Em 1 Samuel 4 nos é contada a história de uma das batalhas entre o povo de Israel e os Filisteus. “Israel saiu à peleja contra os filisteus” (1 Sm 4.1). O primeiro confronto termina com uma baixa de 4000 homens para Israel (1 Sm 4.2). Após essa derrota inicial, o povo indaga: “E voltando o povo ao arraial, disseram os anciãos de Israel: Por que nos feriu o Senhor hoje diante dos filisteus?”. Essa pergunta revela o coração do povo naquele momento. Eles achavam que Deus era obrigado a abençoa-los.
Diante desse cenário, o povo tem a ideia de trazer a arca do Senhor, símbolo da presença de Deus no meio do seu povo, para a batalha: “Tragamos de Siló a arca da aliança do Senhor… para que nos livre da mão de nossos inimigos” (1 Sm 4:3). Eles achavam que a simples presença da arca seria suficiente para Deus estar com eles. Eles trataram a arca da aliança, que representava a glória de Deus e tipificava nosso precioso Senhor Jesus, como um amuleto, uma varinha de condão, que poderiam acionar a qualquer momento e fazer uma mágica que os garantiria vitória. No fundo, o povo queria controlar a Deus e usa-lo como um meio para seus fins.
Tais episódios mostram que coração do povo de Israel naquela época não era correto diante do Senhor. Isso é comprovado pela rejeição do governo de Deus sobre eles e pelo pedido de um rei humano, se assemelhando as nações pagãs ao redor, alguns capítulos depois (1 Sm 8). Eles confiavam na arca da aliança, mas se esqueceram do Deus da aliança e da aliança deles com Deus.
Também vemos a condição do coração do povo pela situação do sacerdócio na época. Os filhos de Eli tomavam das ofertas do povo ao Senhor e comiam (1 Sm 2.12-17). Eles também se deitavam com mulheres à porta da tenda da congregação (1 Sm 2.22). Um total descaso com o Senhor, com Sua lei e com a alta posição que eles ocupavam. Eli sabia do pecado dos filhos, mas não os confrontava com a energia devida e nem os impedia de pecar (1 Sm 2.22-26). As palavras de Deus para Eli são duras: “Por que pisastes o meu sacrifício e a minha oferta de alimentos, que ordenei na minha morada, e honras a teus filhos mais do que a mim, para vos engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo de Israel?” (1 Sm 2:29). A casa sacerdotal engordava às custas da casa de Deus ao invés de servi-lo.
O resultado dessa guerra foi trágico: “Então pelejaram os filisteus, e Israel foi ferido, fugindo cada um para a sua tenda; e foi tão grande o estrago, que caíram de Israel trinta mil homens de pé” (1 Sm 4:10). Trinta mil homens foram perdidos (bem mais do que os 4000 homens da primeira derrota). Além disso a arca da aliança foi levada pelos Filisteus e os filhos de Eli, Hofni e Finéias, foram mortos (1 Sm 4.11). Ao saber da arca, Eli se assusta, cai da cadeira e morre (1 Sm 4.18). Por fim, o neto de Eli nasce e a ele é dado o nome Icabode, que significa “De Israel se foi a glória!” (1 Sm 4:21). O nome desse menino resume a triste situação da nação eleita naquela época.
Muitas reflexões emergem dessa história: Como está nosso coração para com o Senhor? Enxergamos a Ele como um meio para nossos fins? Um amuleto, ao qual recorremos na dificuldade, mas com o qual não temos aliança? Será que temos tentado controlar seu poder, como fez o povo de Israel nesse episódio? Como está nosso compromisso com Ele? Jesus Cristo é Senhor de nossa vida? O povo de Israel lutou contra os inimigos externos, mas esqueceu de guerrear a principal batalha: A batalha contra o próprio coração pecaminoso. E esse coração errado para com o Senhor trouxe muitas dores para o povo de Israel. “Há caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte” (Pv 16:25).
Que Deus nos ajude ter um coração totalmente entregue a Ele, pois só Ele pode vencer nosso coração, cativa-lo, abençoa-lo e satisfaze-lo. George Matheson escreveu um lindo poema, e uma das frases é uma oração perfeita para a conclusão desse texto: “Meu coração é fraco e pobre até que encontra o seu mestre… Escraviza-o com Teu amor inigualável, e imortal ele reinará”. Que essa possa ser nossa oração!
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