Uma das cenas mais belas do cinema é em minha opinião a coroação de Aragorn no fim do filme “O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei”. Ali, no meio da coroação de Aragorn, os Hobbits (Frodo, Sam, Merry e Pippin) estão prestes a se prostrar diante do rei e são impedidos pelo mesmo que diz: “Meus amigos, vocês não devem se curvar”. E então todos os presentes se prostram diante dos Hobbits, reconhecendo a dignidade e os méritos deles na perigosíssima jornada para destruir o anel do poder e derrotar o mal, em um momento magnifico, tanto fantástico quanto realista, trazendo fantasia à realidade e realidade à fantasia, da forma que só os grandes filmes sabem produzir. Ver todos se prostrando diante dos Hobbits sempre aqueceu meu coração e me fez pensar no Senhor Jesus, levando minha mente ao grande dia onde toda igreja redimida se prostará diante dEle.
Essa cena nos ajuda a pensar no conceito de adoração. O valor dos Hobbits foi reconhecido e admirado por todos os presentes. A coragem e a pureza deles foi honrada publicamente. Adorar a Deus é reconhecer o Seu valor, reconhecer que Ele é digno. Os méritos e a dignidade de Deus são absolutos! Eles são muito maiores que os dos Hobbits na cena citada. Logo, nossa postura também deve ser de rendição, admiração e prostração absoluta.
Stephen Kaung escreve que “Adoração é colocar Deus em seu próprio lugar e nos colocar no nosso”. Qual é o lugar que deve ser dado a Deus? Do que ele é digno? Uma breve meditação sobre o Senhor Jesus Cristo (Que é a revelação perfeita da face de Deus) nos mostrará que Ele merece o lugar de domínio absoluto sob todos os ângulos que analisarmos. Quanto à sua obra Ele é o “herdeiro de todas as coisas” (Hb 1:2). Quanto à sua pessoa Ele é “o mais formoso dos filhos dos homens” (Sl 45.2).
Vemos então que adorar não é só cantar um louvor ou lançar palavras elogiosas a Deus. Adoração não é algo que se restringe a algo que fazemos. Adorar a Deus é uma forma de entender e viver a vida. É viver a vida reconhecendo o valor, os méritos e a dignidade dEle em todas as áreas possíveis. É dar a Ele seu devido lugar. Essa ideia está em consonância com o que Paulo escreve na carta aos Efésios, ao dizer que nossa eleição tem objetivo “de sermos para louvor da sua glória” (Ef 1.12). O objetivo de Deus é que sejamos “para louvor da sua glória”. Assim toda nossa vida e tudo que fizermos será adoração. Todo nosso ser será um cântico de louvor.
Uma frase comumente atribuída a Agostinho explica perfeitamente essa ideia: “Quereis cantar louvores a Deus? Sede vós mesmos o canto que ides cantar. Vós sereis o seu maior louvor, se viverdes santamente”.
Que Deus nos ajude a viver uma vida de adoração. Que o nosso Espírito seja o mesmo de Moisés, que ao ver a glória do Senhor passar diante dele: “Imediatamente, curvando-se Moisés para a terra, o adorou” Ex 34:8.
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