Se deixarmos de crer em Deus, a fidelidade dEle será alterada? Deus precisa das nossas injustiças e mentiras para que sua justiça seja mais evidente? Será que não estamos plantando espinhos e querendo colher flores? Não quero parecer duro, mas, independente das nossas opiniões ou práticas, as nossas injustiças e pecados não afetam a fidelidade e justiça de Deus, pois não podemos mudar quem Ele é. Mas temos reagido à tamanha graça?

No último post sobre o livro de Romanos, vimos que o julgamento que importa é o de Deus, pois é a Verdade, sendo seu juízo justo e todo homem indesculpável. Dando continuidade a nossa série de estudos, Paulo sabiamente responde as questões aqui levantadas e concorda que a justiça de Deus não depende do pecado do homem. Sem mais delongas, vamos ao texto:

Qual é logo a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque quanto ao primeiro as palavras de Deus lhes foram confiadas. Pois quê? Se alguns foram incrédulos, a sua incredulidade aniquilará a fidelidade de Deus? Em maneira nenhuma; seja sempre Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: para que sejas justificado em tuas palavras e venças quando julgares”. Romanos 3:1-4

 

Podemos imaginar aqui a continuação do cenário de um tribunal em que o apóstolo Paulo combate rumores ao seu respeito, de modo a antecipar perguntas que os judeus poderiam fazer para confrontar o Evangelho que se propusera a anunciar aos cristãos de Roma. Cabe ressaltar que alguns teólogos e pesquisadores indicam que os crentes romanos eram predominantemente formados por gentios, isto é, aqueles que não conheciam nem obedeciam à lei mosaica e não eram judeus. Por essa razão, ele busca expor a Verdade das Escrituras com ênfase na justiça para estabelecimento do relacionamento entre o homem e Deus, tanto para judeus quanto para gentios de uma forma cativamente confrontadora.

O trecho em destaque se inicia com um questionamento direcionado às possíveis vantagens dos judeus em relação aos gentios. Essas vantagens dizem respeito ao acesso à Palavra de Deus, pois lhe foi confiado, enquanto, povo escolhido (v.2). Entretanto, o que era para ser visto como motivo de arrependimento parece que estava virando pretexto de vanglória a ponto de eles chegarem a pensar que a salvação se dá pela lei ou pelas obras que o homem poderia fazer, enquanto alguns não creram e foram infiéis à Palavra de Deus (v.3). Mas nada disso muda a fidelidade de Deus (v.4).

Logo, as nossas ações não podem anular o agir de Deus, pois Ele independe de nós mesmos. Em outras palavras, Deus não precisa de nós nem dos nossos pecados! De modo similar, a resposta é mantida para as demais questões, a saber: de maneira nenhuma! Com o prosseguir do texto bíblico (leia Rm: 3:1-8), as perguntas e respostas são desenvolvidas e culminam na ideia de que a justiça de Deus é permanente e baseia-se unicamente nEle mesmo em sua plenitude e atributos.

Vemos ainda de forma clara que Deus não é injusto pela sua ira, uma vez que ele não precisa da injustiça do homem para demonstrar sua própria justiça (v.5-6), bem como, observamos adiante o argumento sendo refutado de que a verdade de Deus é mais nítida em contraste à mentira do homem e analogia ao quesito salvação pela graça no tocante a quem pratica males à espera de bens (v.8).  Para aqueles que consideram isso, a resposta de Paulo é direta: A condenação destes é justa!

Diante disso, a conclusão não é outra senão que tanto judeus como gentios (ou gregos) estão debaixo do pecado (v.9). Logo, não existem necessariamente vantagens pessoais para judeus nem gentios, pois todos estão debaixo do pecado e necessitam de Deus. Embora essa revelação tenha se dado de forma especial aos judeus, alguns rejeitaram essas verdades. E daí? Como será que temos reagido á Palavra de Deus hoje em dia?

Bem sabemos que o Senhor não faz acepção de pessoas, bem como não precisa do homem para demonstrar que Ele é Deus. Nós, pelo contrário, precisamos dEle, pois jamais conseguiríamos satisfazer a sua justiça pelos nossos méritos na tentativa de cumprir a lei. Em Cristo temos a possibilidade de comunhão com Ele. Que possamos não despreza-lo, mas viver para a glória dEle!