Todos passamos a estar familiarizados com o “ouro puro de Ofir” depois da música “Raridade” do cantor Anderson Freire. Embora a Bíblia cite este ouro em alguns lugares, acredito que nossa atenção só foi voltada a ele após esta canção se tornar conhecida. Hoje falaremos brevemente sobre o homem ser mais raro do que o ouro puro de Ofir. E já mando um spoiler: a conclusão não será a de que você é precioso.

A comparação bíblica de que o homem será raro como o ouro puro de Ofir acontece em Isaías 13.12 (ACF):

Farei que o homem seja mais precioso do que o ouro puro, e mais raro do que o ouro fino de Ofir.

Que passagem linda, não? Deus reconhecendo o valor e a preciosidade que cada ser humano tem… hã… não é bem assim. Vejamos o texto dentro de seu contexto (e para isto utilizarei outra versão, a NVI):

Advertência contra a Babilônia, que Isaías, filho de Amoz, recebeu em visão: Levantem uma bandeira no topo de uma colina desnuda, gritem a eles; chamem-nos com um aceno, para que entrem pelas portas dos nobres. Eu mesmo ordenei aos meus santos; para executarem a minha ira já convoquei os meus guerreiros, os que se regozijam com o meu triunfo. Escutem! Há um barulho nos montes como o de uma grande multidão! Escutem! É uma gritaria entre os reinos, como nações formando uma imensa multidão! O Senhor dos Exércitos está reunindo um exército para a guerra. Eles vêm de terras distantes, lá dos confins dos céus; o Senhor e as armas da sua ira, para destruírem todo o país. Chorem, pois o dia do Senhor está perto; virá como destruição da parte do Todo-poderoso. Por isso, todas as mãos ficarão trêmulas, o coração de todos os homens se derreterá. Ficarão apavorados, dores e aflições os dominarão; eles se contorcerão como a mulher em trabalho de parto. Olharão chocados uns para os outros, com os rostos em fogo. Vejam! O dia do Senhor está perto, dia cruel, de ira e grande furor, para devastar a terra e destruir os seus pecadores. As estrelas do céu e as suas constelações não mostrarão a sua luz. O sol nascente escurecerá, e a lua não fará brilhar a sua luz. Castigarei o mundo por causa da sua maldade, os ímpios pela sua iniqüidade. Darei fim à arrogância dos altivos e humilharei o orgulho dos cruéis. Tornarei o homem mais escasso do que o ouro puro, mais raro do que o ouro de Ofir. Por isso farei o céu tremer; e a terra se moverá do seu lugar diante da ira do Senhor dos Exércitos, no dia do furor da sua ira.
[…]
Isaías 13:1-13

A passagem em questão se trata de um juízo de Deus contra a Babilônia, proferido pela boca do profeta Isaías. A ideia aqui é que a Babilônia sofrerá a ira de Deus por ser uma cidade ímpia, soberba e que se afoga em seu próprio pecado. O Senhor levantou um exército para destruir os babilônios, e estes sofreriam terrivelmente na mão dos guerreiros impiedosos. A destruição e a dor causada a eles pela ira de Deus seriam tão intensas que Ele diz que o homem seria mais raro do que o ouro puro de Ofir, não no sentido de preciosidade, mas de escassez! A destruição seria tão grande que seria difícil encontrar o restante vivo. A ideia é bem diferente do contexto da canção.

Este juízo de Deus é refletido a todo aquele que permanece no pecado. A ira de Deus contra a Babilônia não veio do nada, e sim por causa do pecado deles que a acendeu. Da mesma forma, não tratará Deus de igual modo aqueles que cometem as mesmas coisas? (Colossenses 3.6; Efésios 5.6)

Não queira ser mais raro que o ouro puro de Ofir. Não no sentido bíblico. Pelo contrário, que esta advertência de Deus o encoraje a andar retamente nos caminhos da Verdade.

Produza frutos.