava, que era dançar, e reacender o sonho de fazer o vestibular de algum curso que eu gostasse.

Fui fazer faculdade de Educação Física. Eu estava me sentindo a pessoa mais incrível do mundo, pois estava vendo na minha frente uma perspectiva de dar continuidade aos meus sonhos e de retomar aquela criança que lá no início era tão sonhadora.

Ainda perdida emocionalmente sem saber o que seria do futuro, eu achava que jamais poderia ser feliz, que ninguém mais fosse me amar como aquele cara louco um dia disse que me amava. Sim ele conseguiu mexer com as minhas estruturas emocionais e conseguiu fazer com que eu achasse que ninguém mais fosse me amar. Comecei a duvidar de todos os casais e achar que aquilo não passava de uma farsa.

Neste período estava muito focada na minha vida profissional. Viagens agendadas, festivais, competições, sonhos que estavam se tornando realidade. Eu estava vivendo um dos melhores momentos da minha vida profissionalmente falando, mas o meu coração estava em pedaços. Eu até achava que nunca mais iria encontrar alguém. Eu já conseguia me imaginar uma pessoa mais velha, com 40 anos, morando sozinha, pois eu realmente acreditava nessa mentira que eu mesma tinha colocado na minha cabeça.

Encontrei uma pessoa pela internet. Um antigo amigo de infância. Ele mandava mensagens todos os dias pra mim, e-mails, mensagens no celular, ligações inesperadas e de certa forma começou a me cercar. Eu não sabia como agir! Não sabia como me defender, pois essas mensagens me sufocavam de certa maneiraEu não tive coragem de abrir isso pra ninguém, pois eu achava que conseguiria passar por isso sozinha mais uma vez.

Até que um dia a gente se rendeu ao encontro, pois eu queria dar um fim naquilo tudo. Não queria mais que ele me procurasse ou que me mandasse mensagens.

Neste período da vida eu estava completamente quebrada, esfarelando. Eu estava os cacos! Eu não tinha nem força pra falar não pra tudo que me diziam para fazer. Meu coração estava fraco!

No meio disso tudo ele se mostrou um cara agressivo, mais uma vez sem me dar chances para sair de algo que eu não queria participar. Um relacionamento completamente abusivo e, me arrisco a dizer, uma tentativa de estupro. Ele me forçou a fazer coisas que eu não queria. Embora eu tenha ouvido de muita gente que eu era uma adolescente cedendo aos desejos carnais, eu não queria aquilo. No dia seguinte ele foi até o meu trabalho perguntar se eu havia tomado a pílula do dia seguinte, pois não queria me ver grávida. Eu nem sabia o que que era isso e simplesmente pedi pra ele sumir da minha vida.

Eu estava grávida! Naquele instante meu mundo caiu! Eu me via sem saída MAIS UMA VEZ! Impossível acreditar na vida… nas pessoas. Eu só queria sair correndo e sumir.

Os dias foram passando e aquela barriga foi crescendo. Eu não conseguia me ver grávida! COMO ASSIM eu estava grávida? Como assim todos meus projetos iriam por água abaixo? Eram noites sem sono! Noites em claro chorando sem saber qual seria rumo da vida. Planejei minha morte inúmeras vezes. Não tinha saída. Como é que eu contaria isso para a minha família? E o julgamento das pessoas? Minha cabeça estava a mil. Todos os dias eu não ficava um segundo sequer sem pensar. E se eu fugir? Fugir e nunca mais me acharem!

Eu tentava procurar respostas para aquele momento todo!

Respira fundo! A segunda parte dessa história de reconstrução eu conto semana que vem.
Fiquem tranquilos que Jesus está nesse barco e a história é linda.

Como eu disse antes, não são poucas as moças e também os rapazes, apesar de ouvir sobre isso em menor escala, que se se sujeitam a relacionamentos abusivos. E não se enganem, isso acontece tanto fora quanto dentro da igreja. Ouvi esses dias que se é abusivo não é um relacionamento cristão e isso é verdade, mas isso não significa dizer que as pessoas que entraram nele não conheceram o seu “par” dentro de uma igreja.

Se você percebe em seu relacionamento sinais como os que eu destaquei na história da Maty, converse com sua liderança, peça ajuda, livre-se disso o quanto antes. Vai por mim, a vergonha de assumir o erro e recomeçar é menor que a dor de levar a diante um relacionamento nocivo e anti bíblico.

Deus abençoe vocês!

Até terça

😉