Os pais da Igreja fazem parte da geração de cristãos que surgiu logo após a era apostólica, isto é, depois da morte dos 12 apóstolos, ainda no final do século I. O termo “pai” é geralmente usado em referência a alguém mais velho, mais experiente, mais sábio. Esta reverência é devida ao amor e zelo que esta pessoa tinha pela Igreja, assim como é o amor de um pai para com seus filhos.
Foi através destes homens que as principais doutrinas cristãs atualmente existentes se moldaram. Eles foram os primeiros teólogos e apologistas cristãos. Com isso, o período pós-apostólico é marcado pelo intenso desenvolvimento do pensamento cristão. Como traços em comum, os pais da Igreja eram antigos (viveram no período entre o século II até o século IV), ortodoxos na doutrina, santo no viver e aprovados por outros cristãos.
O pensamento patrístico (como é conhecido este conjunto de escritos dos pais da Igreja) originou-se da necessidade de combate às ameaças surgidas no início da Igreja. O conteúdo do Evangelho, no qual se apoiava a fé cristã nos primórdios do cristianismo, era um saber de salvação revelado, mas não sustentado por nenhum pensamento filosófico próprio. Na luta contra o paganismo greco-romano e contra as heresias surgidas entre os próprios cristãos, os pais da Igreja se viram obrigados a recorrer ao instrumento de seus adversários, ou seja, o pensamento racional, nos moldes da filosofia grega clássica, e por meio dele procuraram dar consistência lógica à doutrina cristã.
É evidente que estes homens eram suscetíveis ao erro, afinal somente a Palavra de Deus é inerrante. Porém isso não quer dizer que tudo o que eles escreveram esteja errado ou não nos sirva para nada. O amor destes homens pelas Escrituras fica evidente em seus textos e suas próprias vidas, já que muitos acabaram presos, torturados, martirizados ou exilados por sua fidelidade a Cristo.
Podemos dividir os pais da Igreja em três grupos: pais apostólicos (foram aqueles que tiveram relação mais ou menos direta com os apóstolos e escreveram para a edificação da Igreja, geralmente entre o primeiro e segundo séculos), apologistas (aqueles que empregaram suas habilidades literárias em defesa do Cristianismo perante a perseguição do império romano durante o segundo século) e polemistas (que não mediram esforços para defender a fé cristã das falsas doutrinas surgidas fora e dentro da Igreja no período do terceiro século).
Durante este ano teremos oportunidade de conhecer um pouco da doutrina bíblica ensinada por estes homens durante os primeiros séculos do cristianismo. E veremos como ela é aplicável para que evitemos erros teológicos hoje. O primeiro pai da Igreja que visitaremos será Clemente de Roma. Até lá, com a graça de Deus.
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