A madrugada avança, um delicioso vento gelado cortava as brancas areias daquela praia. Neste dia não havia estrelas, só nuvens, que ameaçavam uma leve garoa. O orvalho deixava tudo mais fresco.
Uma noite tão agradável que ele resolvera caminhar pela praia. Era nesse momento do dia que mais se sentia próximo de Deus. O Vento era como a doce voz do Pai soprando palavras aos seus ouvidos. A lua, mesmo que encoberta, o lembrava de como a Luz de Cristo nunca parava de brilhar. No silêncio da imensidão vazia ele sentia a presença de YAHWEH.Com seu moletom preto caminha lentamente na praia, sujando seu tênis de areia, e perdendo-se em meio a pensamentos que o levavam mais longe do que qualquer palavra poderia descrever. Olhos fechados a Lhe encontrar. Ali ele está só, mas não está sozinho. Que curioso.Talvez tenham se passado minutos, horas, ele nunca soube afirmar ao certo, mas o certo era que a maré baixara de uma forma surpreendente, o mar escuro se recolhera para junto dos corais coloridos, mas esqueceu-se das estrelas do mar. Aquela multidão de seres vermelhos, de cinco pontas, imóveis, esperando alguma ajuda.Ele ao olhar para elas sabe que, quando o sol raiar, todas morrerão secas, a alguns metros, centímetros, de distância da água. Uma tragédia. Ele institivamente começa a joga-las para o mar, uma a uma, sem vacilar.Parece até um louco, de tamanho empenho, vontade. Seu ritmo é frenético, não há tempo a perder. Ele não sabe que horas são exatamente. O dia tenta aparecer, mas a noite teima em permanecer ali.
Um senhor, já com seus 70 anos vem caminhando, barba longa, cabelos mais que brancos, uma mistura de Gandalf com Merlin. Sua sabedoria é percebida pelo seu andar, calmo, sereno e tranquilo. Mas é impossível não reparar naquele rapaz, com tamanha voracidade, como se fizesse aquilo por um prato de comida. Salvava cada estrela como se fosse sua própria vida que estivesse em jogo. O sábio ao olhar ficou intrigado, teria o rapaz enlouquecido e tentava repovoar o mar na esperança que elas aparecessem no céu? Curioso ele pergunta:- Rapaz, pra que tanto esforço, o que tá acontecendo?
– Meu velho, o dia já vem nascendo, a estrela do mar que estiver fora da água irá secar, secar, e morrer, estou tentando salva-las.O velho olha em sua volta, e não consegue encontrar o fim daquele amontoado de equinodermos pontiagudos. Com um ar de indiferença, quase de superioridade, tentando evidenciar a ignorância, e talvez até loucura, do jovem homem:- Você não percebe? É impossível salvar todas. Mais, é impossível salvar metade de todas elas. Talvez você consiga jogar uns 5% de volta pra água, mas acho que menos. É inútil esse esforço, imperceptível na verdade, só algum louco pra continuar com trabalho tão insignificante, não fará diferença.O rapaz levanta-se, é possível ver algumas lágrimas mancharem o rosto. Toma uma estrela-do-mar na mão, olha serenamente, mas com uma confiança que faria qualquer um balançar diante dele, e diz sem pestanejar:-Mas eu sei que pra está aqui eu fiz a diferença. E para está aqui também, e esta outra, e est…Antes que ele pudesse terminar de falar, ao mesmo tempo em que as arremessavas de volta para o lar delas, o sábio já está ao seu lado, ajoelhado, cabeça baixa, talvez chorando, isso não tenho certeza, jogando, uma por uma, de volta para a água, como um louco, mas finalmente percebendo, que não haveria atitude mais sabia.
– Meu velho, o dia já vem nascendo, a estrela do mar que estiver fora da água irá secar, secar, e morrer, estou tentando salva-las.O velho olha em sua volta, e não consegue encontrar o fim daquele amontoado de equinodermos pontiagudos. Com um ar de indiferença, quase de superioridade, tentando evidenciar a ignorância, e talvez até loucura, do jovem homem:- Você não percebe? É impossível salvar todas. Mais, é impossível salvar metade de todas elas. Talvez você consiga jogar uns 5% de volta pra água, mas acho que menos. É inútil esse esforço, imperceptível na verdade, só algum louco pra continuar com trabalho tão insignificante, não fará diferença.O rapaz levanta-se, é possível ver algumas lágrimas mancharem o rosto. Toma uma estrela-do-mar na mão, olha serenamente, mas com uma confiança que faria qualquer um balançar diante dele, e diz sem pestanejar:-Mas eu sei que pra está aqui eu fiz a diferença. E para está aqui também, e esta outra, e est…Antes que ele pudesse terminar de falar, ao mesmo tempo em que as arremessavas de volta para o lar delas, o sábio já está ao seu lado, ajoelhado, cabeça baixa, talvez chorando, isso não tenho certeza, jogando, uma por uma, de volta para a água, como um louco, mas finalmente percebendo, que não haveria atitude mais sabia.
Texto de Calebe Paranhos –
postado no Juventude na Rocha em 23/06/11 – As estrelas do Mar
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