Luana recebe recebe um email daqueles “correntes” que tem no mínimo 4 “FWs” na frente do titulo, que sempre é em CAPS LOCK escrito algo do tipo POR FAVOR, SE VOCE TEM CORAÇAO, LEIA.
De cinco que ela recebe nesse estilo, um ela abre, dependendo do grau de importância da pessoa que encaminhou a ela. Passa o mouse na barra de rolagem, querendo chegar ao fim logo. Vê que tem uma foto de uma criança e que em letras grandes os pais desesperados pedem que alguém ajude a encontrá-la, que ela só tinha 6 anos, e que eles não perdem a esperança de que esteja viva, e blábláblá.
“Ema ema” – Luana cantarola baixinho, e segue sua vida normalmente.
Marcos teve uma semana mediana, de altos e baixos com Deus, no domingo está muito cansado, porque havia passado a ultima madrugada acordado estudando pra uma prova muito difícil na sua faculdade de psicologia. Mesmo assim, ele vai ao culto, porque era ceia e tal, ele não podia perder. Ele não faz idéia do que foi pregado, o pastor não sabia pregar de um jeito que atraísse sua atenção. No final teve apelo, umas quinze pessoas foram à frente, quebrantadas, aceitando Jesus publicamente como seu Senhor e salvador pessoal. Marcos se levanta, julgando que o mais importante (a ceia – que só acontecia uma vez por mês) já havia acontecido, ele tinha participado, bonitinho. Chegando em casa, toma um banho e vai dormir. Corpo fresco, consciência leve. A prova para a qual ele tanto havia estudado seria no dia seguinte, bem cedinho. Bocejou alguma coisa pra Deus, pedindo concentração no dia seguinte, mas antes do amem já estava dormindo. No dia seguinte, Marcos levanta atrasado e reclamando como sempre, vai fazer a prova e segue sua vida normalmente.
Fernanda está na casa de uma amiga, combinaram de ver um filme com alguns outros jovens da igreja. Uma das garotas chega morrendo de rir e junto com ela mais umas pessoas que ela não conhecia. Entre essas pessoas havia um garoto com muitos trejeitos “estranhos”. Fernanda vira para a sua amiga ao lado e cochicha “hmmmm, essa coca é fanta”, elas riem e fazem questão de reparar a noite inteira em quão ridículo ele era com aquele rímel e aquela sobrancelha definida. E quando abria a boca então, que voz fina era aquela? Elas mal acreditavam! Que aberração. Ficam a noite toda debochando do menino. Ele nem liga. “É tão normal esses crentinhos idiotas cochichando de qualquer coisa mesmo. Babacas” – pensa ele.
O menino gay, a menina crente amiga do menino gay, e a Fernanda e todos os outros voltam pras suas casas e seguem suas vidas normalmente.
Moral da historia: não tem moral na historia. Nenhuma dessas histórias de vida carrega nenhuma moral, nenhum respeito, nem um pingo de temor.
A salvação chegou a vida de cada um desses jovens e ao invés de alegria contagiante, se tornou conformismo entediante.
A Luana vai a igreja desde que nasceu e não se lembra da historia do filho prodigo. Não cai nenhuma ficha quando ela recebe os emails de pais desesperados buscando pelos seus filhos. Ela não se lembra que é Deus aquele Pai que rejubila quando seu filho perdido é encontrado. Ela cantaria “ema-ema” se Deus compartilhasse com ela seu coração partido por tantos filhos perdidos?
Ah não, acho que não. Porque ela nem sequer conversa com Ele, então não corre esse risco.
O Marcos estuda mas também adora uma festa. Consciente, como sua mãe gaba que ele é, ele não se importa de perder alguma festa pra estudar ou pra estar em algum evento da igreja. Mas naquele domingo, naquele domingo de ceia, se ele soubesse a festa que ele perdeu, ele se arrependeria, porque ele mais do que não ir a uma festa, ele chegou a ir e foi embora na melhor parte. “há festa nos céus quando um pecador se arrepende”. Ele perdeu a festa uma vez. Aquela festa boa, que valia por quinze. Pra fechar a noite, chegando em casa perdeu outra, porque se ele se arrependesse haveria mais uma.
A Fernanda é uma menina com potencial, mas o amor que ela recebe de Deus, ela escolhe pra quem devolve. Se Deus abomina o homossexualismo, ela quer distancia. Não era assim que era pra ser?
Não era?
Não, não era. Eles seguiram suas vidas normalmente. Pra onde será que eles seguiram?
*Esse texto termina com uma pergunta, porque o propósito dele é aumentar a interrogação que começa pequena em todos nós, e logo vira fumaça porque é uma pergunta sem resposta. E se é polemica, e se exige sacrifício (tempo, esforço, suor, VIDA) a gente logo deixa passar, porque preferimos viver como se fossemos desse mundo. Questione-se. Dobre o joelho em cima de uma questão e somente se levante quando tiver a resposta.
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