Cantar-te-ei louvores junto a meus irmãos…
…no dia seguinte, após aquela incrível presença…(sim só pode ter sido a presença de Jeová, pela força, a voz, a luz resplendente, como no batismo do Filho de Deus…)…sai da estalagem e, realmente estava tudo pago! O bom samaritano (assim o chamei pois não sabia seu nome…) prometeu e pagou todos os meus gastos na estalagem: comida, ungüentos para as feridas, hospedagem e tudo mais!
Voltei no caminho para Betânia onde morava, pensando em Jeová, no samaritano, no Filho de Deus …Miriam! Minha doce princesa ! Nos conhecemos na infância. Miriam era de uma família mais simples ; seu pai trabalhava cuidando de ovelhas de um senhor rico, que fazia parte do Sinédrio, chamado de Arimatéia, sendo José, seu primeiro nome. O pai de Miriam chamava-se Abner e tinha cinco filhos: três moças, entre elas Miriam, e dois rapazes, Jeúz o mais velho e Jonathan, que era coxo e não podia andar.
Miriam era formosa: seus lábios vermelhos como carmesim, seu cabelo negro, escuro como a noite, sua pele morena pelo sol, e seus olhos…seus olhos eram da cor de mel, incrivelmente brilhantes ! Ela era tímida, mas decidida; um olhar de paz, mas seguro e definido; era alta, não mais alta do que eu, linda, vestindo sua túnica de algodão, coberta por outra túnica de cor de tom castanho, que ressaltava a cor de seus olhos, com um cinto de tecido bege que marcava sua cintura, além das sandálias ressaltando seus delicados pés. Era muito inteligente e perspicaz, mas devido a posição de sua família e a sociedade que participamos, ajudava sua mãe no cuidado da casa junto com suas irmãs, e de Jonathan que requeria cuidados… Na sociedade em Israel, um coxo sempre era visto com ceticismo, como possível filho de pecado! Mas, não Jonathan! Ele era muito bom, muito inteligente, porém, tinha um semblante triste por sua condição e a impossibilidade de correr, estar com seus amigos, ou mesmo, ajudar no cuidado das ovelhas com seu pai no campo, tendo sempre que ser carregado para onde fosse!
Desde a infância eu sonhava em um dia casar-me com Miriam. Quando pequenos brincávamos, corríamos pelos campos, ela sempre pareceu linda aos meus olhos! Mas, minha família não era muito melhor em posses do que a dela. Lembrem-se, levita tem somente o Senhor por sua herança e meu pai Azhis, não tinha posses além do local onde morávamos dado aos levitas que trabalhavam no templo e na sinagoga. Havia dias em que eu ficava dedilhando a harpa e uma melodia nova surgia com a “forma” dela…Miriam.
“Você não vai me contar o que aconteceu?” disse ela, meiga , mas muito curiosa! “Sua família estava preocupada pois você foi ao Jordão e sumiu estes dois dias!! Por onde você andou? Você viu João, o Batista…e aquele que contam ser um profeta? Você também o viu?” Como eu poderia contar tudo a ela? Várias situações foram tão estranhas que cheguei a pensar que não existiram, que surgiram da minha imaginação?
“Vai ficar olhando assim ao longe, sem respostas para mim? Acho que você está escondendo algo?” sorriu ela com tanta meiguice, com os cabelos se movendo delicadamente com a brisa, trazendo-me de volta para junto dela…parecia que tudo nela era perfeito! “Bem, estive lá no Jordão, vi o Batista, também vi o profeta ” Filho de Deus” como o chamam…vi algo como uma luta entre os céus e a terra, algo que se tentar te explicar você vai duvidar de mim”, arrisquei.
“Mas Jeová tem falado comigo em sonhos!” respondeu pensativa. “Tem falado?” provoquei. “Como? Como você sabe que é Ele!” “Creio que tenho sonhado com o Messias, aquele de quem os profetas falaram aos pais de nossos pais, muito tempo atrás. No meu sonho eu o via como um leão, ao mesmo tempo que o via como uma simples ovelha…o seu rugido era de arrepiar os cabelos, os seus olhos eram como fogo!…mas Ele me olhava com tanto amor, parecendo entender tudo o que passo sem nem me conhecer, entende?” disse, tentando me explicar.
Confesso que já comecei no mesmo instante a ficar com ciúmes desse homem do sonho!! Não disse nada a ela, mas…,ao mesmo tempo, me lembrei do Filho de Deus a quem clamei naquela noite de aflição e horror! Será que estávamos falando da mesma pessoa? Não, claro que não! Aquilo era só um sonho da minha querida e amada… só um sonho…
Naquele Shabat da sexta-feira eu fui escalado para tocar a harpa e ler uma parte da Torah, no livro dos salmos! Era um grande privilégio ler a Torah na frente dos mestres, rabinos, homens e mulheres todas cobertas com o véu em sinal de respeito a Jeová; seria visto e respeitado como um adulto…, sim, eu já era um adulto! Miriam sempre ficava no lado das mulheres e, de vez em quando, nossos olhares se cruzavam…ela ficava ruborizada…e eu a achava mais linda por isso…
“Acorda rapaz! Você deve iniciar o salmo tocando a harpa!” Esse era Mica, um amigo meu nascido em Belém de Judá, um genuíno levita, orgulhoso por sua posição, e pela sua origem de Belém, que além de tudo, cantava muito bem! Mica costumava liderar a congregação no canto do salmo escolhido. Todos o admiravam! Bela voz, seguro, ainda mais alto que eu, com uma barba loira e cabelos castanhos; tinha um excelente hebraico, quero dizer, o hebraico da escola dos fariseus, mais clássico, não o hebraico dos galileus, dos pescadores, enfim, de gente mais simples. Minha formação não foi tão privilegiada como a do Mica. As vezes via ele conversando com a Miriam e ficava preocupado e pensativo: “Será que ela se interessa por ele?”…Naquele dia, senti algo diferente enquanto dedilhava a harpa e Mica, com outros levitas, dirigia o canto da congregação…
… era uma presença muito especial..”Será que tudo é porque estou vendo a Miriam hoje novamente? Será que estou tocando melhor? Será que é o Mica que está cantando muito bem e as pessoas estão tão entusiasmadas que o clima do Shabat está especial???”
Na hora da leitura, comecei a ler um salmo de Davi chamado messiânico pelos rabinos, mas de uma compreensão que me parecia difícil:
“Deus meu, Deus meu porque me desamparastes? Por que te alongas das palavras do meu clamor, e não me auxilias?…Porém tú és Santo, o que habitas entre os louvores de Israel. Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste…” mais a frente o salmo dizia: “Mas tu , Senhor, não te alongues de mim: força minha, apressa-te em socorrer-me. Livra a minha alma da espada…salva-me da boca do leão…” Pensei no livramento que eu tinha recebido naqueles dias contra o Satan, meu inimigo! De repente, parecia que as Escrituras ganhavam vida em mim como nunca antes!?!?!
“Então declararei o teu nome a meus irmãos: louvar-te-ei no meio da congregação. Vós, que temeis ao Senhor louvai-o, todos vós, descendência de Jacó, glorificai-o; e temei-o todos vós descendência de Israel!” Quando parei a leitura, alguém começou a cantar…fiquei arrepiado, assustado, impressionado…que voz ! Quem está cantando dessa forma? Não podia ser o Mica! A voz dele era muito especial, mas esta voz…esta voz! Olhei na direção de onde vinha o som e…caí…caí de joelhos, na frente de todos! Que vergonha! Como assim??? Levantei meus olhos e lá ele estava: o Filho de Deus!!! Era ele sim! Cantando? Sim! Ele cantava o salmo que lí e mais:
“Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação…eis-me aqui, a mim, e aos filhos que tu Jeová me deste!” Seu nome era Jesus, mas agora ele parecia como um anjo, um Deus, majestoso, sua voz era de leão e ovelha ao mesmo tempo…! Não aguentei…comecei a chorar de joelhos. A voz começou a se aproximar, mais, mais…de repente o canto parou…um silêncio invadiu a sinagoga… “Levanta-te Nabih, pois hoje você será transformado em um outro homem!!” Era ele falando comigo!!! “Quem és tu Senhor?” perguntei tremendo. “Eu sou Jesus de Nazaré, Filho do Deus Altíssimo!”
(continua)
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