Com o avanço da religião evangélica pelos quatro cantos da nação, é comum encontrarmos um sem número de fórmulas para ser e pensar a igreja, sejam essas litúrgica, estética ou operacionalmente. Todavia, com o desconhecimento e até mesmo com o desprezo de muitos líderes pela história da igreja, seus documentos confessionais e, principalmente, pelas Escrituras Sagradas como fonte primaz de autoridade sobre os cristãos, muitos destes caminhos adotados acabam sendo dúbios e confusos, e mais prejudicam do que edificam, mais confundem do que esclarecem.
É possível que encontremos hoje, vários grupos — principalmente de jovens, muito mais interessados no formato do que estão envolvidos, do que no conteúdo propriamente dito que estão consumindo e compartilhando, o que caracteriza um exercício oco da fé cristã; um exercício morto, disfuncional, preocupado exacerbadamente com coisas periféricas e cosméticas, que não geram vida por si mesmas, que envolvem e entretém por certo tempo, mas passam como num piscar de olhos. Não geram transformação real, confissão de pecados, arrependimento, maturidade cristã e uma nova cosmovisão.
Eu já quis muito que minha igreja fosse “cool”, tivesse um ambiente agradável, fosse descolada, tivesse um som bom, um belo palco, iluminação, uma galera de “mente aberta”, um layout moderno, uma banda sincronizada e uma mensagem que não abusasse tanto do evangeliquês. Entretanto, passei anos importando-me muito pouco com a mensagem que era pregada do alto do púlpito da minha comunidade. Conhecem aquele tipo que toca na banda e se acha importante demais para sentar-se humilde e atentamente no banco da igreja a fim de ouvir a Palavra de Deus através da pregação do pastor após o período de louvor? Este era eu. Uma vergonha.
Hoje continuo apreciando todas essas coisas que compõem as questões estéticas e operacionais da igreja, mas com uma diferença vital: se a igreja não for moderninha, se tiver um sonzinho sofrível e uma banda de um moço só no violão, e nem palco tiver. Se o povo for simples de tudo e mal souber falar o evangeliquês, mas a verdade do Evangelho for pregada fervorosamente e prezada seriamente pela congregação, ali estará um facho de luz radiante da glória da graça de Deus, que jamais deverá ser diminuído, substituído ou almejado menos do que todas essas outras coisas. Sem elas a igreja vive, sem o Evangelho a igreja morre.
Percebam que não existem problemas com a busca por excelência estética, funcional e operacional, muito ao contrário, o problema é idolatrá-las, é querê-las mais do que o fundamento da fé cristã. O problema é prezá-las mais do que o próprio Evangelho. O problema é deixar-se entreter tanto por todas essas outras coisas e nem ao menos perceber que o poder de Deus que reside em Seu Santo Evangelho está, inacreditavelmente, sendo prescindido das preocupações centrais da missão da igreja, com a qual devemos estar fundamentalmente comprometidos.
Ansiar por tudo quanto é periférico na igreja, prescindido assim do apreço pelo Evangelho, é um caminho de morte espiritual, que engana, distorce, inebria e dá a falsa impressão de engajamento e comunhão, quando na verdade, toda fonte de sustentação e poder real para a vida do seguidor de Jesus está sendo suprimida, negando a este uma transformação real, duradoura, consistente e, sobretudo, bíblica.
Minha oração é para que o Espírito Santo dê-nos discernimento para uma atuação e um engajamento bíblico em Sua igreja. Que Ele nos ajude a manter a essência da glória do Evangelho protegida e sempre presente como fundamento de cada ação que realizarmos, e que seja o poder de Deus contido neste Evangelho que nos leve a trabalhar em todas as outras áreas da vida da igreja, a fim de que Cristo e Sua mensagem revelada jamais deixem de ser o centro de tudo quanto pregamos e fazemos.
SIGA-NOS!