“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus”.
(I Coríntios 10.31)
Nós, sob o título de cristãos, temos a mania de dizer que não somos desse mundo. O que é verdade. Fomos comprados por um alto preço para sermos sal e luz, para sermos agentes de mudanças (todas baseadas e fundamentadas única e exclusivamente no amor oferecido por Cristo). Teoricamente (digo “teoricamente”, pois esse seria o ideal), nossos valores não são os mesmos da maioria ou, pelo menos, tendem a ser consideravelmente radicais, comparados a todos os sistemas que nos formam como indivíduos. Não estamos no Céu ainda, tudo não se fez novo e ainda temos obrigações e responsabilidades para cumprir nesta terra.
Ao longo dos anos, séculos e milênios, nossa percepção sobre a ‘vida aqui na terra’ foi distorcida. Aprendemos que existe separação entre o secular e o sagrado, entre o que é ‘de Deus’ e o que é ‘do mundo’. E, entre muitos desses elementos e instituições que foram corrompidos e distorcidos pelas nossas teorias e ideologias, estão o trabalho e os estudos. Em um contexto (no caso do Brasil), onde a desigualdade dita as regras, essas duas áreas da nossa vida levam a pior. Ou supervalorizamos a nossa profissão e as nossas conquistas acadêmicas ou as menosprezamos completamente, levando tudo de forma bastante medíocre. Além do mau testemunho que muitas vezes damos em nosso ambiente de trabalho e nas salas de aula, secretamente visamos crescer cada vez mais como profissionais e ‘doutores’ do que quer que seja, para o nosso próprio prazer e deleite, juntando riquezas e ganhando conhecimento que de nada servem no fim da vida (como diria Salomão no livro de Eclesiastes). Enquanto muitos fazem esforços homéricos para ganhar um nada, sem nem saber ler direito (por falta de oportunidade), nós, os ‘privilegiados’ desdenhamos dos presentes que recebemos (além do esforço dos nossos pais para pagar os nossos estudos e nos dar o que precisamos e desejamos).
Por outro lado, muitas vezes (ainda mais nós, jovens radicais revolucionários) dizemos que ‘se o presidente nem fez faculdade, porque eu tenho que fazer?’. É… É quase um bom argumento. Não entendemos que trabalhar e estudar são privilégios (ainda mais no nosso país miserável), além de ser a forma como ganhamos o nosso ‘pão diário’ e recebemos o nosso sustento (sem contar o dinheirinho para o lazer).
Não entendemos que, por meio do trabalho e do conhecimento adquirido em uma sala de aula (se bem aproveitado e filtrado corretamente), teremos mais ferramentas para encarar o sistema, promover mudanças (sociais, intelectuais, etc.) e ajudar o nosso próximo. Também esquecemos que Deus gosta de agir por meio das coisas mais simples e corriqueiras. Por exemplo: se você levar a sério as horas passadas em uma sala de aula, sem colar ou dormir muito enquanto o professor passa uma matéria ‘inútil’ no PowerPoint, certamente você estará (espera-se) mais capacitado para valorizar o seu diploma ou certificado. Além disso, tudo o que vivemos nesses dois ambientes, por estarmos constantemente lidando com pessoas, são oportunidades de espalhar e compartilhar o amor do nosso Deus, seja ajudando alguém a estudar para uma matéria que tenha mais dificuldade, seja pagando um lanche na hora do intervalo, seja andando ‘uma milha a mais’ para o seu chefe ‘complexo’, sem murmurações (pelo menos não muitas, vai!) e fazendo o melhor possível, por amor a Jesus.
Como Paulo recomenda em sua carta, devemos fazer TUDO para a glória de Deus. Não devemos encarar isso como uma obrigação, mas como uma forma a mais de agradecer e ‘devolver’ a Ele tudo que Ele nos dá diariamente, como fruto do seu amor.
Dentre muitas coisas que temos na nossa vida, o trabalho e os estudos são oportunidades de honrar o privilégio de recebermos a recompensa (o ‘salário’) antes mesmo de fazer qualquer coisa. Eles certamente são frutos da graça de Deus. E essa deve ser a nossa única e constante motivação.
Que assim seja!
Paula Pit
Capturado do CELVA
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