Quando eu era pequeno, meus pais costumavam me contar muitas histórias fantásticas com cavaleiros, dragões, bruxas e princesas. Mesmo estando no meu quarto, pude viajar para a Terra do Nunca, para o País das Maravilhas, para Hogwarts e para a Terra Média. Conheci Dom Quixote, a boneca Emília e o pessoal do Sítio, os irmãos Pevensie e os três mosqueteiros. Contudo, dentre essas histórias, havia uma que me fascinava mais do que as outras. Enquanto todos – menos eu – acreditavam que todas aquelas histórias eram apenas estórias, havia uma que todos aceitavam como verdadeira, mas para mim, era e sempre será mais fantástica que todos os contos já criados.
É a história de um homem que era Deus e que veio para a terra para nos contar histórias sobre a vida e para nos dar esperança do que viria depois dela. Esse homem virou todos os valores desse mundo de cabeça para baixo, rejeitou tudo o que qualquer pessoa sonharia em ter. Ele era rei, mas de outro mundo, não do nosso.
Esse homem curou pessoas, ressuscitou mortos, andou sobre as águas e parou tempestades. Sei que isso é fantástico: é “fantasticamente” real! Esse homem veio cumprir as profecias que haviam dito a seu respeito, de vários anos antes dele. Ele veio cumprir a vontade soberana de Deus. Ele era Deus e Deus era seu pai. Confuso, eu sei, mas a realidade é assim mesmo: ela contradiz nossa lógica. Parafraseando Chesterton, quando algo faz completo sentido, provavelmente é falso. Se algo nega o paradoxo, é porque não é real.
Esse homem teve doze amigos que eram muito próximos dele, mas infelizmente um deles o traiu, e teve o final mais trágico de todos. Esse homem foi entregue às autoridades que queriam vê-lo morto, pois ele estava fazendo com que as pessoas acreditassem em algo diferente do que era crido até então. Ele foi condenado à morte por isso, mas antes de ser morto foi torturado de uma forma horrível. Esse homem foi crucificado injustamente, ao lado de dois ladrões.
O mais curioso, é que mesmo lá, sangrando e morrendo, esse homem teve compaixão dos ladrões, mas apenas um se arrependeu e acreditou que aquele homem era Deus. E então, como já era esperado, esse homem morreu. Mas a morte dele foi o que nos deu vida! Graças a Ele a morte não tinha força diante deste homem.
Aquela cruz que o carregou até a morte era para ser minha. Era minha cruz, não dele. Era para eu ter morrido lá, não ele. Ainda bem que ele não era um simples homem, ainda bem que ele era Deus, porque três dias depois, ele ressuscitou. Ele venceu a morte e voltou para nos dar esperança. Esse homem é Jesus, mas muitos o chamavam e ainda o chamam de Cristo.
Esse homem, até hoje, dois mil anos depois, ainda é lembrado como aquele que dividiu a história em antes e depois dele. Por mais que você ache que essa é só mais uma estória, ela não é. É mais do que uma simples estória, é uma História, com direito a H maiúsculo e tudo o mais. Esse Cristo é mais real que a própria realidade em si. Mas por algum motivo, com o tempo, os homens foram criando novas identidades para ele. Cristo incomodava tanto os homens, que só a simples menção do nome dele, já lhes causava arrepios.
Por causa disso, os homens inventaram um novo cristo. E esse novo cristo, não era Deus, mas apenas homem, pois é logicamente impossível que um homem seja ao mesmo tempo humano e divino. Ele nasceu de um relacionamento extraconjugal entre Maria e Gabriel – um anjinho de rapaz. Ele mentia, errava e pecava, como todas as pessoas; não havia nada de diferente nele. O novo cristo dos homens, um dia, depois de brincar de afogamento com seu amigo João Batista, fugiu para o deserto, e lá, foi tentado pelo diabo. E com o diabo, esse novo cristo comeu pão, pulou do alto de uma montanha, voou com os anjos e por fim, se tornou dono de todos os reinos da terra.
Esse novo cristo fingiu curar, fingiu ressuscitar mortos, fingiu andar sobre as águas e fingiu parar tempestades. Ele foi o primeiro Harry Houdini. Mas ele fez tudo isso sendo apenas alguém iluminado por Deus e que queria inspirar as pessoas a viver como ele. Na verdade, esse novo cristo foi o maior líder de todos os tempos, um grande mestre da moral. O novo cristo que os homens inventaram é exatamente aquilo que eles gostariam que o verdadeiro cristo fosse.
O novo cristo era pacifista, anarquista, feminista, naturalista, gay, a favor das drogas, do aborto, relativista, liberal, conservador, de direita e também de esquerda. Esse novo cristo não acreditava em verdades absolutas, pois ele tinha a certeza absoluta de que todos os caminhos levavam a Deus. Ele era filósofo, psicólogo, teólogo e sociólogo. Ele entendia de Freud, Marx, Nietzsche e Ricouer.
Mesmo depois de todos os truques maravilhosos, tratados filosóficos, sociológicos e sermões de autoajuda, o novo cristo dos homens foi traído por um falso amigo, que na verdade era um ladrão pilantra que merecia morrer sem perdão nenhum – afinal, bandido bom é bandido morto. Ele foi entregue às autoridades corruptas e conservadoras da época, foi torturado pela sociedade retrógrada que não aceitava suas ideias progressistas e, pra finalizar, foi crucificado no meio de dois ladrões, mas ele não se importou com nenhum deles.
O novo cristo dos homens morreu, e três dias depois continuou morto, porque não existe nada além do mundo material. Mas graças a deus (?), alguns contadores de histórias entenderam que o novo cristo poderia mudar a história, por isso inventaram novos acontecimentos na vida dele. E foram essas mentiras, segundo esses homens, que fizeram com que milhões de homens e mulheres, durante toda a história, entregassem suas vidas.
Percebem que toda a lógica dos homens se torna extremamente ilógica diante da magnitude da verdadeira história do verdadeiro Cristo? O Cristo verdadeiro não se preocupou em explicar todas as coisas, porque sabia que não entenderíamos tudo. Ele se preocupou, antes de tudo, em nos apresentar a esperança que nos proporciona vida: ele mesmo. O verdadeiro Cristo não é nada igual ao novo cristo dos homens, pois o novo cristo que os homens adoram nada mais é do que um reflexo deles mesmos. Um mentiroso, fraco e covarde. O novo cristo dos homens é o velho homem das Escrituras.
Autor: Maurício Avoletta Junior
Fonte: Púlpito Cristão
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