Onipotente é uma das muitas palavras que aparecem nas versões mais antigas da Bíblia em inglês, mas não nas mais modernas.  Ela também faz parte do vocabulário de nossos hinos, mas raramente é empregada em refrões e canções cristãs mais modernas.  É uma palavra que só pode ser aplicada ao próprio Deus.  Quando usada em relação a Deus, refere-se ao fato de que Ele é todo-poderoso, que Ele não é limitado por nenhuma força externa; Ele pode fazer qualquer coisa consistente com Seu caráter.

Embora você não encontre onipotência em sua concordância bíblica, encontrará palavras que expressam praticamente o mesmo conteúdo.  Todo-poderoso é uma dessas palavras.  E, é claro, além da palavra todo-poderoso, há muitas palavras e muitos versículos que falam do poder de Deus – irrestrito, imparável.

E quando procuramos versículos na Bíblia que descrevem o poder de Deus, ou que descrevem Deus como Todo-Poderoso, começamos a encontrá-los em toda parte.  Antes de examinarmos esses versículos, é necessário mais um comentário preliminar.

Todos sabem

O poder eterno de Deus é algo que, de acordo com as Escrituras, todos conhecem.  Romanos 1:20 ensina isso claramente: “Porque os seus atributos invisíveis, a saber, o seu eterno poder e a sua natureza divina, desde a criação do mundo, se entendem claramente nas coisas que foram criadas. Portanto, eles são inescusáveis”.

Em outras palavras, a onipotência de Deus é algo que é conhecido por todos, mesmo sem a revelação bíblica.  Agora, é claro, Paulo continua a nos dizer que esse conhecimento é suprimido e trocado por uma mentira.  Mas, mesmo assim, ele é conhecido.  A evidência da onipotência é clara e convincente.

O testemunho da Bíblia

Além da revelação da criação, Deus graciosamente deu a revelação de Si mesmo em Sua Palavra, a Bíblia.  Sua onipotência – expressa em termos como todo-poderoso e poder – é algo sobre o qual a Bíblia é clara.  E ela é expressa de forma especialmente clara em três grupos de textos bíblicos.

Redenção

O primeiro são os textos da Bíblia que falam da obra redentora de Deus.  Podemos ver isso na história do Antigo Testamento sobre a redenção de Israel da escravidão no Egito.  Deus levanta o Faraó para mostrar Seu poder (Êxodo 9.16); os israelitas veem principalmente o poder de Deus em sua libertação (Êxodo 14.31).  Poderíamos esperar que a obra de redenção de Deus fosse citada como evidência de Sua misericórdia ou de Sua bondade, mas a Bíblia usa esses atos de redenção como evidências, principalmente, do poder de Deus.

O mesmo é verdade na revelação do Novo Testamento sobre nossa redenção.  Frequentemente nos concentramos na obra salvadora de Deus em Cristo como evidência de Seu amor, Seu perdão ou Sua misericórdia.  E ela é, de fato, uma evidência de todas essas coisas e muito mais!  Mas a Bíblia concentra nossa atenção na maneira pela qual a redenção mostra o poder de Deus.  Para dar apenas um exemplo, em 1 Coríntios 1.18, Paulo escreve: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus.”  Observe o que Paulo enfatiza: o poder de Deus.

Pergunto-me se essa ênfase no poder de Deus é encontrada em nossas discussões e reflexões sobre a redenção.  O fato de podermos ser redimidos por Deus por meio da obra de Cristo em Sua morte e ressurreição é uma demonstração magnífica do poder de Deus.  É uma evidência de Sua onipotência.

Adoração

O segundo lugar em que as referências à natureza onipotente e ao poder imparável de Deus são agrupadas com frequência e densidade especiais é em contextos de adoração coletiva.  Vemos muitas referências à força e ao poder de Deus nos Salmos, por exemplo.  No Salmo 68.32-35, vemos Deus ser louvado como possuidor de poder eterno e como aquele que o distribui ao Seu povo.  E o Salmo 115.3 resume o poder de Deus, afirmando simplesmente: “O nosso Deus está nos céus; ele faz tudo o que lhe agrada”.  Repetidas vezes, o poder de Deus é o tema da adoração de Israel.

No Novo Testamento, vemos que esse padrão continua.  Na cena de adoração celestial em Apocalipse 4, os quatro seres viventes repetem incessantemente: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus Todo-Poderoso…”  A onipotência de Deus é o tema da adoração.

Mais uma vez, precisamos comparar esse padrão bíblico com nossa própria prática.  Nossa adoração coletiva e pública declara claramente que Deus é todo-poderoso?  Cantamos sobre isso?  Nossa prática reflete isso?  Certamente há muitos aspectos do caráter de Deus pelos quais devemos louvá-Lo.  Mas a adoração bíblica concentra a atenção na realidade da onipotência de Deus.

Sofrimento

A concentração mais surpreendente de passagens bíblicas em que lemos sobre a natureza Todo-Poderosa de Deus é encontrada no livro de Jó.  Deus é chamado de Todo-Poderoso mais vezes em Jó do que em qualquer outro livro da Bíblia.  De fato, Deus é mencionado dessa forma mais vezes em Jó do que em todos os outros livros da Bíblia juntos!  Isso é surpreendente, especialmente quando se considera o contexto do livro.  Jó, um homem justo, está sofrendo.  Seu sofrimento é profundo e prolongado, e Deus nunca o explica.  Para muitos de nós hoje, um sofrimento tão profundo nos levaria a questionar se Deus é Todo-Poderoso, afinal de contas.  Mas Jó (e até mesmo seus amigos mal-orientados) sempre consideram como certo que Deus é o Todo-Poderoso.  Ele é todo-poderoso, mesmo em meio a essas circunstâncias complexas e difíceis.  Você se lembra de que Deus é onipotente, mesmo quando você está sofrendo?  Você se sente tentado a explicar o sofrimento diminuindo o poder de Deus?

A resposta de Jó às declarações tolas de um de seus amigos é uma maneira apropriada de terminar nossa meditação sobre esse importante atributo de Deus.  Essas palavras são encontradas em Jó 26.11-14.  Elas nos lembram do poder de Deus e do quão pouco podemos entender de seu escopo, energia e alcance.  Ficamos como deveríamos ficar quando estudamos os atributos de Deus, com temor e admiração.

As colunas do céu tremem e se espantam da sua ameaça.

Com a sua força fende o mar e com o seu entendimento abate o adversário.

Pelo seu sopro aclara os céus, a sua mão fere o dragão veloz.

Eis que isto são apenas as orlas dos seus caminhos! 

Que leve sussurro temos ouvido dele! Mas o trovão do seu poder, quem o entenderá?

Autor: Jonathan Master

Fonte: Voltemos ao Evangelho