Você se considera uma pessoa boa? Talvez responda que sim utilizando algum argumento arbitrário do tipo: nunca roubei ou matei. Porém, não se trata daquilo que achamos, mas como Deus nos vê! O pecado manchou a humanidade, ofuscou a visão da Verdade e somos indesculpáveis porque pecamos. Parece ser difícil compreender isso, mas precisamos lembrar que a Palavra é a Verdade e afirma “não há nenhum homem bom” (Rm 3:10), logo, somos passíveis de equívocos na forma de ver e julgar o mundo pela consequência do pecado.

Nos últimos posts, tenho me desafiado a estudar o livro de Romanos, porque tem sido confrontador ao meu coração. Espero profundamente que tal confronto atinja também o íntimo do seu ser, aumente o amor pelas Escrituras e produza transformação. Sem mais delongas, vamos ao texto!

Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que condenas. Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade contra os que praticam tais coisas.” Romanos 2:1-2

            O trecho bíblico acima nos leva a imaginar um cenário do tribunal, cujo aspecto principal é o julgamento de Deus em detrimento do julgamento do homem. Chama atenção para o fato de que Paulo utiliza um recurso literário de perguntas seguidas de respostas. Não se pode negligenciar as informações tratadas anteriormente que elencam atitudes daqueles que não reconheceram a Deus, sendo entregues aos seus próprios desejos pecaminosos (Rm 1:28-32), ainda que tenham conhecido a justiça divina manifesta na criação (Rm 1:19-20).

            Por essa razão, o homem é indesculpável, independente de quem seja e do que faça, bem como seu julgamento é hipócrita (v.1). Pois, naquilo que julga, está também sujeito às mesmas coisas, considerando sua natureza caída, tanto judeus como gentios. O termo julgar aqui pode ser visto como a capacidade de criticar o outro. Isso é interessante porque somos mais propensos a olhar os erros e fragilidades dos outros do que os nossos e ficamos à beira da hipocrisia (Mt 7:3-5). Não é por ser judeu ou gentio que somos melhores ou piores que outros, já que todos são indesculpáveis e podem cair na tentação de julgar conforme suas obras moralistas (Rm 1:20).

            Entretanto, o julgamento de Deus é o que importa, pois é a verdade (v.2). E ninguém conseguirá escapar dele, ainda que pense que fazendo coisas que não convém estaria livre do seu juízo (v.3). Pelo contrário, a graça e bondade de Deus não é pretexto ou desculpa para uma vida de pecado, se a própria ação dEle nos leva ao arrependimento (v.4). Não podemos viver ou alimentar ideias deturpadas sobre a bondade de Deus como um passe livre para agirmos como bem entendemos. Devemos submeter à transformação de vida que vem de Deus e não de nossos esforços!

            Em seguida, vemos que a dureza do coração do homem, como produto de uma vida em pecado sem arrependimento, faz com que acumule-se a ira de Deus para o julgamento vindouro (v.5) Além disso, Deus irá retribuir erros humanos (v.6) de acordo com seu juízo, abordado em diante através de paralelismos que apontam que a justificação não são pelas obras, mas que os justos devem se preocupar em andar nelas (Rm 2:7-10). Deus, de maneira imparcial (Rm 2:11),  julgará a todos de acordo com sua revelação, de modo que os que sem lei pecaram também perecerão sem a justificação e vice-versa (Rm 2:12).

            Portanto, não existem motivos para considerar nossos julgamentos como verdade absoluta ao observar que não se trata da posição que temos ou assumimos, importa como Deus nos vê: carentes dEle e de sua justiça, o que confirma que todos pecaram, segundo as Escrituras, e não conseguimos satisfazer sua justiça por nós mesmos. Esse é o julgamento que importa! Amém?

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Leonardo Gleygson