Uma divisão simplificada do livro de Isaías, que se não me engano, encontrei em um livro de W. Graham Scroggie, o divide em três partes. Essa divisão pode ser explicada da seguinte forma: Do capítulo 1 até o capítulo 35 temos uma parte focada Juízo. Ali são vistas muitas profecias acerca da ruina de diversos povos e nações, tais como: Moabe (capítulo 15), Damasco e Efraim (capítulo 17), Etiópia (capítulo 18), Egito (capítulo 19), Babilônia (capítulo 21), sua cidade eleita – Jerusalém (capítulo 22), Tiro (capítulo 23) e das nações de um modo geral (capítulo 34), por causa dos seus pecados. Não estou dizendo que não se tenha anúncios de graça nesses capítulos, sempre se pode encontrar graça em qualquer porção da palavra de Deus. Mas sim, que de um modo geral, esses capítulos trazem discursos amargos que revelam a ira do Senhor contra essas nações. Se lermos essas passagens veremos como elas são pesadas e o quanto elas nos exorta.
Os capítulos seguintes, do 35 ao 39, falam do reinado do rei Ezequias, nos contando um pouco da história desse rei. Já os capítulos 40 a 66, falam principalmente de consolo, restauração e graça. Eles falam da misericórdia do Senhor para com seu povo. Falam de Deus como um redentor e anunciam a Jesus como um servo sofredor. Há muita alegria, descanso e declarações de amor a seu povo nesses versos. Há repreensões nesses capítulos também, contudo, o seu teor maior e a substância dos seus versos são a graça e a misericórdia de Deus.
Essa pequena divisão nos ensina sobre a vida cristã. Há um mini evangelho nessa divisão. Não podemos negar a existência da maldade e dos maus e por isso existe um juízo! Deus é um juiz. O mal não ficará para sempre sem punição. O sistema mundano está falido. O mundo jaz no Maligno (1 Jo 5.19). E Deus julgará aqueles que se entregam a esse sistema. Há mal em nosso coração, e se formos honestos, reconhecermos esse fato. Todo mal precisa ser julgado pelo juiz de toda terra (Gn 18.25), inclusive o nosso.
Contudo, há também graça, demonstrada sobretudo na terceira parte do livro. O Senhor oferece misericórdia e perdão para todos os que se arrependem. Ele nos diz: “Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei” (Is 55.1). É tudo de graça, sem necessidade de pagamento nenhum de nossa parte. Nem boas obras, nem caridade. Entramos só com nossos pecados e arrependimento nesse negócio. E ele nos dá paz e perdão. Ele promete estar SEMPRE conosco: “Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” (Is 43.2). Pelo fato de seu filho ter morrido na cruz por nós, Ele nos diz que “pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.5).
O fato do livro terminar com a mensagem deixa impresso na mente dos leitores a sensação de que a graça triunfa sobre o juízo, o que também é dito por Tiago no novo testamento (Tg 2.13). Sua misericórdia é tão grande que se estende tanto no tempo (Ele guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações – Dt 7.9) quanto no espaço (Porque acima dos céus se eleva a tua misericórdia, e a tua fidelidade, para além das nuvens – Sl 108.4). Nunca estaremos fora do seu alcance.
Deus não pode anunciar suas punições sem também falar de sua graça. Sua graça é muito maior do que qualquer mal ou qualquer pecado que venhamos a cometer. “Onde abundou o pecado, superabundará a graça” (Rm 5.20). Ele pode nos dar perdão por conta de tudo que já fizemos. E mais: Ele pode nos restaurar, nos dar uma nova vida, santa e pura! Aleluia! Ele quer nos fazer justos e irrepreensíveis ao ponto de sermos chamados “carvalhos de justiça, para manifestação da sua glória” (Is 61.3). Sua graça não se contenta em nos perdoar e salvar, Ele quer transformar nosso caráter. E ele fará, pois é fiel.
Deus também quer cuidar de todos assuntos de nossa vida, dirigindo-nos em tudo pois “Os pensamentos de Deus são mais elevados que os nossos, pois os meus pensamentos, não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos” (Is 55.8). Ele quer nos ajudar em nossas tristezas “para consolar todos os que andam tristes” (Is 61.2).
Todos esses itens estão incluídos na maravilhosa salvação de Deus, anunciada de modo poderoso, sobretudo, na terceira parte do livro de Isaías. Em face de tudo isso, Isaías nos convida e exorta: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”. (Is 55.6). Que o busquemos agora!
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