O deus que me apresentaram curava doenças de pessoas que nem sabiam que estavam doentes.
O deus que me apresentaram tirava “laços de morte” porque a pessoa tinha se convertido mas, matava crianças por conta da fome, outras em enchentes e algumas outras em catástrofes.
O deus que me apresentaram falava através de profecia que uma pessoa na igreja tinha bebido, mas não costumava falar que a própria pessoa que estava profetizando roubava o dízimo que pessoas tinham entregado à igreja.
O deus que me apresentaram cobrava o dízimo e me ameaçava. E ao mesmo tempo dizia ser o dono da prata e do ouro.
O deus que me apresentaram era imutável mas, se fizéssemos uma campanha ele facilmente mudava de ideia.
O deus que me apresentaram não gostava de rebelião, desde que a pessoa não fosse, no mínimo, pastor.
O deus que me apresentaram cobrava jejuns e orações prolongadas para que seu poder se manifestasse em nós. Ao mesmo tempo que podia usar qualquer um a qualquer momento.
O deus que me apresentaram queria que entregássemos as ofertas mesmo que o único dinheiro no bolso fosse o de pagar o aluguel.
O deus que me apresentaram faz promessas individuais, mas cumpre só se houver penitência.
O deus que me apresentaram se manifestava através de pastores que faziam atos proféticos, como orar na praia com uma fogueira no meio em que nomes em papeizinhos seriam queimados. Ao mesmo tempo ficava extremamente irado se alguém fosse da macumba.
O deus que me apresentaram era meio injusto e incoerente. No entanto afirmar isso era declarar a morte, afinal ele também era vingança e ira.
Por vezes ser cético é agir de forma mais cristã do que ser um religioso cínico.
(texto de Raphael Rap)
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