Na cultura de hoje, somos mais pragmáticos que reflexivos. Obcecados em saber o que dá certo e qual o passo a passo para o sucesso, nós nos esforçamos para repetir a fórmula. Preocupamo-nos menos com o porquê das coisas funcionarem. O discipulado não é exceção. Muitos trocaram o porquê pelo como; a motivação pela melhor prática. Isso é desconcertante. A questão é que a prática pode levar-nos apenas até certo ponto. Quando chegam as dificuldades, a prática precisa de motivação para continuar.
O que te motiva a seguir Jesus? Se esta não é uma questão que você continuamente pondera e responde, você se afastará de Jesus ao invés de segui-lo.
O discípulo pragmático
Devido à inclinação pragmática de nossa cultura, o mantra do discipulado moderno é “faça discípulos que façam discípulos”. Esse mantra é pragmático e reprodutivo. A reprodução pragmática é a principal preocupação de Jesus? Quando veio proclamar o evangelho do Reino, ele transmitiu uma mensagem inspiradora e depois passou os três pontos de ação sobre como fazer discípulos? Com certeza, o que ele fez foi nos dar exemplo, instruir e enviar (Lucas 9-10). O Reino de Deus está incorporado a um DNA reprodutivo (refletido em algumas das parábolas agrícolas de Jesus). Mas o Reino de Deus também é lento e profundo. Ele se estende por períodos árduos e pelas profundezas do coração humano. O reinado de Cristo penetra nosso DNA, nos motivando continuamente.
Ao invés de focar o seu treinamento no “como”, Jesus incansavelmente chegava ao “porquê”. É por isso que muitos de seus ditos são inquietantes. Como um mestre, ele despertava a reflexão, e não apenas a ação:
Indo eles caminho fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; Mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça (Lucas 9:57-58)
Outro lhe disse: Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa. Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus. (versículos 61-62)
Jesus nos força a refletir sobre os nossos motivos para segui-lo. Se vivemos para o conforto e facilidade, não vamos desistir da nossa cama, dinheiro e entretenimento para segui-lo. Se a comunidade ideal é o que motiva as nossas decisões, não vamos desistir de amigos e familiares. Jesus é claro. Se quisermos ser seus discípulos, devemos ser motivados por algo maior do que o conforto e a comunidade. Seu Reino deve nos motivar, e o Reino requer sacrifícios.
Verdadeiros discípulos considerarão e assumirão o custo de segui-lo vez após vez. Eles suportarão porque, ao encontrar o Reino, eles encontrarão um Rei digno de seu sacrifício. Procurando o porquê de sua existência, eles descobrirão uma pérola de grande valor. Os discípulos que são motivados pelo pragmatismo só podem considerar o custo e abraçar a causa de fazer discípulos que fazem discípulos, mas quando chega o momento decisivo, eles se afastam de Jesus, e não o seguem. Precisamos de mais do que os “comos” do cumprimento da Grande Comissão para atravessarmos as adversidades que advêm com o buscar primeiro o Reino de Deus.
O discípulo de Jesus
Quando Jesus proferiu o sermão do monte, ele o encheu de motivação do Reino. A orientação principal para fazer discípulos é precedida pela imagem de um rei ressurreto e radiante, com poder e autoridade no céu e na terra (Daniel 7:9-14; Mateus 28:17). Ele é forte o suficiente para depor as nações, e glorioso o suficiente para convocá-las à sua adoração. Somos enviados sob essa proteção. Não somos enviados na autoridade de nossa própria experiência, mas na autoridade de seu senhorio. Nossa história não é suficiente para “fazer um discípulo”, mas a história dele é. Por que cumprimos o ide? Para batizar em seu nome, não em nosso. Fazer discípulos de todas as nações não é uma causa pessoal, é o plano redentor do próprio Deus. A nossa motivação, então, resulta de uma submersão na graça de Deus, e não do alinhamento dos outros com a nossa maneira de fazer as coisas.
Como podemos continuar a fazer discípulos quando estamos submersos no pecado até o pescoço? Temos que lembrar que o sucesso da nossa missão exige não só a autoridade do Rei, mas também a misericórdia do Messias. Ele é o Discípulo que tem sucesso onde nós falhamos, em perfeita obediência a Deus. Nós estendemos a misericórdia que vem das misericórdias dele, as quais se renovam a cada dia.
Mas e se o campo missionário for muito difícil? Eis que ele está conosco sempre, até o fim dos tempos. Nós dependemos não só da obediência passada do Discípulo Fiel, mas também da atual presença do Senhor ressurreto. Fazemos discípulos na autoridade de Jesus, imersos na graça de Jesus, permanecendo na misericórdia de Jesus, com a promessa da presença eterna do Rei Jesus. Os discípulos precisam recuperar a motivação única para suportar todo o custo – a suficiência infinita e o esplendor do nosso Senhor.
Por que seguimos Jesus? Por causa de quem ele é. Se tivermos Jesus, temos mais do que o suficiente para fazermos discípulos.
Por Jonathan Dodson
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